Baidu vai investir US$ 60 milhões em startups no Brasil

Gigante chinês pretende fazer aporte em 15 empresas e montante do fundo pode dobrar até 2020

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Por Bruno Capelas
Atualização:

A companhia chinesa Baidu criou um fundo que vai injetar US$ 60 milhões em startups locais. Chamado de Easterly Ventures, o fundo planeja impulsionar entre 10 e 15 empresas iniciantes de tecnologia do Brasil nos próximos quatro anos. Segundo Yan Di, gerente-geral do Baidu no País, os primeiros investimentos serão anunciados até o final de 2016.

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Além de injetar capital nas empresas, o Baidu pretende também ajudá-las a ganhar espaço no mercado – hoje, o serviço de busca e os diversos aplicativos da chinesa reúnem cerca de 40 milhões de usuários ativos por mês no País. “O que ajuda uma startup a crescer é o conhecimento”, disse Di, em entrevista coletiva na manhã de ontem. “Mas falta capital no mercado brasileiro e não há como ganhar em usuários sem queimar muito dinheiro.”

Segundo o chinês, que lidera a operação do Baidu no País há quatro anos, a Easterly Ventures está de olho em empresas de serviços e conteúdo para os brasileiros – em especial, aplicativos que interferem em “negócios reais”, como táxis e entrega de comida em domicílio.

“Falta talento e incentivos fiscais do governo ao ecossistema brasileiro de startups, mas ninguém sabe melhor do que eles quais são os problemas locais”, afirmou o executivo. A princípio, o Baidu terá uma participação minoritária nas empresas que receberem o investimento no Brasil. “Não queremos ser os motoristas das startups, mas sim o motor”, explica Di. Caso os investimentos gerem retorno, a empresa pode dobrar o valor do fundo até 2020. Eventuais aquisições das startups pela gigante chinesa também não estão descartadas.

Maré. No exterior, o cenário mais comum é o de que a startup escolhe o investidor – e não o contrário, como no Brasil. Para convencer os empreendedores brasileiros de que o Baidu quer ajudar mais do que só com o dinheiro, a empresa vai usar o exemplo do Peixe Urbano, que foi um dos principais casos de sucesso da internet brasileira. A empresa foi adquirida pelo Baidu em outubro de 2014, durante um período de crise. Com o aporte da empresa, de valor não revelado, o Peixe Urbano dobrou as vendas em 2015 em comparação com o ano anterior.

Durante a coletiva, Di contou que pretende transformar o Peixe Urbano numa central de serviços, concentrando serviços de beleza, táxi e delivery de comida em um só lugar. A ideia é aproveitar a marca, velha conhecida dos brasileiros, para replicar um modelo já adotado pelo Baidu na China. “É o próximo passo na evolução do mercado”, afirma Di.

Para ele, há várias razões para concentrar os serviços. “Muitos usuários tem smartphones de baixo custo, que não têm espaço para diversos aplicativos”, diz o executivo. “Queremos convidar os líderes de cada categoria para se juntar a nós”. Ainda não há data para a mudança.

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