Internet e Big Data possibilitaram a explosão de pesquisas eleitorais de qualidade

Diferente das últimas eleições, pesquisas de opinião se diversificam em empresas pelo Brasil

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colunista convidado
Foto do author Pedro Doria
Por Pedro Doria

A eleição de 2022 marca um momento transformador para a democracia brasileira – nunca vimos tantas pesquisas. Em particular, nunca vimos tantas pesquisas de opinião de qualidade. Apenas dois ciclos atrás, em nível nacional o eleitor contava apenas com Ibope e Datafolha. Ambos, tradicionais, ainda estão aí — embora os técnicos do Ibope hoje respondam pelo nome Ipec. Mas também estão aí, aparecendo com frequência, Ideia, Quaest, Ibespe, Atlas, PoderData e outras. Esta mudança tem razão de ser: a tecnologia permitiu baratear a aferição da opinião pública.

Por trás dos novos institutos estão cientistas políticos, estatísticos e economistas que estudaram nas melhores universidades americanas. E essa variedade de pesquisas, ao longo do tempo, trará mais precisão para que possamos compreender a opinião pública. Afinal, muitas pesquisas permitem também a construção de modelos comparativos, como o Agregador do Estadão. Claro, as médias funcionam melhor quando as pesquisas já foram testadas em alguns ciclos eleitorais. Por isso o valor ao longo do tempo.

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A variedade de metodologia já levanta debates. Enquanto Ipec e Datafolha apontam para uma possível vitória de Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno, Quaest e Ideia veem Lula com uma distância ainda. A diferença está na amostragem, principalmente da Classe C. Os novos usam os números da PNAD, já que o censo está atrasado. Os tradicionais parecem estar com mais participantes deste grupo. Aumente-se o número de respondentes da Classe C, os números de Lula crescem.

É um debate sobre metodologia, sobre como cada grupo de estatísticos considera melhor dividir o Brasil e compreender o que o País pensa.

Usando uma técnica desenvolvida para pesquisar no Afeganistão, Felipe Nunes, da Quaest, tentou descobrir se há indícios de um voto envergonhado em Jair Bolsonaro. Apurou o contrário – o voto que se esconde, aqui, parece se voltar para Lula.

Em 2018, tivemos um disparo de votos para alguns candidatos na semana final. As pesquisas não tiveram tempo de detectar o fenômeno que beneficiou Wilson Witzel, eleito para o governo do Rio, e Soraya Thronicke, eleita senadora pelo Mato Grosso do Sul. Não parece que o fenômeno vá se repetir. Os números mostram uma incrível estabilidade há meses.

O encontro de internet, telefonia e Big Data permitiu a explosão das pesquisas. Com o tempo, elas vão aumentar muito o que sabemos sobre quem é e como pensa o brasileiro. A mudança é boa e, numa democracia, a informação é útil.

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