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Lula:Quem aposta contra crescimento pode quebrar a cara

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Por Redação
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na quinta-feira que quem apostar que o crescimento da economia brasileira será baixo em 2009 pode "quebrar a cara". A atual previsão do governo é que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 4,5 por cento no ano que vem, mas o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já informou que a estimativa será revisada para 3,7 por cento ou 3,8 por cento nos próximos dias. Na quinta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a projeção de crescimento da economia brasileira em 2009 para 3 por cento, contra os 3,5 por cento da previsão anterior. "Quem está apostando num crescimento muito baixo em 2009 pode quebrar a cara. Os analistas que tomem cuidado", declarou o presidente em discurso na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado "Conselhão". Lula disse que a pior fase da crise financeira internacional já passou e voltou a incentivar o consumo no fim do ano. "Eu sou o mais otimista dos brasileiros. Onde eu puder falar para ninguém deixar de comprar o que estava pensando em comprar eu vou dizer", destacou Lula, voltando a criticar os oposicionistas que torcem pelo pior. Por outro lado, o presidente lembrou que a conjuntura exige cautela. "Época de crise é época de apertar o cinto", alertou. Para Lula, o momento agora é de preparar o país para o pós crise. "Na hora em que essa crise estiver debelada, quem estiver mais preparado vai sair na frente e aí vai chegar o momento do Brasil e de outros países emergentes." Segundo ele, se a sociedade entrar em "pânico", o mercado doméstico encolherá e investimentos e empregos serão cortados. "Depende de nós transformarmos o ano de 2009 em um ano bom. Se a gente ficar choramingando ou torcendo contra nós mesmos, o ano será ruim." O presidente ponderou, entretanto, que está sendo pragmático, pois o governo está acompanhando a crise com atenção, adotando medidas pontuais e as reajustando quando acredita ser necessário. "Esse é o momento de a gente ser realista. Não é nem o momento de a gente passar um ufanismo de que não existe nada nem o momento de a gente ver que tudo acabou", sublinhou, complementando que o Executivo voltará a agir quando preciso, sem jogar dinheiro fora ou abandonar a estabilidade fiscal. "Em momento de crise, as pessoas muitas vezes exageram nas reivindicações. Nós nunca vamos poder dar tudo o que as pessoas precisam. Vamos dar aquilo que é possível dar, nas condições em que a gente não possa quebrar o Estado como já se quebrou outra vez", ressaltou. DESCONFIANÇA Lula voltou a criticar a falta de liquidez do mercado financeiro nacional. O presidente reconheceu que nem todos os efeitos das medidas anunciadas pelo governo já podem ser sentidos e que há atualmente um processo de desconfiança. Mas afirmou que os bancos devem aumentar a oferta de linhas de financiamento. De acordo com o presidente, como os bancos públicos e privados brasileiros são responsáveis por cerca de 80 por cento de todo o crédito no Brasil, não há "muita explicação" para a redução de financiamentos. "Me parece que, pelas informações que a gente ouve aqui e ali, a falta de crédito é maior do que deveria ser no Brasil", afirmou. "Por favor, peça para os bancos liberarem logo esse dinheiro aí. Estou vendo os aposentados querendo tomar dinheiro emprestado ali. Se não tiver, meu filho, vai tudo para o vinagre." Em relação às medidas já anunciadas pelo governo, Lula voltou a assegurar que os bancos públicos não comprarão carteiras de crédito que não tenham garantias. "Nós não estamos aqui para comprar carteira podre. Não vamos fazer como em outros tempos em que o governo comprava a casca do siri e a carne os outros já tinham comido", ironizou. OBAMA Um dia depois de parabenizar a eleição de Barack Obama para presidente dos Estados Unidos, Lula cobrou atitude firme do novo governante. Segundo o presidente brasileiro, Obama precisaria resolver a crise em um ano para não perder o capital político conquistado durante a campanha. "Ele vai ter que resolver imediatamente a crise americana. Ele vai ter que tomar decisões para que ela não se agrave", disse Lula, completando que o democrata é inteligente o suficiente para tomar medidas rapidamente. "Agora, essa crise pode ser debitada nas costas do atual governo. Um ano depois, se ela não estiver resolvida, ela fica debitada em quem tomou posse." Lula acredita que os próximos encontros entre os líderes dos principais países do mundo ajudarão a diminuir a crise. "Esperamos que na reunião que vamos ter na sexta-feira e no sábado, em São Paulo, dos bancos centrais e dos ministros da Fazenda do G20 Financeiro a gente possa avançar um pouco", afirmou. "Espero que na reunião de Washington com o G20 a gente possa resolver um pouco mais." (Reportagem de Fernando Exman)

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