Centro de Niterói amanhece tomado por destroços

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Por SERGIO TORRES E FELIPE WERNECK
Atualização:

Separado do Rio pela Baía de Guanabara, o centro de Niterói amanheceu nesta quinta-feira tomado por destroços do grande tumulto que se formou nesta quarta-feira, 19, à noite, durante a manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus. Principal via da região, a Avenida Amaral Peixoto teve bancos e lojas, além de pontos de ônibus, atacados e destruídos. O ato conseguiu interromper o tráfego na Ponte Rio-Niterói, medida de segurança adotada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os manifestantes chegaram a 500 metros do acesso principal à ponte.Para impedir que o grupo se aproximasse da praça do pedágio, o Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) lançou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral contra manifestantes. Também foram atacados seis médicos de jaleco e jornalistas, que socorriam uma grávida desmaiada na calçada da Avenida Marquês do Paraná. Os médicos, da Universidade Federal Fluminense (UFF), trabalhavam como voluntários para atender feridos na manifestação.A passeata na cidade teve a participação de cerca de dez mil manifestantes. Após o ato, um grupo seguiu em direção à Rio-Niterói. Barricadas de fogo se formaram em trechos movimentados do centro do município. Em meio à nuvem de gás, um estudante de ciências sociais da UFF tentou negociar o fim da protesto com um oficial. A proposta da polícia foi que o grupo liberasse a avenida e seguisse para outro local. A maioria aceitou, mas um grupo pequeno decidiu ficar, alegando ter o direito de protestar. O PM que comandava a operação deu um ultimato, dizendo que eles tinham dois minutos para liberar a via. Em seguida, os policiais lançaram bombas contra o grupo, que gritava: "Sem violência".Os manifestantes retornaram à Praça Arariboia, ponto de partida do protesto, em frente à estação das barcas de passageiros entre Niterói e Rio. Alguns tentaram incendiar um ônibus e invadiram a estação. O transporte marítimo pela baía ficou interrompido por 30 minutos, até as 21h30. Na rodoviária, um jornalista da Agência Brasil foi espancado por seguranças da concessionária privada. Para evitar a aproximação de manifestantes, a prefeitura de Niterói foi cercada por policiais, que bloquearam todas os acessos.Quando um militante anunciou, de cima de um carro de som, que o aumento da tarifa havia sido revogado, a multidão reagiu aos gritos: "Não acabou, nossa luta é todo dia, saúde, educação e moradia". Na manhã desta quinta-feira, em entrevista à Rede Globo de Televisão, o prefeito Rodrigo Neves (PT), principal alvo de críticas durante o protesto com o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), creditou os episódios violentos a "um pequeno grupo de vândalos".

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