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Ameaças emergentes

Os riscos de insegurança cibernética e de extremos climáticos preocupam executivos

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Por Notas & Informações
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O deslocamento das preocupações do empresariado mundial em direção à segurança cibernética e eventos climáticos extremos, como mostrou a edição mais recente do Barômetro de Risco, pesquisa anual desenvolvida pela multinacional de seguros Allianz, reflete a perplexidade diante da velocidade com que avançam os dois temas. Isso apenas comprova que medidas de prevenção e combate a seus efeitos nocivos têm de ser adotadas com igual rapidez.

O universo da pesquisa é formado por mais de 3 mil executivos de corporações empresariais distribuídas em 92 países. Entre os dez maiores riscos, os ataques cibernéticos lideram, por larga margem, o ranking global. Há um temor generalizado em relação a vazamento de dados, invasões de sistemas e pedidos de resgate por informações roubadas.

No Brasil, como destacou a Coluna do Broadcast, a principal preocupação em 2024 é com relação às mudanças climáticas, tema que figurava em oitavo lugar no ano passado. Catástrofes naturais, incluindo enchentes e temperaturas extremas, que ocupavam o sexto lugar na classificação de riscos dos executivos brasileiros, subiram para o quarto lugar. No ranking mundial, os temores com o impacto de eventos meteorológicos extremos também cresceram, passando da sexta para a terceira colocação.

As providências adotadas pelo Brasil nos dois temas – que, obviamente, exigem mobilização global – têm ocorrido, mas é necessário mudar a marcha e acelerar o ritmo. Em 2009, foi instituída a Política Nacional sobre Mudança do Clima, mas a criação do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, com objetivos e metas definidas, só aconteceu sete anos depois. O período de 2010 a 2021 foi classificado como uma década perdida pelo Observatório do Clima, com aumento substancial da emissão de gases poluentes.

Já o decreto que definiu a Estratégia Nacional de Segurança Cibernética, de 2020, até agora pouco efeito prático alcançou para a redução de danos no País. De acordo com a Check Point Research, líder em cibersegurança no mundo, no levantamento de ataques efetivados por semana, o Brasil está acima da média mundial. Mais de 70% dos ataques buscam bloquear operações de empresas, como constatou em pesquisa a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Medidas para reduzir prejuízos tanto das mudanças climáticas quanto da insegurança cibernética dependem de uma ação conjunta, coordenada pelo governo federal, com a adesão imprescindível dos entes subnacionais e do setor privado. Os fenômenos climáticos de 2023, o ano mais quente da história, afetaram a produção agrícola que garantiu o bom desempenho da economia brasileira. A participação de Estados produtores para, por exemplo, reduzir incêndios e desmatamentos ilegais no Cerrado pode contribuir para mitigar a crise climática.

Investir em treinamento de pessoal para cumprir a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) deveria ser a participação das empresas para erguer barreiras aos ataques cibernéticos. Nesse quesito, cabe aos órgãos públicos aperfeiçoar a fiscalização e o controle de dados que circulam perigosamente no universo virtual.