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Obama e McCain defendem retomada de pacote contra crise

Por CAREN BOHAN
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Os candidatos a presidente Barack Obama e John McCain tentaram na terça-feira convencer o cético eleitorado norte-americano a apoiar o pacote de 700 bilhões de dólares para o resgate do sistema financeiro, alertando para uma calamidade econômica caso isso não ocorra. Um dia depois de se acusarem mutuamente pela derrota do pacote no plenário da Câmara, na segunda-feira, os dois senadores salientaram a necessidade de um trabalho conjunto entre democratas e republicanos para encontrar uma versão que seja mais palatável a pelo menos uma parte dos 95 democratas e 133 republicanos que votaram "não". Uma nova pesquisa do Pew Research Center mostra que há pouco entusiasmo popular pelo plano - entre os dias 27 e 29 de setembro, só 45 por cento o apoiavam, contra 38 por cento que o rejeitavam. "Não é hora de os políticos se preocuparem com a próxima eleição. É hora para que todos nós nos preocupemos com o futuro do país que amamos. É hora de ação", disse Obama num comício em Reno. Ecoando suas palavras, McCain declarou em Iowa que "a inação não é uma opção". Os dois candidatos defenderam a elevação do limite de garantia do governo sobre os depósitos bancários, de 100 mil para 250 mil dólares, como forma de estimular a confiança no setor financeiro. Os dois candidatos conversaram por telefone sobre a crise com o presidente George W. Bush. McCain disse que parte do Congresso "realmente não sacou que as pessoas que estão se machucando são as famílias da Main Street , as pequenas empresas, esse tipo de gente que é o motor da nossa economia". Na semana passada, democratas acusaram McCain de ter atrapalhado as negociações ao abandonar os eventos de campanha e viajar a Washington, sem colaborar em nenhum resultado concreto. Ambos os candidatos usam a crise para tentar projetar uma imagem de liderança, e Obama parece estar se saindo melhor. Segundo as pesquisas, ele é visto como mais preparado em questões econômicas que o seu rival, e a cinco semanas da eleição assumiu uma ligeira vantagem na maioria dos levantamentos. PROPOSTAS McCain sugere algumas medidas imediatas para conter a crise, como ampliar o uso do Fundo de Estabilização Cambial, do Departamento do Tesouro, que foi criado na época da Grande Depressão e usado na década de 1990 para ajudar o México. O governo Bush já está recorrendo a esse fundo para injetar liquidez nos mercados. No fim de semana, as intensas negociações entre o secretário do Tesouro, Henry Paulson, e os líderes parlamentares levaram a um acordo sobre a liberação dos 700 bilhões de dólares para Wall Street, com concessões a parlamentares de ambos os partidos que exigiam que o governo adotasse medidas para recuperar parte do dinheiro no futuro. Quando o acordo foi anunciado, Obama e McCain lhe deram apenas um cauteloso apoio. Mas na terça-feira, em meio às turbulências no mercado e aos temores de um agravamento da crise, os dois adversários - que são senadores - deram pleno apoio e prometeram se empenhar ao máximo na aprovação. "A continuada inação diante da tempestade que se forma nos nossos mercados financeiros seria catastrófica para a nossa economia e as nossas famílias", disse Obama. Ele acha que não vale a pena começar a discussão de novo, da estaca zero, e que o melhor a fazer no Congresso é buscar medidas que atraiam os descontentes. Os dois candidatos mantiveram sua agenda durante a crise. Depois de um comício na terça-feira à noite, Obama viaja para Wisconsin. McCain deve viajar de Iowa para Kansas City, mas não descarta alterações. "Colocarei minha campanha presidencial em banho-maria, se necessário, e farei de tudo", disse McCain à Fox News. (Reportagem adicional de Deborah Charles e Jeff Mason)

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