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Icebergs estimulam vida no oceano tiram CO2 do ar

Os blocos de gelo que se soltam da Antártida funcionam como oásis no mar, reforçando a base da cadeia alimentar marítima e ajudando a remover o excesso de gás carbônico da atmosfera

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Por Redação
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Os icebergs que se separam da Antártida e flutuam pelo oceano transformam-se em focos intensos de vida no mar, informam pesquisadores. O aquecimento do clima levou a um aumento no número de icebergs que se separa do continente gelado, e uma equipe de cientistas se propôs a estudar o impacto dos gigantescos pedaços de gelo sobre o ambiente marinho. Descobriram que o derretimento do gelo também derrama partículas originárias do continente no mar, como pedaços de solo e rocha, criando focos de alimento para o plâncton e para os pequenos animais conhecidos como krill. De fato, os cientistas liderados por Kenneth L. Smith Jr., do Instituto de Pesquisa Monterey Bay Aquarium, descobriu um aumento nas formas de vida ao redor dos dois icebergs que estudaram. A abundância estende-se a 4 km do bloco de gelo, informam os pesquisadores na edição desta semana da revista Science. "Do mesmo modo que poços de água são ´hotspots´ num deserto, icebergs à deriva são como oásis no oceano antártico", e promovem a vida, disse o pesquisador Russell R. Hopcroft, do Instituto de Ciência Marinha da Universidade do Alasca, Fairbanks. Ele não tomou parte na pesquisa publicada. Ao estimular a vida que os cerca, icebergs podem também ajudar a reduzir o excesso de gás carbônico na atmosfera - compensando, ainda que apenas um pouco, o aquecimento global que os separou do continente, sugere Smith. "Uma conseqüência importante da maior produtividade biológica é que os icebergs à deriva podem servir como rota para a captura e seqüestro do carbono particulado, à medida que afunda no oceano", diz nota emitida por Smith. "Embora o derretimento das capas de gelo da Antártida esteja contribuindo com a elevação do nível dos mares e outras dinâmicas da mudança climática de maneiras complexas, este papel adicional, na remoção de carbono pode ter implicações para os modelos climáticos globais que precisam ser mais estudados", acrescentou. A geóloga Kristen St. John, da Universidade James Madison, declarou-se surpresa com a escala do fenômeno. A falta de ferro limita a atividade biológica no oceano meridional, disse ela, e "se os icebergs estão transportando minerais ricos em ferro para locais longe da costa, é lógico que os icebergs estejam... ajudando na base da cadeia alimentar, o que pode ter efeitos positivos por toda a cadeia", afirmou. Os pesquisadores estudaram os icebergs W-86 e A-52, no Mar de Weddell, adjacente à Antártida e à ponta da América do Sul. Eles coletaram amostras da água ao redor do gelo e usaram um submarino de controle remoto para estudar o gelo por baixo.

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