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Facebook revela que dados de 87 milhões foram usados por consultoria

Estimativa anterior era de 50 milhões de afetados; empresa usou aplicativos de quiz para obter de maneira inadequada dados pessoais de usuários da rede social

Por Redação Link
Atualização:
Executivo ainda não se pronunciou publicamente sobre escândalo da Cambridge Analytica Foto: Jim Wilson/The New York Times

O Facebook revelou nesta quarta-feira, 4, que os dados de 87 milhões de usuários foram utilizados de forma ilícita pela consultoria política Cambridge Analytica, para influenciar a opinião pública em eventos como a eleição presidencial dos Estados Unidos em 2016. O número é muito maior que os 50 milhões previamente revelados em reportagens do jornal inglês The Observer e do americano The New York Times, que divulgou o escândalo.

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Segundo a empresa, que revelou a informação apenas no final de um post em seu blog, assinado pelo diretor de tecnologia Mike Schroepfer, a maior parte dos usuários vem dos Estados Unidos. No texto, o executivo usa um tom reticente. "No total, acreditamos que as informações do Facebook de até 87 milhões de pessoas podem ter sido compartilhadas de maneira imprópria com a Cambridge Analytica por aplicativos que eles ou seus amigos usaram", diz. Schroepfer diz ainda que os usuários afetados poderão consultar se suas informações foram compartilhadas com a Cambridge Analytica a partir da próxima segunda-feira, 9 de abril.  

A revelação é mais uma vez marcada pela demora do Facebook em lidar com o caso, que já fez a empresa perder mais de US$ 90 bilhões em valor de mercado. A primeira declaração pública de Mark Zuckerberg sobre o assunto aconteceu apenas no dia 21 de março, apenas cinco dias após a revelação do caso pelos jornais. A empresa demorou duas semanas para revelar o resultado de suas investigações internas, em um resultado maior do que o esperado – no período, procurou desviar a atenção das investigações alterando seus termos de uso e controles de privacidade

Entenda o caso. Reportagens dos jornais The New York Times e The Observer, de Londres, revelaram que a empresa de inteligência Cambridge Analytica colheu informações privadas de mais de 50 milhões de usuários do Facebook, em um esforço para beneficiar a campanha eleitoral do presidente americano, Donald Trump, em 2016.

A empresa britânica de inteligência digital coleta e relaciona dados para ações de marketing digital feitas por companhias e políticos. No caso em questão, ela usou o método para desenvolver ações para influenciar o cenário político americano e favorecer Trump.

Atingir o objetivo só foi possível graças a uma parceria com outra empresa, a também britânica Global Science Research, liderada por Aleksandr Kogan, pesquisador da Universidade de Cambridge. Ele criou um quiz online, chamado This is your digital life (Esta é sua vida digital), que exigia que as pessoas conectassem sua conta do Facebook para ser acessado. Isso permitiu que o quiz de Kogan obtivesse informações pessoais dos usuários da rede social e de seus amigos.

Os dados obtidos por meio do teste foram vendidos pela Global Science à Cambridge Analytica, numa clara violação aos termos de uso do Facebook. Isso permitiu que a empresa de inteligência cruzasse dados com outras fontes e chegasse a um perfil preciso das pessoas, usado para enviar mensagens direcionadas – incluindo notícias falsas – para influenciar votos.

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