Centenas de venezuelanos liderados pelo prefeito de Chacao, Leopoldo López, marcharam ontem pelas ruas de Caracas para protestar contra a decisão da Suprema Corte da Venezuela que ratificou uma lista de 272 candidatos impedidos de disputar as eleições municipais e estaduais de novembro. A lista foi apresentada em fevereiro pelo promotor da República, general Clodosbaldo Russian, aliado do presidente venezuelano, Hugo Chávez, e inclui muitos opositores - entre eles López. Russian alega que os candidatos são suspeitos de corrupção. Líderes da oposição, contudo, afirmam que a interdição viola a Constituição venezuelana, que garante os direitos políticos de todos os cidadãos - mesmo os processados por algum crime, se a sentença final ainda não tiver sido anunciada. Nenhum dos políticos da lista foi formalmente condenado. "A Suprema Corte tomou uma decisão contra os cidadãos que é um atentado contra a Constituição", afirmou López, o mais popular dos candidatos que tiveram seus direitos políticos cassados. Ontem, os manifestantes marcharam até a sede da Promotoria, gritando palavras de ordem como "liberdade". Uma barreira policial impediu que eles entrassem no edifício e o protesto acabou sendo dispersado com bombas de gás lacrimogêneo. Cilia Flores, presidente da Assembléia Nacional da Venezuela, apoiou a decisão da Suprema Corte, dizendo que ela refletiu o desejo dos "cidadãos" de lutar contra a "impunidade". Chávez defende a decisão de barrar os candidatos, como parte da luta contra a corrupção. Em meados do mês passado, milhares de venezuelanos participaram de manifestações em Caracas, exigindo que a Suprema Corte revogasse a lista dos vetados.