Xi defende Exército como ‘grande muralha de aço’ e enfatiza rivalidade com o Ocidente

Xi Jinping discursou no fechamento da reunião anual do Partido Comunista Chinês, que confirmou seu terceiro mandato como líder da China

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Por Redação

PEQUIM - Em seu primeiro discurso depois de ser confirmado para um terceiro mandato como líder da China, Xi Jinping intensificou nesta segunda-feira, 13, seu confronto com o Ocidente, em especial os Estados Unidos. Ele prometeu modernizar as Forças Armadas chinesas e transformar os militares em uma “grande muralha de aço” com objetivo de proteger a soberania nacional em meio a crescente tensões com Washington.

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Seu discurso ocorreu ao final da reunião anual do Partido Comunista Chinês, que durou oito dias e teve como foco tratar da autossuficiência chinesa em temas de ciência e tecnologia. Na sexta-feira, 10, o Congresso Nacional do Povo, confirmou a reeleição de Xi Jinping como líder e elevou seu tenente Li Qiang a função de número dois do partido.

Depois de sua confirmação simbólica ao cargo, já que não havia concorrentes na disputa de outubro, Xi prometeu “transformar os militares em uma grande muralha de aço que proteja efetivamente a soberania nacional, a segurança e nossos interesses de desenvolvimento”. E acrescentou: “a segurança é a base do desenvolvimento, e a estabilidade é o pré-requisito para a prosperidade.”

O presidente chinês Xi Jinping aplaude na cerimônia de encerramento do Congresso Nacional do Povo Chinês em 13 de março de 2023 Foto: Andy Wong/AP

“Com a fundação do Partido Comunista da China e depois de um século de luta, nossa humilhação nacional foi apagada e o povo chinês se tornou dono de seu próprio destino”, disse Xi aos cerca de 3.000 delegados no Grande Salão do Povo, em Pequim. Ele se referia ao período até o início do século 20, quando a China foi dividida pelas potências coloniais, uma época que Pequim chama de “século da humilhação”.

Xi, de 69 anos, se tornou o governante mais poderoso em gerações na China quando o partido ratificou sua continuação por mais cinco anos como presidente do país mais populoso do mundo. Ele agradeceu pela nomeação e prometeu tomar as necessidades do país como sua missão, e os interesses do povo como sua régua.

Ele também pediu a consolidação da estabilidade em Hong Kong e a reunificação com a ilha autogovernada de Taiwan, que Pequim considera parte de seu território. “A confiança do povo é a maior força que me impulsiona, e é também uma grande responsabilidade sobre meus ombros”, acrescentou. “O grande renascimento da nação chinesa está em um caminho irreversível”.

Autossuficiência em tecnologia

A reunião do partido teve como foco a busca por maior autossuficiência e força em ciência e tecnologia, em meio aos bloqueios americanos ao acesso da China a equipamentos de fabricação de chips e outras tecnologias de ponta.

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A autossuficiência tem sido uma das principais prioridades de Pequim, mas a deterioração dos laços com Washington, enfatizada pelos recentes controles de exportação destinados a cortar o acesso da China à tecnologia que poderia ajudar seu programa militar, tornou ainda mais urgente.

O Presidente da China Xi Jinping e outros líderes chineses participam da reunião de encerramento da primeira sessão do 14º Congresso Nacional do Povo no Grande Salão do Povo em Pequim Foto: Huang Jingwen/Xinhua/EPA/EFE

Durante anos, o governo pressionou para que o país se tornasse uma potência tecnológica global, investindo na capacidade de fabricação em setores importantes, como semicondutores e inteligência artificial. Mas em áreas cruciais, como chips ultrapequenos, as empresas chinesas não conseguiram igualar os avanços em outros lugares. Muitos dos campeões nacionais do país em supercomputação, semicondutores e 5G foram colocados na lista negra de Washington.

Em raras observações criticando diretamente os EUA, Xi disse em uma reunião em 6 de março com um grupo comercial que as empresas privadas devem “desempenhar um papel maior na promoção da autossuficiência e aperfeiçoamento em ciência e tecnologia para combater a contenção e repressão dos EUA.”

Guerra na Ucrânia

Em meio a pressões ocidentais para que a China tome um partido na guerra da Ucrânia e após tentativas de Pequim de moldar um acordo de paz entre as partes, Xi Jinping deve visitar o presidente russo, Vladimir Putin, segundo a agência Reuters.

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Citando fontes familiarizadas com o assunto, a agência diz que o encontro pode ocorrer até antes do esperado. Putin chegou a dizer no mês passado, durante uma visita do chanceler chinês, Wang Yi, à Moscou, que uma visita de Xi já estava planejada, mas sem entrar em detalhes. Mais tarde, o Wall Street Journal informou que a visita poderia ocorrer entre o fim de abril e início de maio.

A tentativa de encontro entre Xi e Putin ocorre quando Pequim tentar mediar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, em um plano que foi visto com ceticismo pelo Ocidente, já que a China possui relações fortes com Moscou.

Nesta segunda-feira, o Wall Street Journal disse que o líder chinês também deve conversar por ligação com o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, logo após voltar da Rússia. Esta seria a primeira conversa entre Xi e Zelenski desde o início da guerra./AFP e W.POST

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