PÓS-CRISE?-Siderurgia espera fôlego novo neste semestre

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Por ALBERTO ALERIGI JR.
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As principais siderúrgicas do país tiveram de janeiro a junho um dos piores semestres dos últimos anos, mas começam a vislumbrar início de retomada já a partir da segunda metade de 2009. O quadro de recuperação é formado por elementos como redução de estoques de aço na cadeia distribuidora, inventários em baixa de insumos mais caros comprado antes da crise, melhora de encomendas e menor concorrência internacional. Mas como gatos escaldados, as poucas projeções de desempenho fornecidas pelas grandes produtoras de aço com ações em bolsa --Usiminas, Gerdau e CSN-- apontam para uma retomada gradual, com 2009 ainda significativamente abaixo do ritmo de 2008. A CSN, uma das mais otimistas sobre o segundo semestre, prevê um volume de vendas na segunda metade deste ano 51 por cento maior que nos seis primeiros meses, mas esse incremento não vai impedir a empresa de sofrer queda de 20 por cento sobre as 4,9 milhões de toneladas vendidas em todo o ano passado. A CSN vai ampliar o quadro de funcionários em 700 pessoas até outubro. Quatrocentos deles, porém, serão recontratados, depois de terem sido dispensados no início do ano. A Usiminas projeta queda de 25 por cento nas vendas no acumulado do ano. Mas vê, como CSN e Gerdau, um ambiente de preços estáveis no mercado interno nos próximos meses, após queda de cerca de 20 por cento nos primeiros seis meses de 2009. A Gerdau é a mais reservada. Não divulgou estimativa precisa, mas seu presidente disse encarar o restante do ano com um "otimismo cauteloso". "Acho que não saímos da crise ainda. Existem sinais de que vamos sair, mas falta algum tempo. Há melhora no ritmo econômico, mas sair da crise ainda é muito cedo para falar", disse André Gerdau Johannpeter. Das três siderúrgicas, a Gerdau foi a única a reportar prejuízo no segundo trimestre. SALTO NAS AÇÕES Mas os investidores não demonstram tanto receio. As ações da Gerdau acumulam valorização de cerca de 45 por cento até agora em 2009. Enquanto isso, as preferenciais da Usiminas e as ordinárias da CSN se valorizaram ao redor de 80 por cento cada. Ainda assim, estão abaixo das máximas históricas. "As ações tinham sofrido muito no começo da crise, porque a siderurgia costuma ser o setor que mais sofre nesses períodos, afirmou o analista Leonardo Alves, da Link Investimentos. "Mas aqui no Brasil a siderurgia apresenta um risco menor que em outros países por causa do baixo custo de produção, vendas em sua maioria para o mercado interno em reais, cuja cotação foi lá para cima, e operações integradas de minério de ferro", acrescentou. Parte da retomada pode ser atribuída a incentivos do governo ao consumo nacional de aço, com redução de impostos sobre veículos e eletrodomésticos, expansão de crédito para a construção civil e programas de investimentos em infraestrutura. Os esforços têm surtido efeito. Depois de iniciar o ano prevendo queda de 4 por cento nas vendas, a indústria automotiva agora trabalha com expansão de 6,4 por cento, para um recorde de 3 milhões de veículos no mercado interno. Enquanto isso, estoques de aços planos entre distribuidores seguem em queda, com a Inda, associação do setor, prevendo que devem voltar ao patamar histórico de 2,5 a 2,6 meses de vendas em breve. "A perspectiva do pessoal da linha branca é muito positiva, e a gente imagina que o quarto trimestre vai ser muito bom, no mesmo ritmo do terceiro trimestre", disse o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez.

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