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Manifestantes ainda controlam aeroportos na Tailândia

Por DARREN SCHUETTLER
Atualização:

Manifestantes contrários ao governo da Tailândia se preparavam para pôr fim à ocupação do gabinete do primeiro-ministro para assegurar o controle do principal aeroporto do país nesta segunda-feira, antes de uma decisão judicial que pode dissolver o governo eleito. Autoridades da Aliança Popular pela Democracia (APD) disseram estar mudando o foco de seu protesto da sede do governo no centro de Bangcoc para o Aeroporto Suvarnabhumi, que eles tomaram na noite de terça-feira passada, paralisando o tráfego aéreo e deixando milhares de turistas ilhados. " Queremos mostrar às autoridades que os danos não foram de 100 milhões ou 200 milhões de bahts (5,6 milhões de dólares) como afirma o governo", disse o porta-voz da APD Suriyasai Katasila. "Se todos estiverem felizes, podemos fazer uma cerimônia de devolução amanhã". Anchalee Paireerak disse que o PAD vai manter sua presença através de seus "guardas de segurança" na sede do governo, que o partido invadiu em agosto, mas que não manterá mais um protesto 24 horas por dia no local. "Tudo foi direcionado para Suvarnabhumi e Don Muang", disse ela, referindo-se aos dois aeroportos que os manifestantes tomaram. Milhares de manifestantes da APD vestidos de amarelo desafiaram a polícia e ocuparam Suvarnabhumi pelo sétimo dia nesta segunda-feira, em uma campanha para derrubar o primeiro-ministro Somchai Wongsawat, que acusam de ser um fantoche de seu cunhado, o ex-premiê Thaksin Shinawatra, que foi removido em um golpe em 2006 e desde então vive exilado. Don Muang, o principal aeroporto de vôos domésticos, também foi ocupado, e o comércio de cargas aéreas foi interrompido. As previsões para a economia, que já sofre com a crise financeira global, são sombrias. Nesta segunda-feira, a agência de avaliação S&P revisou a perspectiva da Tailândia de estável para negativa, dizendo que existe a possibilidade de um surto de violência. O ministro da Fazenda Suchart Thada-Thamrongvech disse à Reuters nesta segunda-feira que a economia pode ter crescimento nulo no próximo ano, ou crescer somente um ou dois por cento, quando previsões anteriores apontavam um crescimento entre quatro e cinco por cento. O diretor da câmara de comércio da Tailândia disse que o custo de um bloqueio nos aeroportos é "incalculável", mas uma alta autoridade do órgão ofereceu uma cifra, dizendo ao jornal Nation que as perdas com receitas de exportação estavam na casa dos 3 bilhões de baht (85 milhões de dólares) por dia. O caos local preocupa os vizinhos da Tailândia, que devem se encontram em duas semanas para uma cúpula regional. Surin Pitsuwan, chefe do Asean, grupo de dez nações do sudeste da Ásia, disse que um adiamento pode ser conveniente, embora a Indonésia também tenha se oferecido para sediar alguns dos encontros dos aliados. Houve algum alívio nesta segunda-feira para as dezenas de milhares de turistas afetados pelo bloqueio dos aeroportos quando autoridades da APD disseram que irão permitir que 88 aeronaves detidas em Suvarnabhumi deixem o país. Os operadores disseram que pretendem deixá-las prontas para partir para pegar passageiros de U-Tapao e outros aeroportos fora da capital, segundo o diário Bangkok Post. O governo está fornecendo hospedagem e alimentação gratuitas em hotéis para os turistas ilhados, mas lidar com as estimadas 100 mil pessoas afetadas está se mostrando um pesadelo logístico e muitos deixam de ser socorridos. "Estamos muito cansados. Quando podemos ir?", perguntava Ali Golbabaei, um iraniano de 25 anos no aeroporto de Suvarnabhumi nesta segunda-feira. Golbabaei disse que ele e dois amigos foram informados de que os cupons de acomodação haviam acabado, e não tinham dinheiro sobrando depois de ficar no resort de praia na cidade de Pattaya. "Ninguém está nos ajudando. Somos os últimos turistas neste aeroporto."

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