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Governo americano dificulta contratação de trabalhadores estrangeiros

A burocracia para a concessão de vistos de trabalho é um obstáculo para a chegada de mão de obra especializada

Por Nelson Schwartz e Steve Lohr
Atualização:

O governo Trump está utilizando a enorme e nem sempre transparente burocracia da imigração para restringir o fluxo de trabalhadores estrangeiros nos Estados Unidos, e criando novos obstáculos para limitar as chegadas legais.

O governo atualmente nega novos vistos de trabalho, exige que os candidatos forneçam mais informações e adia as aprovações mais frequentemente do que acontecia um ano atrás. Hospitais, hotéis, companhias de tecnologia e outras empresas contaram que encontram grande dificuldade para preencher as vagas com a mão de obra estrangeira de que necessitam.

Uday Verma e a esposa, Anamika Chandel, decidiram sair de Iowa depois de 12 anos e mudar-se para Toronto, onde Verma trabalhará para uma empresa de software. Foto: Elizabeth Cecil para The New York Times

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No laboratório de patologia da Northwell Health em Nova York, o cubículo de uma médica está vazio, o seu computador e microscópio permanecem intocados. Outros residentes começaram no dia 1.º de julho, mas ela continua parada no estado de Punjab, na Índia, retida por inexplicáveis atrasos na concessão do seu visto.

Executivos americanos temem perder talentosos engenheiros e programadores para países como o Canadá, que recebem de braços abertos os trabalhadores especializados estrangeiros.

O presidente Donald J. Trump anunciou recentemente que pretende reduzir o número de refugiados que têm a permissão de ingressar nos Estados Unidos no próximo ano a 30 mil, uma redução recorde. No ano passado, ele assinou um decreto em que insiste “Comprem produtos americanos e contratem americanos”.

Os Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos afirmaram que o governo pretende fazer reformas que permitam avançar para um “sistema baseado no mérito”. Mas segundo as empresas, o aumento da burocracia dificultou consideravelmente a concessão de vistos baseados em um emprego.

Uma análise da National Foundation for American Policy, grupo de pesquisa não partidário, mostrou que a taxa de recusa aos pedidos de visto a trabalhadores estrangeiros especializados subiu 41% no quarto trimestre do exercício fiscal de 2017, em comparação com o terceiro trimestre.

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Os hospitais afirmam que precisam de médicos estrangeiros porque eles estão mais dispostos do que os americanos nativos a aceitar salários mais baixos em campos como medicina interna e da família. Dos 1826 médicos residentes do Northwell, 165 estão “under visa” (com o visto vencido???).

Neste verão, Rob Hurst, 65, teve de limpar toaletes e banheiras no hotel que ele gere em Massachusetts. Cinco trabalhadores jamaicanos que trabalharam muito tempo no hotel não conseguiram os vistos sazonais para voltar.

Por outro lado, os trabalhadores estrangeiros estão ficando cada vez mais frustrados. Uday Vema vai deixar os EUA depois de viver 12 anos em Iowa, onde se formou em ciência da computação e trabalhava para uma empresa de tecnologia.

Verma, 37, emigrou da Índia, e renovou o seu visto enquanto aguardava inutilmente a permanência, também conhecida como Green Card. Ele, a esposa e o filho de 9 anos pretendem se mudar para Toronto, onde ele tem a possibilidade de aproveitar da iniciativa da Global Talent Stream que o governo canadense criou no ano passado.

A iniciativa permite que as companhias garantam rapidamente os vistos aos trabalhadores com especializações vitais. Verma recebeu um visto em duas semanas, e poderá obter a residência permanente em seis meses aproximadamente.

A sua empregadora, a fabricante de software Kira Systems, tem 115 funcionários. Noah Waisberg, um dos fundadores, contou que a metade da sua equipe técnica vem da China, Índia, Rússia e de outras nações.

“Considerando o clima nos Estados Unidos agora”, afirmou, “isto certamente nos ajudou a contratar”.

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