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Por dentro das inovações em serviços financeiros

A vaquinha do Zebeléo

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Por Guilherme Horn
Atualização:

Reprodução/Kickante 

Nos últimos dias, o mundo empreendedor assistiu a uma grande polêmica sobre a iniciativa de crowdfunding (financiamento coletivo) de uma hamburgueria gourmet, chamada Zebeléo. O nome vem dos três fundadores, Zé Soares, que viaja pelo mundo escrevendo o blog "Do Pão ao Caviar", Bel Pesce, a empreendedora que escreveu o livro "A Menina do Vale", sobre sua experiência no Vale do Silício, e Leonardo Young, vencedor da terceira temporada do MasterChef Brasil. E o projeto era de uma hamburgueria gourmet que proporcionasse uma experiência engajadora para os clientes.

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Não vou entrar aqui na polêmica da iniciativa. Quero apenas aproveitar a oportunidade para explicar sobre dois tipos diferentes de financiamento coletivo: crowdfunding e equity crowdfunding. No primeiro, o objetivo é arrecadar fundos para viabilizar uma idéia - na minha época chama-se "vaquinha" - e aqueles que contribuem ganham algo em troca (no caso da Zebeléo ganhavam desde chaveiros até viagens gastronômicas). Nos EUA, há três grandes sites especializados: kickstarter, indiegogo e gofundme. Juntos, em 2015, eles arrecadaram cerca de U$2 bilhões para seus projetos e ajudaram a colocar no mercado diversos produtos que se tornaram campeões de vendas, como o relógio inteligente Pebble, que tinha como objetivo arrecadar U$100 mil e, em poucos dias, bateu a cifra de U$10,3 milhões! Há campanhas para simples doações ou contribuições que dão algo em troca. O importante a se destacar é que, neste tipo de financiamento, o apoiador não recebe ações da empresa, ele apenas contribui para viabilizar o lançamento do projeto.

No caso do equity crowdfunding, as pessoas que participam tornam-se sócias da empresa. É uma oportunidade para se fazer um investimento numa empresa com um valor muito menor do que o normal e amparado em contratos feitos por especialistas, com todas as precauções que um investimento como este necessita. No Brasil, já há plataformas como Broota, Eqseed, Start Me Up, e até uma entidade representativa da classe, que é a Associação Brasileira de Equity Crowdfunding. A CVM tem participado da discussão e se prepara para regulamentar a atividade. A Bovespa também vê a iniciativa com bons olhos. Se olharmos para a evolução deste segmento lá fora, podemos ficar otimistas, pois vem crescendo muito, podendo ser uma oportunidade para ampliar a participação de pessoas físicas neste tipo de investimento.

Talvez se o Zebeléo tivesse utilizado esta modalidade de financiamento (equity crowdfunding) é possível que o caso não tivesse gerado a revolta que se deu, pois seria uma oportunidade das pessoas serem sócias do projeto e não contribuintes apenas.

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