Política de juros do BC vai na contramão do mundo, critica Aécio

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, disse nesta terça-feira que a política de juros do Banco Central brasileiro vai na contramão do resto do mundo e contradiz os esforços do governo federal para reduzir os efeitos da crise financeira global. "Eu acho que o Banco Central brasileiro continua no caminho inverso do que está fazendo o mundo" afirmou Aécio, que disputa com o governador de São Paulo, José Serra, outro crítico do BC, o direito de ser o candidato do PSDB à eleição presidencial de 2010. "Em determinado momento, nós vamos ter que chegar à constatação de que o mundo inteiro está errado ao abaixar as suas taxas de juros para incrementar segmentos importantes da sua economia", ironizou Aécio, em entrevista na sede do governo mineiro. O tucano afirmou que é apenas "espectador" do cenário econômico nacional, mas ressaltou que espera que o BC reduza a taxa básica de juros, atualmente em 13,75 por cento. Na segunda-feira, levantamento feito junto ao mercado financeiro pelo próprio BC indicou expectativa de queda na taxa Selic que, segundo a pesquisa, chegaria a 11,75 por cento em dezembro. Em relação à postura do Comitê de Política Monetária (Copom), Aécio disse que tem "apenas a expectativa de que o Banco Central possa entrar na rota que está o mundo hoje e, a partir da redução da taxa de juros, colocar um incremento a mais nas nossas atividades econômicas." "É, no mínimo, contraditório. Você cria linhas de financiamento, diminui determinados impostos para determinados setores da economia e, ao mesmo tempo, mantém a taxa de juros extremamente alta", avaliou o governador mineiro. Ainda em relação aos efeitos da crise na economia brasileira, Aécio afirmou que a reunião a ser marcada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e governadores deve tratar de medidas "complementares" que possam evitar casos como o da GM, que anunciou a demissão de 744 funcionários da unidade de São Jose dos Campos (SP). Aécio disse que Minas deve adotar novas medidas para fortalecer o setor de ferro-gusa - um dos mais atingidos com a redução da demanda mundial -, mas não revelou quais serão. "Estamos fazendo a contabilidade do seu real impacto nas finanças, porque não podemos tomar medidas que descapitalizem o Estado. Um dos instrumentos que o Estado tem para inibir ou minimizar os efeitos da crise é manter os seus investimentos que geram emprego", afirmou. ELOGIOS A DILMA Além da situação econômica do país, Aécio também comentou a sucessão do presidente Lula e fez elogios à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que aparece como a principal candidata do PT à Presidência em 2010. Segundo o governador, a participação da ministra no pleito é garantia de um debate de qualidade. "Acho que ela é uma mulher digna, tem enormes virtudes. Obviamente terá as dificuldades de quem ainda não disputou uma eleição em qualquer nível. Ficará mais exposta e terá que trazer um pouco mais de respostas ao país. Mas nem por isso ela se desqualifica para a disputa", declarou. "Ao contrário, é um nome que garante à disputa eleitoral uma discussão em torno de projetos de país... É uma mulher extremamente qualificada e qualquer disputa eleitoral na qual ela esteja inserida é garantia de alto nível", acrescentou. (Reportagem de Marcelo Portela)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.