Com 'Encanto', Stephanie Beatriz encontra mais uma voz

Atriz também esteve em 'Brooklyn Nine-Nine' e 'Em Um Bairro De Nova York' e dublou as animações 'Maya e os 3 Guerreiros', 'Bob's Burgers' e 'BoJack Horseman'

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Por Carlos Aguilar
Atualização:

A atriz Stephanie Beatriz se despediu do papel memorável da detetive casca-grossa de Brooklyn Nine-Nine em setembro, quando o bem-sucedido seriado de comédia chegou ao fim depois de oito temporadas. "Ficarei feliz se meu nome estiver sempre ligado ao de Rosa Diaz. É uma honra", disse ela sobre um dos personagens favoritos do público.

Stephanie Beatriz dublou Mirabel, do novo filme da Disney 'Encanto', também esteve no filme'Um Bairro de Nova York' e na série 'Brooklyn Nine-Nine'. Foto: Kalpesh Lathigra/The New York Times

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Contudo, 2021 foi, em grande parte, um ano de recomeços para a atriz de 40 anos. Em meados deste ano, ela foi Carla, uma das funcionárias de um salão de beleza na adaptação cinematográfica do musical de Lin-Manuel Miranda Em Um Bairro De Nova York. E também se tornou mãe.

Sua voz, uma habilidade que começou a desenvolver desde que ela e a irmã fingiam apresentar um programa de rádio com um gravador Fisher-Price, também é um aspecto constante de seu trabalho, mais recentemente na aclamada série limitada de animação da Netflix Maya e os 3 Guerreiros.

Uma autobatizada "adulta da Disney" - sua despedida de solteira foi na Disneylândia - Beatriz ficou radiante quando foi escalada para dublar Mirabel, a heroína latina do sexagésimo longa de animação do estúdio, Encanto, ambientado na Colômbia. Tornar-se parte do legado de contos mágicos que cresceu assistindo (A Bela Adormecida é um dos favoritos), em uma aventura sobre a terra natal de seu pai, a surpreendeu. "É muito bizarro quando o sonho se torna realidade."

Por telefone, de Londres, com seu recém-nascido ao seu lado, a atriz falou sobre como encontrou a voz de Mirabel e relembrou seus seriados de animação favoritos da época em que era criança. Aqui estão trechos editados da conversa.

Você nasceu na Argentina, filha de pai colombiano e mãe boliviana, e cresceu no Texas. Como vê sua identidade latina?

Eu me sinto como uma latino-americana, ou seja, há coisas a que me apego e que parecem especificamente americanas em minha latinidade, como meu amor por Selena [Quintanilla] e pela música country, porque cresci no Texas. Mas há coisas que parecem ser especificamente bolivianas e colombianas, e há coisas que parecem muito com a minha experiência como imigrante, já que moro aqui desde meus dois anos. O que mais me identifica com Mirabel é seu sentimento de não pertencimento. Isso reflete minha própria identidade nos Estados Unidos.

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Conte-me sobre o processo de encontrar e criar a voz de Mirabel para Encanto.

Primeiramente, pensei que ela deveria soar mais jovem e pensei em usar um tom mais alto. Mas os diretores me incentivaram a fazê-la parecer mais madura. Discutimos como ela sempre teve de cuidar de si mesma porque há tantas estrelas em sua família. Cabe a ela se certificar de que suas necessidades estão sendo atendidas e, com isso, vem a maturidade. Ao mesmo tempo, ela é brincalhona. Ao contrário de tantos heróis da Disney, não tem um ajudante para guia-la durante a história. Mirabel às vezes é a ajudante e a terapeuta da família. Ela faz uso da comédia o tempo todo. Não há outro personagem fazendo ou contando piadas. É sempre Mirabel, e isso foi muito libertador e divertido.

Mirabel Madrigal é a única da família que não foi abençoada com poderes mágicos. Foto: Disney

Você encontrou uma carreira na dublagem ao trabalhar em seriados animados populares como Bob's Burgers e BoJack Horseman. O que mais gosta nesse tipo de trabalho?

O trabalho de voz é um dos únicos em que a aparência realmente não importa, ou seja, de repente, pode ser um tucano, uma princesa ou um monstro. Seu rosto não é a parte mais importante e sua imaginação não tem limites. Na cabine de gravação, você fecha os olhos e segue a orientação dos animadores e do diretor. Tive muita sorte de isso ter sido uma grande parte do trabalho que faço, além do que, foi algo que pude continuar fazendo nos últimos dois anos durante a pandemia.

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O que mais te motivou na hora de dar voz a Chimi, personagem com um passado traumático, no épico de animação ambientado na Mesoamérica de Jorge R. Gutiérrez, Maya e os 3 Guerreiros?

Jorge é um criador generoso. Largaria qualquer coisa a qualquer momento para trabalhar com ele novamente. Há muita dor em Chimi, que foi algo que me atraiu tanto para fazer Maya quanto Encanto. As pessoas subestimam a capacidade das crianças de acessar e compreender as próprias emoções. Prestamos a elas um péssimo desserviço quando as menosprezamos. Não pensamos nelas como tendo uma mente incrível. De maneiras diferentes, ambos os projetos abordam isso, dizendo que as crianças são capazes de nomear, discutir e transitar por emoções muito adultas, porque, no fim das contas, são simplesmente emoções humanas.

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