Para pessoas comuns, Brasil é amigo e potência regional

Além de praias, Brasil passou a ser admirado também por seu desenvolvimento.

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Por Da BBC Brasil
Atualização:

Nas ruas da América do Sul duas imagens emergem quando se pergunta às pessoas o que elas pensam sobre o Brasil. A primeira não chega a ser uma novidade: é a idéia de que o Brasil é um país "amigo", "alegre", com "gente e praia bonitas". Mas, entre os vizinhos sul-americanos, uma nova imagem do gigante regional está brotando: a de potência e economia a ser invejada. "O Brasil, para mim que sou boliviana, representa muito progresso e muito trabalho", diz a dona de casa Magdalena Magne. Ela afirma ainda que muitos bolivianos vêem o Brasil como um lugar para onde se mudar e "progredir". O funcionário público paraguaio Ovídio Garrido concorda. "(Os brasileiros) são gente que trabalha, que produz. E grande parte da economia (paraguaia) se deve a eles." Garrido se refere à grande concentração de imigrantes e produtores rurais brasileiros que vivem e trabalham especialmente na fronteira com o Brasil. Essa visão de potência em desenvolvimento é cada vez mais comum entre os vizinhos sul-americanos, embora a resposta mais automática sobre Brasil ainda seja ressaltar a alegria e a beleza nacionais. Melhor amigo Um dos estudos mais completos sobre a visão do Brasil na região foi feito pelo instituto de pesquisa Latinobarometro. No trabalho, realizado em 2006 e divulgado no ano passado, foram entrevistadas 20 mil pessoas na maioria dos países da América Latina, incluindo a maior parte da América do Sul. O resultado da pesquisa corrobora o trabalho de reportagem feito pela BBC Brasil em todos os países do continente. De acordo com a pesquisa, o Brasil é visto como o "melhor amigo" dos latinos na região e também como um país cuja economia deve liderar a região e a integração. Segundo a diretora do Latinobarometro, Marta Lagos, "a boa imagem do Brasil entre os latinos, de forma geral, deve-se ao fato de ser um país grande, com o qual ninguém quer problemas. Por isso é visto com respeito pelos demais países da América Latina". Além disso, Lagos afirma que "a herança cultural portuguesa representa um elemento de diferenciação do Brasil, que o torna interessante e atraente para os demais países do continente". A pesquisa de 2006 foi a terceira nas mesmas dimensões feita pela empresa e mostra que os resultados mais recentes têm mantido a estabilidade. Diante da pergunta sobre qual país da América Latina "você acha que é nosso melhor amigo", numa escala de zero a 20, o Brasil recebeu a média de 10 em 1998, oito em 2001 e os mesmos oito em 2006. O trabalho do Latinobarometro também aponta para a crescente influência da economia brasileira. O Brasil ficou entre os preferidos quando se perguntou "qual o país que você prefere para a integração econômica?" ou "você acha que se deve fazer acordos de integração com todos os países da América Latina?" Somente quatro países foram citados como resposta, com o Brasil à frente da Venezuela, do México e da Argentina. "A demanda de integração é frágil (na região)", diz o relatório da pesquisa. E completa: "O Brasil se destaca como o país com o qual a maior quantidade de latinos quer se integrar economicamente e também o país mais amigo. E quase se pode dizer que é o único país da região que tem uma real demanda de integração". O Brasil também se destaca quando a questão refere-se ao país preferido como "investidor estrangeiro". Nesse caso, o Brasil foi o terceiro mencionado - junto com o Japão - na Bolívia, ficando atrás, neste ranking, dos Estados Unidos e da Espanha, mas superando os outros países da região, a Argentina e a Venezuela. Na Venezuela, o Brasil também foi o terceiro mais mencionado entre os entrevistados na pesquisa do Latinobarometro, depois da China e dos Estados Unidos - nessa ordem. Na Argentina, onde os investimentos brasileiros estão em alta, o Brasil foi o quarto mais citado pelos latinos. *Com reportagem de Alessandra Corrêa (Bolívia e Paraguai) e Marcia Carmo (Argentina) BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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