Turquia aprova mudanças na Constituição em referendo

Oposição diz que alterações podem levar a 'revolução islâmica'; governo, que reforçam democracia.

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Por BBC Brasil
Atualização:

O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou neste domingo que o seu governo garantiu com folga a aprovação de um referendo sobre 26 mudanças na Constituição do país. Também segundo a imprensa turca, com 99% dos votos apurados, o governo teria conquistado 58% dos votos. Erdogan afirmou que os resultados provisórios indicam que quase 60% dos eleitores votaram a favor de alterações como limitação dos poderes das forças armadas e uma reorganização do Judiciário. O governo diz que as mudanças vão fazer a Carta Magna turca ficar mais parecida com outras constituições europeias. "Atravessamos um gargalo histórico no caminho de uma democracia avançada e do império da lei", afirmou Erdogan. Pesquisas de opinião anteriores ao voto indicavam um resultado bem mais disputado do que o que parece ter sido obtido, o que, segundo analistas, deve fortalecer o governo. Rota de colisão Em julho do ano que vem, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), de Erdogan, tentará emplacar o seu terceiro mandato na Turquia. O AKP frequentemente entra em rota de colisão com as mais altas instâncias da Justiça turca, que se consideram guardiões dos valores seculares no país. A oposição afirma que o governo de Erdogan, com fortes vínculos ao movimento político islâmico na Turquia, pode conquistar poderes que possibilitem influência exagerada sobre a Justiça. Alguns temem até que o AKP utilize a nova força para precipitar uma revolução islâmica no país. Por isso, o voto pelo "não" foi majoritário em regiões que temem os possíveis motivos religiosos do AKP. Mudanças A atual Constituição turca foi escrita há exatamente 30 anos por uma junta militar que tomou o poder em um golpe no dia 12 de setembro de 1980. De acordo com as mudanças, tribunais civis terão o direito de processar militares por crimes contra o Estado, enquanto militares dispensados ganharão direito a apelar contra a expulsão. O novo documento também deve reforçar a igualdade entre os sexos, além de proibir discriminação contra crianças, deficientes e idosos. Trabalhadores também terão direito a integrar mais de um sindicato, e a proibição de greves de fundo político será eliminada. No Parlamento, representantes que conquistaram cadeiras através do voto terão direito a permanecer na casa mesmo que o seu partido seja banido. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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