PUBLICIDADE

Ultraliberal Javier Milei convida defensora da ditadura argentina para ser sua vice nas eleições

A deputada Victoria Villarruel, conhecida por pedir o revisionismo histórico da ditadura, foi convidada para compor a chapa do Liberdade Avança para as eleições presidenciais, segundo jornais

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

BUENOS AIRES - O pré-candidato ultraliberal Javier Milei convidou a deputada Victoria Villarruel para ser sua vice na corrida pela presidência da Argentina, segundo jornais argentinos. O nome, porém, só deve ser anunciado oficialmente em 24 de junho, quando serão fechadas as listas de candidatos.

PUBLICIDADE

Villarruel é colega de partido do deputado e defende a revisão histórica da ditadura militar argentina, responsável pela morte e o desaparecimento de milhares de argentinos entre 1976 e 1983. Ela é filha do tenente-coronel reformado Eduardo Marcelo Villarruel, falecido em 2021, um veterano das Malvinas que foi preso em 1987 por se recusar a jurar a Constituição.

Milei já havia anunciado algumas semanas atrás que escolheria uma mulher para ser sua vice na chapa do partido Liberdade Avança, de direita radical. A equipe do candidato dizia que o nome escolhido para vice seria uma “grande surpresa”, o que não é o caso de Villarruel já que os dois são muito próximos. Ambos são membros do bloco que se classifica como libertário no Congresso Nacional e já foram colegas de lista em 2021 quando se candidataram como deputados por Buenos Aires.


Jornais argentinos dizem que Javier Milei convidou sua colega de bancada Victoria Villarruel para ser sua vice na disputa presidencial Foto: Reprodução/Twitter/@VickyVillarruel

“Quero estar no lugar que for mais útil para o país “, afirmou a deputada em entrevista ao LN+ na semana passada quando questionada sobre um possível convite. “Eu e Javier já nos escolhemos uma vez [em referência à lista de 2021]. Ele me escolheu, mas eu também o escolhi, porque não tinha sido a primeira proposta que recebi para entrar na política”. Os dois ingressaram na vida política ao mesmo tempo, em 2019.

A advogada de 48 anos é apontada como um perfil mais discreto no Congresso, mas com opiniões tão polêmicas quanto Milei. Ela questiona o número de desaparecidos da ditadura e já afirmou, sem provas, que “os terroristas que realizaram ataques nos anos 70 tomaram o poder, reescreveram a história e garantiram a impunidade”.

Se tornou conhecida em 2003, quando a Argentina revogou a lei de anistia aos militares e muitos foram novamente julgados. Naquela época ela fundou o Centro de Estudos Jurídicos sobre o Terrorismo e suas Vítimas (CELTYV, na sigla em espanhol), entidade dedicada ao estudo de atos cometidos por organizações armadas de esquerda.

Assim como Milei, ela se refere aos políticos tanto do governo quanto da oposição de “castas políticas”. Nas redes sociais, seu discurso foca na aumento da segurança e defende um fortalecimento da polícia. De acordo com os jornais argentinos, Villarruel é a ponte entre Milei e o partido de extrema direita da Espanha, Vox.

Publicidade

Atualmente a deputada preside o Partido Democrático da Província de Buenos Aires. Se for confirmada sua pré-candidatura para vice, a vaga do partido na disputa pelo governo da província ficará aberta.

Milei em crescimento

Desde o fim do ano passado, quando ficou explícita a disputa interna dentro das coalizões de governo e de oposição pelas eleições deste ano, Milei vem em um crescimento surpreendente. Uma nova pesquisa publicada nesta terça-feira, 9, pelo Clarín confirmou a tendência de crescimento do ultraliberal.

Na sondagem, que foi feita em abril, quando perguntados por quem votariam se eleição ocorresse naquele mês, 32% dos eleitores apontaram a coalizão opositora Juntos pela Mudança, seguido por 26% da aliança governista do Frente de Todos e 22% dos Libertários de Milei.

Mas o jornal argentino chama atenção para a tendência de queda dos dois primeiros enquanto os libertários saltaram desde o início de 2022. Quando foi feita a mesma pergunta em fevereiro do ano passado, 48% escolheram o Juntos pela Mudança, 27% o Frente de Todos 27% e 11% os Libertários.

PUBLICIDADE

Em um cenário de inflação crescente - com previsões de fechar o ano acima de 120% - e aumento da percepção de insegurança, Javier Milei tem ganhado espaço entre o eleitorado com um discurso antipolítica. Enquanto isso, a ausência de Cristina Kirchner na coalizão governista e de Mauricio Macri na aliança opositora tem deixado os cenários dentro do peronismo e do macrismo incertos.

Até junho, os partidos definirão quem serão seus candidatos a presidente e vice para disputar as Paso (Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias) em agosto. Neste primeiro pleito ficarão definidos os candidatos de cada coalizão para as eleições gerais de outubro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.