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Após fraude milionária, Rio suspende empréstimo a PMs

Golpistas tiveram acesso a sistema de consignado; um banco registrou prejuízo de R$ 3 mi

Por Pedro Dantas e RIO
Atualização:

A Secretaria de Planejamento e Gestão do Rio suspendeu por tempo indeterminado a concessão de empréstimo consignado a todos os 67.486 policiais militares, ativos e aposentados da corporação. Fraudes nesse tipo de operação lesaram vários policiais, que foram surpreendidos com descontos de empréstimos no contracheque. Os golpistas ainda alteraram a margem salarial consignada e tomaram financiamentos de R$ 60 mil em média. Em outros casos, alguns policiais que tomaram um empréstimo tiveram a matrícula usada para outros financiamentos, pois assinaram vários formulários sem saber que eram contratos diferentes."Por questão de segurança, para preservar os interesses dos servidores, a integridade do processo de concessão de empréstimos e os recursos emprestados pelas instituições bancárias, decidiu-se pela suspensão temporária da concessão de crédito consignado a servidores da PM até que se identifique o problema e seja feita a devida correção", disse o secretário estadual de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa.A Delegacia de Defraudações investiga se policiais facilitaram o acesso dos fraudadores à senha do Setor de Operação de Pagamento, que modifica a margem de empréstimo consignável. Ainda não há uma estimativa do prejuízo de bancos, policiais e pensionistas. Apenas uma instituição financeira teve um rombo de R$ 3 milhões no mês passado com este tipo de golpe, segundo a Polícia Civil. PMs afirmaram que os mais atingidos foram soldados, cabos e suboficiais, cujos salários não ultrapassam R$ 3 mil.ENDIVIDAMENTOO vice-presidente da Associação de Praças da PM, Carlos Cesar Pereira, revelou que o telefone da entidade não para. "Os praças que já tinham atingido a margem de desconto de 30% em folha ficaram desesperados com os novos débitos e nos ligam reclamando providências."Segundo Pereira, a maioria dos policiais tem mais de um empréstimo. "Quando eles percebem, quase não recebem mais salário. Isto desestabiliza várias famílias, e a culpa é do nosso salário ridículo de R$ 840 para soldados sem dependentes."Um coronel da PM revelou que há cerca de um ano as lojas de empréstimo funcionavam até dentro dos quartéis. "O salário é muito ruim. O empréstimo consignado virou uma febre. Apenas o prédio que abriga os batalhões de Choque e o 1º Batalhão de Polícia Militar está cercado por três lojas destas. Uma praça me contou que tomou três empréstimos e não tinha mais como pagar as contas", lamentou.

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