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Após Napster, Shawn Fanning teve trajetória reclusa

Criador do programa que mudou a indústria da música, americano criou startups e foi investidor-anjo do Uber; agora, prepara projeto que quer ‘conectar grandes áreas’

Por Bruno Capelas
Atualização:
Shawn Fanning manteve perfil mais discreto após o Napster Foto: Lou Dematteis/Reuters

A história do Napster – assim como a de outros produtos que mudaram os rumos da tecnologia – é a história de uma dupla: Sean Parker e Shawn Fanning. O primeiro era o homem dos negócios; o segundo, o gênio da programação. Depois que o programa de compartilhamento de mp3 foi desativado, Parker enveredou pelo Vale do Silício. Tornou-se investidor e até um dos primeiros gurus de Mark Zuckerberg no Facebook, chegando a presidir a rede social por um breve momento. No cinema, foi interpretado pelo galã Justin Timberlake. Já Shawn Fanning tentou sempre voar debaixo do radar. 

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Também, pudera: com apenas 21 anos, o rapaz que largou a Universidade Northeastern foi capa de revistas, virou celebridade e se tornou o inimigo nº 1 de uma das principais indústrias de mídia do mundo. Isso para não falar na perseguição que sofreu do Metallica – banda que comprou briga aberta com o Napster (e acabou sendo execrada pelos fãs por conta disso). 

Foi exposição para uma vida inteira – hoje, é difícil encontrar até entrevistas recentes de Fanning. Nas comemorações de 20 anos do Napster, ele não se pronunciou. No Facebook, um perfil com o nome de Fanning tem apenas uma foto abraçado a uma moça – é possível reconhecer seu rosto apenas de lado. Profissionalmente, sua trajetória também prima pela discrição, mas tem pontos interessantes.

Alta atividade

Após o Napster, Fanning criou algumas coisas por aí. A primeira foi uma tentativa de limpar sua barra com a indústria fonográfica: o Snocap, uma plataforma que licenciava e administrava direitos digitais sobre gravações. 

Depois, veio o Rupture, uma espécie de rede social para fãs de games, comprada pela Electronics Arts em 2009 por US$ 15 milhões. Antes de ser vendida, a empresa teve investidores como Joi Ito, o diretor do influente MIT Media Lab. Com a venda, Fanning fez seu primeiro “dinheiro grande” na vida, depois que os dólares que ganhou com investimentos no Napster acabaram sendo consumidos por processos. 

Parte do dinheiro foi usado pelo americano para apostar em algumas ideias nascentes no Vale do Silício. Duas delas se tornaram negócios globais: o serviço de pagamentos Square, criado pelo ex-Twitter Jack Dorsey, e o Uber. (Não há notícias, porém, de que Fanning tem ainda suas ações das duas empresas). O Rupture, porém, não foi a única rede social que ele criou – em 2010, foi a vez do Path, uma espécie de Instagram antes de seu tempo, misturando compartilhamento de fotos e mensagens instântaneas. 

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No ano seguinte, Fanning e Parker voltaram a se reencontrar em um negócio: o Airtime, uma espécie de serviço de chat de vídeo pela internet com gente estranha – ao entrar na plataforma, o algoritmo da empresa sempre jogava o usuário para bater um papo com uma pessoa desconhecida. (Parker havia acabado de ser “chutado” por Zuckerberg do Facebook – quem viu A Rede Social se lembra da história). A promessa era boa, mas deu tudo errado: no evento de lançamento, lotado de celebridades (como Ashton Kutcher, um dos “anjos da empresa), a demonstração do sistema não funcionava.

Retorno

Agora, Fanning prepara um novo retorno: está previsto para semana que vem o lançamento de seu novo projeto, Helium. É um conceito complicado, mas que, se funcionar, pode ser revolucionário: a construção de redes de Wi-Fi públicas “descentralizadas”, em que cada usuário pode controlar um roteador próprio e até mesmo ganhar pela transmissão de dados em sua região – em seu site, o projeto promete que um roteador consegue enviar e receber sinal de internet a dispositivos inteligentes em um raio de 100 milhas quadradas. 

Pode ser uma solução importante para conectar áreas afastadas ou até mesmo grandes fazendas. Não à toa, a startup exibe em seu site o apoio de grandes marcas, como Nestlé, Capgemini e AstraZeneca. O Estado entrou em contato com a assessoria de imprensa do projeto para entender o assunto – e tentar falar com Fanning, claro. “Ele está super focado no lançamento e não pode falar”, respondeu a assessoria. Recluso, mais uma vez – mas quem sabe o que pode sair dali? Cenas para os próximos capítulos. 

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