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Fundador da CUFA lança fundo de R$ 50 mi para investir em startups de favelas

Celso Athayde cria o Favelas Fundos para aproximar empreendedores da favela do mundo dos negócios

Por Giovanna Wolf
Atualização:

Apesar de as startups brasileiras terem captado US$ 9,4 bilhões em 2021, segundo dados da empresa de inovação da Distrito, não são todos os espaços do País que usufruem dessa abundância de capital. Com o objetivo de democratizar essa riqueza e apoiar empreendedores das favelas, Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (CUFA), anuncia nesta terça-feira, 8, o lançamento de um fundo de capital de risco de R$ 50 milhões, focado em acelerar negócios criados em comunidades.

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Chamada de Favelas Fundos, a iniciativa vai investir em diferentes fases das empresas, desde quando o negócio ainda é uma ideia abstrata até o momento em que há um produto disponível no mercado. 

“Estamos falando de bolsas de estudos de até R$ 20 mil, de processos de aceleração de R$ 50 mil ou até mesmo de um plano de expansão envolvendo R$ 5 milhões”, explica o carioca Athayde, que é presidente executivo da Favela Holding, conglomerado de 20 empresas focado no desenvolvimento das favelas – o grupo trabalha em projetos em conjunto com a CUFA e atende grandes marcas como P&G e Natura. Em 2017, Athayde criou um fundo de R$ 2,5 milhões para investir em negócios sociais – muitos deles passaram a integrar o Favela Holding. 

Celso Athaydeé presidente executivo da Favela Holding Foto: Favela Holding

Dos R$ 50 milhões, R$ 20 milhões já foram captados – os outros R$ 30 milhões estão empenhados para serem aportados imediatamente após a primeira leva de investimentos. Além de Athayde ter aportado diretamente no fundo, o capital do Favelas Fundos partiu de empresas do grupo Favela Holding e de seus respectivos sócios. Evanildo Barros Júnior, executivo que atua no setor de marketing e tecnologia, ajudará na gestão do fundo. 

O projeto vai investir em diferentes setores, como logística, saúde e marketing. Dentro disso, Athayde espera muitos negócios voltados à tecnologia. “Apoiar a tecnologia talvez seja a libertação da favela –é onde estão as vagas de emprego hoje. É por meio dela que teremos acesso ao desenvolvimento”, afirma. 

Relevância

Segundo Athayde, o fundo terá como função aproximar empreendedores da favela do mundo dos negócios. “É a consagração de um desejo meu de construir de fato oportunidades para essas pessoas. Na favela, você empreende por necessidade, para complementar renda. Mas não há escola de negócios. Os códigos desse universo são desconhecidos”, diz. 

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Ao mesmo tempo, na outra ponta, o projeto espera fazer a interlocução entre os fundos tradicionais e o mercado de favelas, atraindo novos parceiros para o Favelas Fundos no médio prazo. Além da chancela da Favela Holding, que atua em negócios com grandes companhias desde 2015, a iniciativa conta com o alcance da CUFA, que está presente em 5 mil favelas. 

“Muitos fundos poderão em breve querer ter uma relação conosco pelo alto grau de proximidade que temos com esse mercado”, afirma Athayde. “É fundamental que a relação com a favela não seja de patrão e empregado, mas de sócios que unem dinheiro e conhecimento”. 

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