Avião cai sobre bairro no Congo; há sobreviventes

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Por NAOMI SCHWARZ
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Um avião caiu na terça-feira sobre um bairro de comércio popular da cidade de Goma, no leste do Congo, matando pelo menos 21 pessoas no solo. A companhia aérea diz que a maioria dos 79 passageiros sobreviveu. O governador local e Cruz Vermelha inicialmente informaram que havia mais de 70 mortos e apenas 6 sobreviventes na queda do DC-9 da Hewa Bora Airways. Mas Dirk Cramers, diretor de marketing da empresa, afirmou a que maioria dos 79 passageiros e todos os 7 tripulantes sobreviveram. "Com ajuda da ONU, pudemos retirar quase todos os passageiros antes que [o avião] pegasse fogo", disse Cramers à Reuters. Ele disse acreditar que todos os 21 mortos confirmados até agora fossem comerciantes e clientes do bairro de Birere, onde o avião caiu ao tentar decolar. O governador de Kivu do Norte, Julien Paluku, inicialmente disse haver seis sobreviventes a bordo, mas depois informou à Reuters que 19 corpos haviam sido resgatados e que 76 feridos estavam sendo atendidos em hospitais de Goma. Cramers disse que o avião chegou ao final da pista sem velocidade suficiente para decolar, por causa do excesso de água no asfalto, e que o piloto tentou abortar a operação, mas o avião deslizou. "Foi uma decolagem abortada e o avião bateu no muro. Bem atrás do muro havia algumas lojas. E a maioria das vítimas é de lá", disse ele. Frederic Katemo, de 51 anos, contou que estava sentado, com o cinto de segurança apertado, quando ocorreu a batida. "Saltamos e conseguimos sair. Dava para sentir o fogo atrás da gente", contou ele. O nariz do avião ficou praticamente intacto, mas o acidente espalhou pedaços de barracas de comércio e entulho de casas por uma rua do bairro de Birere. Pelo menos um prédio foi destruído, e vários estão em chamas. Uma enorme coluna de fumaça se ergue do local. Policiais congoleses e soldados da ONU tiveram dificuldades para conter a multidão de curiosos. O Congo (antigo Zaire), gigantesca ex-colônia belga que ainda se recupera de uma longa guerra civil, tem um dos maiores índices de acidentes aéreos do mundo, inclusive em Goma, cujo aeroporto fica ao pé de um vulcão. "Já esperávamos algo assim. Houve muitos acidentes bem atrás do aeroporto", disse à Reuters o ambientalista Serge Ukundji, que vive em Goma. Na semana passada, a União Européia colocou a Hewa Bora Airways na lista de empresas proibidas de voar para os 27 países do bloco por razões de segurança. Houve oito acidente aéreos no ano passado na República Democrática do Congo, segundo o Acro, órgão de Genebra que registra esses incidentes. A Iata (Associação Internacional do Transporte Aéreo) diz que a taxa de acidentes na África é seis vezes maior do que no resto do mundo, algo que a entidade considera "constrangedor." Especialistas citam o Congo, com sua frota de velhos aviões, muitos deles soviéticos, como um dos piores entre os países africanos. (Reportagem adicional de Lubunga Bya'Ombe em Kinshasa, William Schomberg em Bruxelas, texto de Pascal Fletcher e Nick Tattersall)

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