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Uma semana antes de atentados, FBI alertou Holanda sobre irmãos que atacaram Bruxelas

Ibrahim el-Bakraoui foi entregue às autoridades holandesas em julho depois de ser detido pela Turquia na fronteira com a Síria; por não estar em listas de combatentes, ele foi solto e entrou na Bélgica

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Por Redação
Atualização:

BRUXELAS - O FBI (a polícia federal americana) informou para a polícia da Holanda, seis dias antes do duplo atentado em Bruxelas, dos antecedentes penais e extremistas dos irmãos Ibrahim e Khalid el-Bakraoui, terroristas suicidas que explodiram bombas no aeroporto e no metrô da capital da Bélgica na semana passada, informou nesta terça-feira, 29, a agência holandesa "ANP".

Em carta na qual responde a 166 perguntas da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o ministro da Justiça da Holanda, Ard van der Steur, afirmou que o FBI informou à sua polícia em 16 de março, e um dia depois foram estabelecidos "contatos entre os serviços policiais da Holanda e da Bélgica".

Grande contingente de policiais e soldados está nas ruas de Bruxelas desde os ataques da semana passada Foto: AP Photo/Geert Vanden Wijngaert

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O FBI informou a Holanda do "histórico penal" de Ibrahim, um dos dois terroristas que se suicidaram no aeroporto internacional de Zaventem, e dos "antecedentes radicais e terroristas" de Khalid. Ibrahim e Khalid faziam parte de uma lista dos serviços de inteligência americanos, que os classificaram de "ameaça potencial", informou na semana passada a emissora "NBC".

Em sua resposta aos deputados, Van der Steur afirmou que pretende pedir aos americanos que compartilhem melhor a informação sobre suas listas negras e de vigilância, publicou a "ANP". A Holanda quer poder consultar livremente a lista dos EUA sobre combatentes estrangeiros na Síria, já havia afirmado o ministro da Justiça holandês semana passada.

O governo do primeiro-ministro, Mark Rutte, tem que se explicar hoje no parlamento holandês pelo caso de Ibrahim el-Bakraoui, assim como o primeiro-ministro belga fará na câmara em Bruxelas, depois de a Turquia ter avisado os dois países da detenção e da entrega dele à Holanda em 14 de julho.

Holanda e Bélgica argumentaram que a Turquia não os comunicou a tempo dos motivos da expulsão de Ibrahim após ser detido na fronteira turco-síria, o que a Turquia rebateu, garantindo ter informado que era um combatente estrangeiro.

Ibrahim não estava registrado pelas autoridades holandesas, nem em nenhuma lista internacional, por isso pôde atravessar da Holanda à Bélgica sem ser detectado, disse Van der Steur. O ministro de Interior belga, Jan Jambon, acusou na semana passada a polícia da embaixada belga em Istambul de ter sido negligente com a informação turca. 

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Acesso. Dois dos colaboradores de Salah Abdeslam, detido há dez dias na Bélgica por seu papel nos atentados de 13 de novembro em Paris, passaram pela Grécia, publicou a imprensa local com BASE em informações da polícia.

Sofiane Ayari, detido junto com Abdeslam en 18 de março na operação antiterrorista da polícia belga em Molenbeek, e Naeem Al-Hamed - ainda foragido - teriam usado a rota grega para acessar a Europa. Hamed também teria participado, segundo a imprensa belga, do atentado de semana passada no aeroporto de Bruxelas.

Ambos entraram na Europa em 20 de setembro de 2015 através da ilha grega de Leros usando passaportes sírios falsos. Dias depois viajaram, segundo a polícia, ao porto ateniense do Pireo e de lá seguiram viagem para a Europa central, onde se reuniram com Abdeslam na noite de 2 para 3 de outubro de 2015 na cidade alemã de Ulm.

Abdeslam, por sua vez, chegou em agosto de barco a Patras, na Grécia ocidental, desde o porto italiano de Bari, e voltou à Itália dias depois pelo mesmo caminho.

Fontes policiais gregas citadas pela imprensa confirmaram que o suicida do metrô de Bruxelas, Khalid el-Bakraoui, viajou em 23 de agosto de 2015 de avião da capital belga à cidade italiana de Treviso, e de lá foi do aeroporto de Veneza a Atenas, em um voo da companhia de baixo custo Volotea.

Nessa viagem El-Bakraoui utilizou documentos belgas e não foi considerado suspeito pelas autoridades italianas nem pelas gregas. / EFE