Conselho Indígena de RR suspende aulas em aldeias

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Por LOIDE GOMES
Atualização:

O Conselho Indígena de Roraima (CIR) e mais oito organizações que defendem a expulsão dos não-índios da terra indígena Raposa Serra do Sol anunciaram hoje a suspensão das aulas em todas as escolas das aldeias, em protesto contra o ataque que deixou dez índios feridos na Fazenda Depósito, de propriedade do arrozeiro e prefeito de Paracaima (RR), Paulo César Quartiero. A suspensão das aulas atrasará o ano letivo de 11,15 mil alunos do ensino fundamental e médio em todas as aldeias das nove reservas de Roraima. Desse total, 4,72 mil estudantes estão na Raposa Serra do Sol. No Surumu, principal foco do conflito, são 974 alunos. Eles estão sem aula desde o início de abril, quando começou a crise no Estado. A Secretaria Estadual de Educação, responsável pela maioria das escolas, ainda não decidiu se corta o ponto dos professores faltosos. O índio yanomami Dário Vitório Xiriana afirmou que a adesão à paralisação é uma forma de protesto pelo "desrespeito" do governo com os indígenas. "Os brancos precisam entender que nós queremos viver em paz." Hoje, os índios decidiram liberar a Rodovia RR-319, a 105 quilômetros de Boa Vista, que estava bloqueada desde terça-feira. A liberação da "estrada do arroz", como é conhecida, foi mediada pela Polícia Federal (PF), que montou uma barreira na balsa sobre o Rio Uraricuera, a 45 quilômetros da capital roraimense, para acompanhar a manifestação. O bloqueio dos índios estava 60 quilômetros à frente e impedia a passagem de trabalhadores, insumos, fertilizantes, sementes e combustível para as fazendas de arroz. O presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Agesandro Costa, acompanhou os protestos. Costa conversou com o governador Anchieta Júnior (PSDB), o presidente da Assembléia Legislativa, Mecias de Jesus (PR), o bispo d. Roque Paloschi, líderes indígenas e os rizicultores. Comunicação A comunicação da prisão em flagrante de Quartiero chegou hoje ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília. O processo foi distribuído para o desembargador Cândido Ribeiro. O arrozeiro e prefeito de Paracaima, o filho dele Renato Quartiero e mais seis funcionários da fazenda estão presos na carceragem da PF na capital federal desde ontem. Eles foram presos na terra indígena na terça-feira, acusados de tentativa de homicídio, formação de quadrilha e posse de artefato. O advogado de César Quartiero, Valdemar Albrecht, afirmou acreditar que a homologação da prisão será feita amanhã pelo TRF1. Segundo Albrecht, são três as alternativas: o desembargador pode mandar soltar o arrozeiro, arbitrar fiança ou deixá-lo preso. "Somente após esta decisão, é que a defesa vai decidir se vai protocolar pedido de reconsideração ou de liberdade provisória", destacou.

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