Samsung faz recall global do Galaxy Note 7 após falha na bateria

Anúncio foi feito após relatos de que a bateria teria explodido ao ser carregada

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Por Matheus Mans
Atualização:
Problema na qualidade é um choque para a empresa de tecnologia sul-coreana Foto: Reuters

A fabricante sul-coreana Samsung anunciou ontem o recall de 2,5 milhões de smartphones da linha Galaxy Note 7, smartphone lançado globalmente há duas semanas. O recall ocorre devido a uma grave falha na bateria do dispositivo, que causou pelo menos 35 acidentes. Segundo relatos de consumidores, os casos envolvem superaquecimento e até mesmo explosões. O processo atinge 1 milhão de pessoas, que compraram o produto desde o lançamento, mas a empresa também vai recolher mais 1,5 milhão de aparelhos no varejo.

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O caso representa um revés para a sul-coreana que depende fortemente da venda de smartphones: 54% de seu lucro operacional foi gerado pelo segmento no primeiro semestre de 2016. Com os primeiros relatos de acidentes nos dez países onde o aparelho já estava à venda, o valor de mercado da empresa chegou a cair em US$ 7 bilhões nos últimos dias. Com o rápido anúncio do recall, porém, a sul-coreana conseguiu reverter parte das perdas.

Durante uma coletiva de imprensa sobre o recall, o chefe de negócios de smartphones da Samsung, Koh Dong-jin, não divulgou uma estimativa do prejuízo da fabricante. “Eu não posso comentar sobre o custo, mas dói meu coração pois o número será grande”, afirmou. Segundo estimativa do executivo, a cada 1 milhão de aparelhos, 24 estão com defeito na bateria.

Nos países onde o produto já estava à venda, a Samsung prometeu substituir o aparelho atual por um novo nas próximas duas semanas.

Defeito. A falha encontrada no celular ocorre na bateria de íons de lítio. Esse tipo de bateria é usada na maior parte dos smartphones e tablets, já que ocupa menos espaço e permite o carregamento frequente sem causar prejuízos ao aparelho.

Contudo, há riscos no uso da tecnologia, uma vez que as substâncias que compõem a bateria são altamente inflamáveis quando entram em contato com o oxigênio. No caso da Samsung, uma falha na fabricação das baterias ou no projeto do dispositivo pode ter levado ao superaquecimento. A Samsung ainda não explicou a causa da falha.

Apesar dos riscos, as baterias de íons de lítio continuam a ser usadas pelas empresas, pois são baratas e podem ser utilizadas em uma série de produtos – de notebooks a skates elétricos. Os acidentes, considerando-se a quantidade de baterias fabricadas todo ano, são raros.

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Imagem. Para o analista do mercado de smartphones da consultoria Gartner, Tuong Huy Nguyen, o número de smartphones defeituosos em relação ao total vendido pela Samsung é pouco representativo. Além do custo do recall, o maior problema que a Samsung vai enfrentar é o passivo para sua imagem. “O Galaxy Note 7 é um dos mais avançados da empresa”, diz o analista. “Se ela entrega um topo de linha com defeito, as pessoas podem se perguntar o que aconteceria com um aparelho intermediário fabricado pela mesma marca.”

Para impedir um desgaste maior, a fabricante agiu rápido e determinou o recolhimento imediato dos aparelhos em todo o mundo, além de adiar o lançamento nos próximos países da lista. No Brasil, por exemplo, o aparelho estava em pré-venda desde 22 de agosto e chegaria às lojas em 23 setembro, mas as datas foram postergadas. A empresa ainda não anunciou uma nova data para a entrega dos smartphones no País.

Ainda é difícil determinar se a resposta rápida ajudará a empresa a se recuperar do recall. “Uma atitude rápida, como a da Samsung, ajuda na recuperação da imagem, mas isso não basta”, diz Nguyen. “A Samsung vai precisar entender as reações de seus clientes para reverter a situação.”

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Concorrência. De acordo com o Gartner, a Samsung é a maior fabricante de smartphones do mundo, com mais de 81 milhões de unidades vendidas em todo o mundo apenas no primeiro trimestre de 2016. O resultado dá à sul-coreana uma fatia de mercado de 23%, bem superior à da Apple, que detém 14,8% das vendas globais. A chinesa Huawei, terceira colocada no ranking, tem participação de mercado de 8%, mas pode se beneficiar do revés da líder de mercado – ambas usam o sistema operacional Android, do Google.

O recall do Galaxy Note 7 pode favorecer especialmente a Apple, que vai apresentar na próxima semana a nova geração do iPhone. O aparelho, que deve chegar ao mercado em dois tamanhos, representa a principal ameaça ao Galaxy S7 e ao Galaxy Note 7.

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