Já está pacificado que Pablo Marçal (PRTB) lançou sua candidatura à Prefeitura de São Paulo basicamente para promover vandalismo político, sem qualquer sinal de responsabilidade e nenhum compromisso com a cidade e seus cidadãos. No entanto, ao invés de ser ignorado pelos demais candidatos, em nome de uma disputa que priorize os problemas reais da cidade, Marçal parece ter conseguido converter seu comportamento de arruaceiro em padrão dos debates. No mais recente, ficou claro que todos os candidatos ali estavam mais empenhados em atacar uns aos outros, algumas vezes em termos próprios das brigas de valentões no recreio, do que em falar de seus planos de governo.
No encontro promovido pela TV Gazeta e pelo site MyNews, houve em certos momentos uma espécie de competição para ver quem conseguia ser tão desagradável quanto Marçal. Com exceção de José Luiz Datena (PSDB), que, como Marçal, nunca exerceu mandato eletivo, os demais ali tinham todos uma razoável experiência nas lides políticas – em que, a despeito do calor dos debates, se exige um mínimo de respeito e compostura diante de opiniões divergentes. Infelizmente, não foi o que se viu: o debate mostrou que a política paulistana parece ter sido contaminada pelo vandalismo de Marçal.
Houve descumprimento de regras, muitos pedidos de direito de resposta, gritaria fora dos microfones e até ameaça de agressão física. É claro que debates eleitorais na TV desde sempre são travados sob uma atmosfera de confronto, razão pela qual é comum que haja alguma altercação que mereça a intervenção dos mediadores. A questão é que, aparentemente, sejam quais forem as regras ou o rigor dos organizadores, os debates nas eleições paulistanas deste ano estão fadados a se transformar em rinha: todos parecem ocupar o púlpito como se estivessem no corner antes de um combate de vale-tudo.
De fato, não é fácil adaptar toda uma estratégia de campanha e de participação nos debates à presença disruptiva de um aventureiro profissional como Pablo Marçal, que, como uma criança, não conhece limites. Ocorre que a resposta dos adultos não pode ser mais infantil que a do moleque que os desafia. Ao fazer dos debates um torneio de “lacração”, desses que fazem a alegria das redes sociais irresponsáveis, os candidatos paulistanos ofendem-se uns aos outros e, com isso, ofendem os eleitores.
De Marçal não se espera nada mesmo, uma vez que ele só está na campanha para bagunçar. Já os demais candidatos, se realmente nutrem genuíno desejo de governar a cidade, deveriam refletir se não seria o caso de desarmar os espíritos e investir numa campanha que olhe para o eleitor como o pagador de impostos que será afetado por suas políticas, e não como o frequentador de redes sociais que vibra a cada agressão.
Espera-se que nos próximos debates o bom senso seja restituído e as propostas sejam, enfim, apresentadas. Os paulistanos procuram por um prefeito competente, não por um baderneiro destemperado.