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Opinião|O hexa não veio, mas a seleção brasileira de Astronomia bateu um bolão em 2022

Estudantes brasileiros superam desafios do País e conquistam resultados históricos em competições internacionais, mostrando que podem ir muito além com mais apoio

Por Eugênio Reis

Em 2022, o hexa não veio, mas a seleção brasileira de Astronomia bateu um bolão. Apesar de ainda termos muito a caminhar para abraçarmos todos os nossos jovens, de norte a sul, a cada ano conquistamos resultados cada vez mais expressivos em olimpíadas científicas internacionais.

A 25.ª edição da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) foi um grande sucesso, tendo alcançado a marca de 1.945.000 estudantes inscritos – um crescimento expressivo de 115%, comparado com 2021. Destes, foram 1.181.516 alunos participantes, 12.369 escolas e 56.860 medalhas distribuídas.

Este ano, na Olimpíada Latino Americana de Astronomia e Astronáutica (Olaa), todos os estudantes brasileiros chegaram ao ponto mais alto do pódio pela segunda vez consecutiva, faturando nada mais, nada menos do que cinco medalhas de ouro. E, na 15.ª Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA, na sigla em inglês), o que seria a “Copa do Mundo da Astronomia”, a seleção brasileira trouxe para nosso país 1 medalha de ouro, 2 de prata e 2 de bronze.

Esses resultados corroboram que as iniciativas científicas são as principais ferramentas de que dispomos no Brasil para estimular nossos jovens a estudar mais e melhor. Colaboram para a melhoria do processo educacional, estimulando a capacitação e a atualização de professores, e ainda favorecem a identificação de alunos talentosos.

Para além do apoio importante dado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), parlamentares podem seguir o exemplo da deputada federal Tabata Amaral, que já foi medalhista internacional de Astronomia e destinou, recentemente, parte de suas emendas parlamentares à Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e à Olimpíada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (Obmep). As empresas também podem colaborar e se beneficiar desse apoio, com programas de parcerias para a retenção e o desenvolvimento de talentos desde a base. Somente por meio de um trabalho em conjunto poderemos melhorar todas as cadeias do processo educacional das redes públicas e privadas em todo o território nacional, e assim construirmos um futuro melhor para os nossos jovens.

A OBA, por exemplo, promove todo ano os Encontros Regionais de Ensino de Astronomia (Ereas), que capacitam professores e introduzem os alunos no universo das ciências espaciais. O evento já ocorre há mais de uma década e percorreu centenas de cidades, chegando, inclusive, a presídios, o que vem ajudando determinantemente na popularização da ciência no País e no crescente interesse dos alunos e dos educadores pela olimpíada. Realizada geralmente com recursos de apoios de prefeituras, governos de Estado e empresariado, a iniciativa leva palestras, cursos e atividades lúdicas, com especialistas e planetário itinerante, movimentando toda a comunidade.

Se mesmo com pouco investimento atingimos resultados tão promissores, imaginem quão longe conseguiremos levar nossos estudantes com mais recursos? Quantas vidas poderão ser transformadas?

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ASTRÔNOMO, VICE-COORDENADOR NACIONAL DA OBA, É PESQUISADOR COLABORADOR DO MCTI