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Um terço das Farc voltou às armas, diz relatório

Relatório estima que número de dissidentes da guerrilha desmantelada em 2016 esteja hoje em torno de 2,3 mil, bem mais que os 300 que havia logo após o acordo de paz

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Por Redação
Atualização:

BOGOTÁ  - Cerca um terço dos combatentes da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), desmobilizada com o acordo de paz de 2016, voltou a pegar em armas, segundo relatório de inteligência militar confidencial citado pela Reuters

Membros das Farc perto de Medellín Foto: Federico Rios Escobar/The New York Times

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O relatório estima que o número de dissidentes das Farc atualmente esteja em torno de 2,3 mil, bem mais que os 300 que havia logo após o acordo. Depois que foi firmado o pacto, quase 13 mil membros das Farc, incluindo 6 mil combatentes, entregaram suas armas e encerram o conflito de 50 anos que matou mais de 260 mil pessoas e deixou milhões de deslocados. 

O relatório diz que havia 31 grupos dissidentes das Farc operando nas regiões de plantio de coca e em áreas de mineração ilegal de ouro. A Colômbia é o maior produtor mundial de cocaína. A estimativa dos combatentes dissidentes mostra um aumento de cerca de 30% com relação aos números oficiais de dezembro. 

“Se você olhar para onde esses grupos organizados estão ou onde eles aparecem, vê que estão associados ao crime: onde há presença de narcotráfico, mineração ilegal ou em áreas de fronteira, especialmente perto da Venezuela”, disse o general Luis Fernando Navarro, comandante militar da Colômbia.

O partido político formado pelas Farc após o acordo reclama da falta de oportunidades de integração dos ex-combatentes. O presidente colombiano, Iván Duque, tentou mudar os termos do acordo – que deram ao ex-presidente Juan Manuel Santos o Nobel da Paz –, porque eles seriam tolerantes demais com os guerrilheiros, que se envolveram em sequestro, tráfico de drogas, extorsão e assassinatos.

O relatório militar também mostra que o número de combatentes do Exército de Libertação Nacional (ELN), outra guerrilha de esquerda, aumentou quase 8%, para 2,4 mil, desde dezembro. O ELN manteve um diálogo de paz com o governo de Santos, mas Duque cancelou as negociações após um atentado em janeiro, em Bogotá, arquitetado pelo grupo.

Segundo o relatório, 45% dos combatentes do ELN operam hoje na Venezuela e recebem proteção do presidente Nicolás Maduro. O chavismo admitiu que o ELN atua no país, mas nega apoiar o grupo. “O ELN considera a Venezuela como sua retaguarda estratégica”, disse Navarro./ REUTERS

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