Socorro! Como recuperar meu desejo sexual?

Conselhos sobre como restaurar um declínio no desejo sexual

PUBLICIDADE

Por Christina Caron
5 min de leitura

THE NEW YORK TIMES LIFE/STYLE - Existem tratamentos comprovados para baixa libido em mulheres?

“Comprovado” é uma palavra forte - e que não agrada aos cientistas. Mas é seguro dizer que há “evidências muito fortes” para aumentar o desejo sexual por meio de certos tipos de intervenções psicológicas, como terapia cognitivo-comportamental e meditação mindfulness, disse Lori A. Brotto, psicóloga e professora da Universidade da Colúmbia Britânica, em Vancouver, e uma renomada especialista em saúde sexual da mulher.

Quando se trata de medicamentos, no entanto, é outra história.

Nos últimos anos, dois novos medicamentos para mulheres com baixa libido foram aprovados pelaagência sanitária americana (FDA), “embora sua eficácia seja marginalmente melhor do que um placebo”, disse Stacy Tessler Lindau, ginecologista do centro médico da Universidade de Chicago e criadora do WomanLab, um site sobre saúde sexual.

Esses medicamentos, flibanserina (uma pílula) e bremelanotide (uma injeção que é autoadministrada cerca de 40 minutos antes da atividade sexual), foram aprovados para o “pequeno subconjunto de mulheres” que estão na pré-menopausa, têm baixa libido e não têm nenhum sinal identificável de problemas físicos, mentais ou de relacionamento, disse Stacy. “Elas podem ter um benefício modesto, mas isso também vem com efeitos colaterais e custos”, acrescentou. “Até agora, a cobertura do seguro foi limitada.”

Segundo especialistas, condições não tratadas como depressão e ansiedade também podem ser problemáticas para a libido da mulher. Foto: Aileen Son/The New York Times

No final, a solução mais benéfica dependerá do motivo pelo qual você está com baixa libido e por que considera sua libido um problema. Converse com um médico para descartar quaisquer novos problemas de saúde.

Continua após a publicidade

Para as mulheres mais velhas, a perda de estrogênio durante a menopausa é comumente associada a uma mudança na libido porque pode causar secura e aperto vaginal que podem tornar a relação sexual dolorosa. Algumas mulheres também acham mais difícil ficar excitadas. E quando a menopausa é acompanhada por ondas de calor e suores noturnos, isso também pode tornar o sexo menos atraente.

Condições não tratadas como depressão e ansiedade também podem ser problemáticas para a libido. No entanto, alguns medicamentos, incluindo certos antidepressivos, demonstraram afetar negativamente o desejo sexual, a excitação e o orgasmo. Portanto, é melhor falar com seu médico sobre todas as opções disponíveis.

Certos procedimentos médicos também podem diminuir a libido, por exemplo, se uma mulher teve seus ovários removidos ou seu estrogênio bloqueado para tratar o câncer.

“Quando possível, substituir o estrogênio pode ser um complemento útil para tratar a baixa libido em algumas mulheres”, disse Stacy, assim como lubrificantes, exercícios e conversas com um terapeuta.

O hormônio testosterona também pode melhorar a função sexual em mulheres na pós-menopausa que estão angustiadas por uma perda crônica de interesse em sexo, mas há dados limitados sobre sua segurança e eficácia.

Muitas vezes, os problemas com a libido não são puramente físicos. O estresse é uma das razões mais comuns pelas quais o desejo sexual de uma mulher cai, dizem os especialistas. A baixa libido também pode resultar de problemas de energia e sono, imagem corporal, qualidade do relacionamento, desigualdades de gênero e outras preocupações.

“Eu encorajaria as pessoas que se queixam de baixo desejo e aquelas que ouvem as queixas a pensar em todas as influências que existem no desejo, incluindo os corpos e fora deles”, disse Sari van Anders, professora que estuda sexualidade e testosterona na Queen’s University, em Ontário. “O desejo não vem apenas de um impulso dentro de nossos corpos, ele reflete e responde a todos os tipos de vida e situações sociais.”

Continua após a publicidade

Um artigo de jornal escrito no ano passado pela Dra. Sari, Dra. Lori e outros sugeriu que quatro fatores, cada um deles influenciado pelas expectativas sociais das mulheres, contribuem para o baixo desejo sexual experimentado pelas mulheres em relacionamentos heterossexuais. Divisões desiguais do trabalho doméstico, a tendência de as mulheres assumirem um papel de cuidadora de seus parceiros masculinos, a ênfase na aparência de uma mulher sobre seu próprio prazer sexual - o que pode tornar seus próprios sentimentos de desejo contingentes à sua percepção do desejo - e normas de gênero que influenciam qual parceiro inicia o sexo. Por exemplo, as mulheres normalmente não são socializadas para iniciar o sexo ou priorizar seu próprio prazer, e podem se sentir desconfortáveis experimentando ou iniciando prazer não relacionado à penetração.

O artigo também observou que “baixo desejo” pode significar coisas diferentes para pessoas diferentes. Algumas pessoas querem sexo mais do que outras, e é normal que o desejo sexual flutue ao longo dos anos. Os especialistas sugerem perguntar a si mesmo: você está insatisfeito com a quantidade de sexo que deseja? Se sim, por quê?

“O baixo desejo erótico não é um problema em si mesmo, a menos e até que parceiros, profissionais de saúde, mídia e/ou cultura o transformem em um”, disse a Dra. Sari. “Um caminho promissor a seguir é considerar que o baixo desejo pode refletir um problema, para aqueles que não são assexuados, em vez de ser um problema em si.”

Por exemplo, algumas mulheres podem estar preocupadas não com sua própria falta de desejo, mas com uma incompatibilidade entre sua libido e a libido mais alta de um parceiro.

“Se o desejo discrepante do casal está criando um problema para o relacionamento, então uma terapia sexual para casais se justifica”, disse a Dra. Lori.

Se a terapia não for possível - talvez você não consiga encontrar um terapeuta com vagas ou um que seja acessível - então a Dra. Lori sugeriu conversar com seu parceiro sobre o planejamento de fazer sexo durante os momentos em que a pessoa com menor desejo se sente mais pronta para fazê-lo, e aumentando a quantidade de atividades sexuais que não envolvem penetração. Essas atividades podem ser mais propensas a proporcionar prazer à pessoa que tem menos desejo.

E aqui está outra coisa a ter em mente: sentir que não está com vontade não significa necessariamente que você tenha menos desejo ou que seu nível de desejo seja insuficiente. Nem todos experimentam desejo, depois excitação. Algumas pessoas precisam ser primeiro excitadas para experimentar o desejo.

Continua após a publicidade

“A libido tem sido historicamente equiparada ao desejo sexual espontâneo - aquela sensação de querer sexo que acontece do nada”, disse Lori. “É muito menos comum do que o desejo responsivo - o tipo de desejo que está presente após o início de um encontro sexual.”

Se você tende a sentir primeiro a excitação física e depois o desejo mental, não espere apenas o desejo repentino de fazer sexo.

Em vez disso, reserve um tempo para a intimidade e prepare-se para se colocar na mentalidade certa para se conectar fisicamente com seu parceiro. Isso pode envolver tirar um tempo do seu dia para pensar em sexo, masturbar-se, ouvir uma playlist que faz com que se sinta no clima ou assistir a um filme que o excita.

Converse com seu parceiro sobre os diferentes tipos de desejo (espontâneo versus responsivo) e as coisas específicas que o ajudam a entrar no clima. Dessa forma, seu parceiro também estará pensando em como ajudá-lo a criar sentimentos de desejo, em vez de apenas esperar o desejo surgir. Quanto mais vocês entenderem e responderem às necessidades um do outro, melhor será sua vida sexual.

Finalmente, estar atento - uma prática que ajuda você a lembrar de voltar ao presente quando se distrair - pode ser especialmente útil quando você está pensando em sexo ou se envolvendo em uma atividade sexual.

“Voltar a atenção para o momento presente é muito importante para a conexão cérebro-corpo que dá lugar à resposta sexual”, disse Lori. / TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES