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Bispos brasileiros dão 'cartão vermelho' aos organizadores do Mundial

Por ESTEBAN ISRAEL
Atualização:

O papa Francisco pode ser um fanático por futebol, mas os bispos brasileiros da Igreja Católica preferiram dar um "cartão vermelho" aos organizadores da Copa do Mundo no Brasil por gastar bilhões de reais em estádios, recursos que poderiam ter sido usados para melhorar os péssimos serviços públicos prestados no país. A pastoral do turismo da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) começou a distribuir pelas paróquias brasileiras um panfleto em formato de cartão vermelho no qual elenca oito preocupações da Igreja relacionadas ao Mundial e seis exigências que devem ser observadas para garantir "uma vitória de todos" na competição, que começa em 12 de junho. Entre os pontos condenados pelos bispos está "a inversão de prioridades com o dinheiro público que deveria servir, prioritariamente, para saúde, educação saneamento básico, transporte e segurança", e também "a exclusão de milhões de cidadãos ao direito de informação e participação nos processos decisórios sobre as obras que foram realizadas para a Copa". A Igreja se junta assim aos brasileiros que desde o ano passado resolveram ir às ruas para protestar contra aos gastos com o Mundial. Há a expectativa de que mais protestos ocorram durante o mês em que dura a realização da Copa, e os bispos pedem "que os movimentos sociais não sejam criminalizados e seja respeitado o direito às manifestações de rua". O argentino Francisco, torcedor entusiasmado que ganha camisas de times com frequência durante as missas celebradas no Vaticano, prometeu transmitir uma mensagem de paz motivada pelo Mundial. No panfleto, os bispos da Igreja Católica do Brasil criticam a remoção de pessoas dos arredores dos estádios, o desrespeito à legislação ambiental e a entrega do esporte nas mãos "das grandes corporações." O panfleto pede também que as autoridades brasileiras combatam a exploração sexual durante o evento, que deve atrair cerca de 800 mil torcedores estrangeiros ao Brasil. Para os bispos brasileiros, o êxito do Mundial não será medido na quantidade de dinheiro injetada na economia ou nos benefícios trazidos por patrocinadores, mas sim no cumprimento de "exigências fundamentais", diz o texto do material produzido pela CNBB.

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