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Corpo de travesti é encontrado em cova em AL

Por RICARDO RODRIGUES
Atualização:

O corpo do artesão Josenildo Barbosa dos Santos foi encontrado hoje pela manhã enterrado em uma cova rasa na zona rural do município de Marechal Deodoro, a 32 quilômetros de Maceió. Segundo informações da Polícia Civil, ele era travesti e estava desaparecido desde a sexta-feira. Os policiais desconfiam que o artesão foi vítima de um crime homofóbico e o parceiro dele é apontado como o principal suspeito. O corpo estava sem roupa, enrolado em uma toalha de mesa e apresentava ferimentos de arma branca no pescoço, o que teria provocado sua morte. O assassinato de Nildo foi desvendado um dia após a 10ª Parada do Orgulho Gay, realizada ontem na capital alagoana. Durante o evento, os homossexuais defenderam o fim do preconceito e denunciaram a impunidade que protege os autores de crimes homofóbicos no Estado.As causas do crime ainda são desconhecidas, mas o principal suspeito é amante da vítima, conhecido por Max. Ele foi a última pessoa a ser vista com Josenildo, de 27 anos, e chegou a ser detido para prestar esclarecimentos, mas foi liberado porque naquele momento o corpo não tinha sido encontrado.Segundo dados do Grupo Gay de Alagoas (GGAL), em 2009 foram registrados 29 assassinatos de homossexuais no Estado. Este ano, até maio, o número chegou a oito. "A inércia do poder público contribui para a matança de homossexuais. Mesmo assim, continuaremos lutando para mudar esta realidade", afirmou o presidente do GGAL, Teddy Marques.Intervenção federalDe acordo com Marques, Alagoas lidera o ranking de violência contra homossexuais. "A única solução agora é acionar o Ministério Público Federal para diminuir este índice, uma vez que falta interesse do poder público estadual em solucionar casos como esse, de violência e morte contra homossexuais'', afirmou. "São notícias tristes como essa que nos deixam arrasados, mas vamos à luta cobrar das autoridades a prisão do autor desse crime e o esclarecimento de outros.""Um dia antes da Parada Gay houve um caso de um travesti que foi espancado da Praça Deodoro. No próprio dia do evento mais um homossexual foi espancado e um dia após o evento encontramos o corpo de mais um. É vergonhoso o desrespeito aos homossexuais no Estado e a impunidade a quem comete crimes contra eles. O que nos resta agora é confiar em uma intervenção federal", concluiu Marques.

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