Sete nota 10

O farofeiro Sete e suas dicas nada convencionais sobre o Brasil.

PUBLICIDADE

Por BBC Brasil
Atualização:

Farofa! Ele respondeu no tiro, e acho que ficou até com água na boca. A resposta me deixou entalado. Meu entrevistado era Seth Kugel, um jornalista que tem publicado longas e originais matérias sobre o Brasil. Minha primeira pergunta a ele tinha sido por que ele gosta tanto e se sente tão atraído pelo Brasil? Esperava aquela história do povo acolhedor, a bela paisagem, as bundas, a vastidão, as praias do nordeste, mas FAROFA! "De que?", perguntei. "Ovo?" "De tudo", respondeu Seth. "Abóbora, qualquer coisa." Você pode achar que se trata de um farofeiro primitivo, mas o Seth em educação e viagem é nota 10. Cresceu em Massachusetts, estudou em Yale e Harvard, foi professor num programa para ensinar crianças pobres, dá aulas de jornalismo na NYU, trabalhou na área de assistência social do governo Giuliani e em 99 começou a freelançar para o New York Times na editoria Cidade. O progresso jornalístico foi rápido. Em dois anos era repórter 'full time', cobrindo o Bronx e o norte de Manhattan, e se tornou um especialista nas comunidades latinas da cidade. Depois de quatro anos começou uma coluna na editoria de Viagem, onde tem algumas das dicas mais diferentes sobre Nova York. E começou a escrever sobre América Latina. Uma de suas primeiras matérias foi como aprendeu português. Seth decidiu iniciar seu aprendizado num barco que pegou em Tabatinga e desceu o Solimões até Manaus. Adorou dormir em rede. A maioria dos passageiros eram evangélicos muito doces, contou ele, mas as primeiras professoras de português do Seth eram duas moças que ensinaram a ele muito além do que estava no livro. Não era exatamente o português que ele procurava. Conheceu Etevaldo, um evangélico que mostrou a Seth onde ele estava na Bíblia, no Gênesis, e ensinou que o nome dele em português é Sete. O repórter não só gostou do nome como tem um site com o nome Sete. Para treinar e ser corrigido, lia a Bíblia de Etevaldo em voz alta, cercado de evangélicos e curiosos. Desembarcou em Manaus, que definiu como a anti-Roma. "Nenhuma estrada leva a Manaus, a menos que você saia do sul da Venezuela", Sete escreveu. E descobriu os encantos da capital do Amazonas, "uma cidade para gente aventureira". A farofa ainda não tinha pintado, mas conheceu as pizzas de tucumã e cupuaçu servidas com maionese. E a fantástica variedade de peixes. Você já sacou que o Sete não é um guia de endereços convencionais, embora tenha escrito um roteiro de 36 horas sobre São Paulo tão positivo que provocou reações negativas. E Belo Horizonte! A cidade que mais gostou no Brasil. Espera aí ô Sete. Eu sou de lá. Não há quase nada para se fazer na minha querida cidade. Pois o Sete descobriu duas grandes virtudes: não há turistas e tem os melhores bares do Brasil. Farofa e Beagá. O farofeiro Sete não é chegado a lugares comuns. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.