Oposição diz ter tomado poder no Quirguistão; ao menos 40 mortos

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Por OLGA DZYUBENKO E MARIA GOLOVNINA
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A oposição do Quirguistão disse nesta quarta-feira que obrigou o governo do país centro-asiático a renunciar, depois de soldados terem matado a tiros dezenas de manifestantes que cercavam prédios públicos. "Chegamos a um acordo de que o governo vai renunciar. Isso ainda não foi assinado no papel", disse à Reuters a parlamentar Galina Skripkina, dirigente do Partido Social-Democrático (oposição). De acordo com ela, o presidente Kurmanbek Bakiyev viajou de avião da capital, Bíshkek, para Osh, no sul. "A oposição está no total controle do poder", havia dito anteriormente a líder oposicionista Roza Otunbayeva à agência russa de notícias RIA. O anúncio ocorreu após um dia de muita violência em Bíshkek e outras cidades. Nenhum porta-voz governamental foi localizado para comentar. Um outro líder oposicionista, Temir Sariyev, disse à RIA que a oposição entrou no prédio do governo, no centro de Bíshkek, e que o primeiro-ministro Daniyar Usenov assinou uma carta de renúncia. "Bakiyev deixou a Casa Branca (...). Ele não está mais em Bíshkek", disse Sariyev, que havia sido detido ao desembarcar procedente de Moscou, na quarta-feira, mas foi solto durante o protesto. Bakiyev havia chegado ao poder em 2005, após manifestações que depuseram Askar Akayev, primeiro presidente do país após a independência, ocorrida em 1991, com o fim da União Soviética. Ambos eram acusados por seus adversários de concentrarem poder nas mãos de seus seguidores. O descontentamento popular com a pobreza, a inflação e a corrupção domina o Quirguistão desde o começo de março. Cerca de um terço da população vive abaixo da linha da pobreza, e as remessas financeiras de emigrantes na Rússia caíram durante a crise financeira global. A oposição disse que pelo menos cem pessoas morreram nos confrontos de quarta-feira, que no último mês se espalharam para todo o país, onde há uma base aérea dos EUA, que serve de apoio a tropas no Afeganistão, e também uma base russa. O Ministério da Saúde disse que 40 pessoas morreram e 400 ficaram feridas. EUA, Rússia e a vizinha China são importantes fontes de doações para o Quirguistão. O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, negou qualquer interferência de Moscou nos confrontos. "Nem a Rússia nem (este) seu humilde servidor, nem (quaisquer outras) autoridades russas têm quaisquer ligações com quaisquer desses eventos", disse Putin à agência RIA. (Reportagem adicional de Alexander Reshetnikov em Bíshkek; Guy Faulconbridge; Amie Ferris-Rotman e Conor Sweeney em Moscou)

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