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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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8 min de leitura

Tragédia no RS

Alerta

A tragédia que está acontecendo no Sul do País é uma alerta. Discursos, sobrevoos e liberação de verbas extraordinárias não serão suficientes. É preciso, com urgência, agir preventivamente diante das mudanças climáticas, cada vez mais frequentes.

J. Francelino do Nascimento

São Paulo

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Dinheiro e desastres

Tragédias imensas como a do Rio Grande do Sul são solucionadas por dinheiro e pela visibilidade de governantes quando já se consumaram, machucaram o povo e levaram vidas. Vejam as notícias no Estadão de que o pacote de socorro prevê enviar verba fora do limite fiscal, rever dívida estadual, flexibilizar gastos municipais e liberar emendas. Nada de desenvolver políticas amplas, forçar as outras nações a se incorporar na luta pela estabilização do clima, pesquisas e medidas científicas idôneas e criativas de caráter preventivo? Não rendem votos. Melhor a desgraça, enfrentada depois do sofrimento, com o dinheiro do povo manipulado pelas demagogias reinantes.

Amadeu R. Garrido de Paula

São Paulo

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Um ‘plano imagético’

Consta que desde 2012 um plano nacional de prevenção contra catástrofes deveria ter sido posto em prática pelos nobres administradores do País (Estadão, 7/5). Desde então, Brumadinho, Mariana, Paraty, São Sebastião, cidades de Santa Catarina e, agora, o Rio Grande do Sul sofrem as consequências desse plano imagético que nunca veio às vias de fato. Acrescentem-se a isso as tragédias silenciosas, que chegam em doses homeopáticas aos nossos ouvidos distraídos com as migalhas populistas distribuídas como informações. Obviamente que os supersalários dos que podem, mandam e não fazem estão em dia, inclusive com as pesadas pencas de penduricalhos garantidas. Uma vergonha inimaginável a qualquer nação. As tragédias trazem sérias consequências, e não basta uma efusiva campanha de arrecadação de doações. Tem o que vem depois, que se dilui na história solitária de cada um: doenças físicas e mentais, traumas, lutos e o peso da reconstrução da estrutura básica de vida, da dignidade e de si mesmos.

Até quando seremos vítimas da irresponsabilidade dos administradores deste país? Mais uma vez, é descaso, e não acaso.

Ana Silvia F. P. P. Machado

São Paulo

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Fundo Eleitoral

Este ano, para custear as eleições municipais foram aprovados no Orçamento R$ 5 bilhões, o chamado fundo eleitoral. Enquanto isso, parlamentares querem destinar R$ 500 milhões em emendas PIX ao Rio Grande do Sul, o que ainda está em discussão no Congresso e no governo. Acho que não preciso dizer mais nada.

Panayotis Poulis

Rio de Janeiro

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R$ 4,9 bilhões

Não há o que discutir desta vez. Todo o dinheiro do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), no valor total de R$ 4,96 bilhões para 2024, deveria ser destinado para socorrer as vítimas da tragédia do Rio Grande do Sul. Que os partidos e seus respectivos candidatos busquem outras fontes de receita.

Mario Miguel

Jundiaí

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Fundo Partidário

Louvável a proposta dos deputados federais Bibo Nunes e Luiz Philippe de Orléans e Bragança quanto ao uso de 50% do Fundo Partidário de 2024, de R$ 1,2 bilhão, para ajudar a superar a catástrofe do Rio Grande do Sul. Mas a medida pode ir além: o fundo deveria ser extinto e seu valor, integralmente inserido num plano federal antidesastres.

Geraldo C. Meirelles

São Paulo

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Seguro para catástrofes

Muito bem lembrada, no artigo de Antonio Penteado Mendonça (Uma solução simples, barata e eficiente, Estadão, 6/5, B15), a possibilidade de um seguro social para catástrofes. É oportuno lembrar que o Brasil já teve Política Urbana, entre muitas ferramentas que existiram, e ressalto o Serviço Federal de Habilitação e Urbanismo (Serfhau), que inclusive financiava planos diretores para a organização e o ordenamento urbano das mais diversas nucleações. O seguro social para catástrofes seria, no caso, uma alternativa de garantia para as imprevisibilidades, e não a alternativa pós-desastre.

Aldenir Paraguassú, arquiteto urbanista e ambientalista

Brasília

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Solidariedade

Impressionante a corrente de solidariedade que os brasileiros estão fazendo para ajudar as pessoas afetadas pela tragédia no Rio Grande do Sul. O Brasil ainda tem jeito.

Luiz Frid

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

INVESTIGAÇÃO

Como mostrou o Estadão, em matéria intitulada Corregedor manda investigar pagamento de salários de mais de R$ 1 milhão a juízes de Rondônia (Estadão, 5/5, A9), 46 integrantes da Corte tiveram subsídios de mais de R$ 1 milhão cada, em valores brutos. Dez magistrados receberam R$ 1 milhão líquido, ou seja, já com os descontos de praxe; enquanto isso, milhões de concidadãos e de concidadãs estão passando fome, não têm água encanada nem luz. Agora entendo por que a estátua símbolo da liberdade, em frente ao Supremo Tribunal Federal está sentada, sem a balança e a espada.

Fernando de Oliveira Geribello

São Paulo

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SALÁRIOS ASTRONÔMICOS

O Estadão presta um grande serviço ao Brasil com as denúncias dos salários astronômicos do Judiciário. Nosso país não tem futuro enquanto não estancar esse desperdício, pois o teto não tem limites, e os penduricalhos chegam a mais de um milhão anual. Em Minas Gerais, ficou conhecido o caso de um procurador reclamando que recebia um miserê de R$24 mil.

Elias Nogueira Saade

Minas Gerais

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BOLSONARO INTERNADO

Toda vez que surge uma crise ou precisa justificar ausência, Jair Bolsonaro adoece, já perceberam? Agora, está internado por obstrução intestinal e erisipela. Assim, não poderá ser cobrado pela omissão de ajudar os gaúchos, inclusive, com um pouco daqueles milhões recebidos por PIX.

Sylvio Belém

Recife

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CASO DA PORSCHE

O rapaz que matou em grave acidente o motorista de aplicativo pode ter todas as responsabilidades e culpas cabíveis, porém, a repercussão por um acidente triste com a morte de um pai e marido ainda novo, mesmo tendo uns 20 casos por semana parecidos, tomou proporções lunáticas por puro preconceito com rico. Mas tudo isso não é tão grave como a ruindade dos justiceiros do Ministério Público e o juiz, que decretaram a prisão imediata de um denunciado em uma sexta-feira. Como já vimos em outros casos, isso mostra a triste crueldade ao ter que aguardar até segunda-feira para pedir o habeas corpus.

Roberto Moreira da Silva

Cotia

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‘PAÍS DAS CONTRADIÇÕES’

Somos ou não o País das contradições? Em meio a catástrofe que está atingindo os irmãos gaúchos, doloroso sofrimento que está a sensibilizar todo o mundo, o Rio foi palco de um milionário megaespetáculo da sexagenária rainha do pop Madonna, que engordou a sua poupança com R$17 milhões. Segundo os beneficiados, patrocinadores e detentores de direitos diversos, confirmou-se o número de espectadores amplamente noticiados nos dias precedentes: quase 2 milhões. Será? Imagens aéreas comparadas com a geografia e densidade das quadras da orla de Copacabana nos réveillons, que atraem multidões ano a ano, contradizem esses superestimados números. De qualquer forma, no País do carnaval e do futebol, do povo marcado, povo feliz, isento de qualquer tietagem reativa à Madonna, senti-me ofendido e humilhado pelo o que a tia do cabaré apresentou na gigante casa da luz vermelha. Luz, câmera e ação! Sodoma e Gomorra são fichinhas. Uma miscigenada ópera estilizada e difusa, música em escancarado playback, elenco híbrido, suspeitas imagens ideológicas em telões adjuntos, etc. Triste ouvir o alegrinho prefeito, Eduardo Paes, louvar o sucesso econômico do evento para o caixa do município e anunciar, sob emoção, que virão espetáculos de outras pop stars, igual e justamente famosas pela obra, porém, cronologicamente decadente como atração, tal qual a rainha emérita do pop.

Celso David de Oliveira

Rio de Janeiro

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RECONSTRUÇÃO DO RS

Recursos dos orçamentos governamentais serão canalizados para a catástrofe gaúcha, com a louvável presença da força-tarefa Executiva, Legislativa e Judiciária em Porto Alegre. Reconstrução de vasta infraestrutura para dar condição ao Estado de renascer política, social e economicamente. Mas, graças ao incansável trabalho dos repórteres dos vários veículos de informação nas últimas semanas, há outro lado muito maior, com menos visibilidade: o problema das famílias. Há anos, vítimas de enchentes e moradores entrevistados mostram e descrevem destroços entulhados em algum lugar de suas casas desde a última enchente. Ninguém tem como sequer começar a reconstruir mais uma vez. Não é o caso de liberar FGTS de cada família. É inútil, não vai dar conta. Sugestão: a população e organizações contribuírem para a criação de um fundo gerenciado pela Caixa Econômica Federal custear a reconstrução das casas devastadas.

Luis Tadeu Dix

São Paulo

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DESASTRE AMBIENTAL

Ironia da história: a capital gaúcha inundada pelas águas do Guaíba se chama Porto Alegre. Triste!

J. S. Decol

São Paulo

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DOAÇÕES

Se você doar 1% do que ganha, você vale um dez. Se doar 10%, você vale mil. Vamos doar, pois mais do que nunca é preciso ajudar e, com isso, inundar de solidariedade os irmãos do Sul.

Roberto Solano

Rio de Janeiro

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REPASSE DE RECURSOS

Estou sensibilizada pela quantia exorbitante de R$580 milhões liberados pelo governo federal para o Rio Grande do Sul. E os R$42 bilhões destinados aos procuradores, ministros, etc., é pouco?

Lourdes Migliavacca

São Paulo

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EMENDAS PARLAMENTARES

Alguém aí sugeriu que os congressistas abram mão de suas bilionárias emendas parlamentares em benefício do Rio Grande do Sul? Ah, tá. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, claro. Sempre foi assim, não é?

Marcelo Gomes Jorge Feres

Rio de Janeiro

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INUNDAÇÕES NO SUL

Tenho acompanhado com tristeza as enchentes no Rio Grande do Sul. Assim como lá, outras cidades tiveram esse problema, inclusive São Paulo, e sabendo das mudanças climáticas que estão ocorrendo em várias partes do mundo, creio que uma maneira de minimizar essas inundações seria diminuir consideravelmente a impermeabilização do solo. Creio que as ruas com parte asfalto e parte paralelepípedo possa ser uma solução até que outras sejam descobertas. Minha sugestão de leigo busca encontrar uma solução para amenizar futuros problemas.

Livio Mario S. Piraino

São Paulo

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DESTRUIÇÃO DO HABITAT

Está mais do que claro que nós, humanos, com a destruição do meio ambiente e o crescimento das guerras ao redor do mundo, estamos aniquilando nosso habitat. A pergunta é: a quem interessa?

Luiz Frid

São Paulo

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MINISTRA DO MEIO AMBIENTE

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, com sua verve reivindicatória e eloquente, ainda não conseguiu dar uma singela explicação em face do crescente aumento de garimpos ilegais na Amazônia. Todos sabem que até 2022 eram cerca de 80 mil pontos de garimpagem não autorizadas. Mas, Marina Silva, com sua eficiência, mostra que tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. E aí, Marina, cadê você?

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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FALTAS NAS ESCOLAS

Minha vida escolar começou quando ingressei no jardim de infância (equivalente ao maternal ou alfabetização de hoje). Ia com a minha irmã maior, estudante de um colégio de freiras na zona Sul do Rio de Janeiro. Ela acordou um dia sem condições de ir. Nossa mãe deliberou que eu também não precisaria. Aí protestei, pois queria ir e fui, para surpresa da família. Minha determinação era uma demonstração de apreço ao ambiente escolar. Uma criança pequena não sabe o que a educação pode representar na vida de alguém, mas as atividades, a professora, as coleguinhas e o conjunto me cativava. Lembrei disso quando li o artigo intitulado Mais faltas na escola no pós-pandemia (Estadão, 5/5, A23). Poderia ser útil um levantamento sobre como crianças e jovens se sentem na escola, se acolhidos e estimulados. Se acreditam, enfim, que frequentar aquele ambiente lhes traz benefícios reais.

Patricia Porto da Silva

Rio de Janeiro

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EROTHIDES DE CAMPOS

Há cem anos, em 17 de maio de 1924, o compositor cabreuvano, Erothides de Campos, compôs a valsa Ave Maria, na cidade de Pirassununga. Música que foi tocada pela primeira vez em 11 de junho do mesmo ano pelo Grupo Chorão, do qual Erothides fazia parte. Em pouco tempo, a valsa já havia conquistado os corações dos brasileiros de Norte a Sul do País, tanto que, no início da década de 1930, não havia, no Brasil, quem não conhecesse a Ave Maria de Erothides de Campos. O sucesso da composição foi tão grande que atravessou fronteiras e chegou a países como Itália, Portugal, Hungria, França, Alemanha e Romênia. A letra da música foi inspirada em um crime passional que aconteceu na cidade natal de Erothides, Cabreúva, cometido pelo seu irmão, Paulo, que inconformado com o término de seu relacionamento com Oscarlina, atirou na ex-namorada. A vítima foi socorrida na Santa Casa de Itu, porém, não aguentou aos ferimentos e veio a falecer, sendo sepultada em 16 de janeiro de 1924. As famílias de Paulo e de Oscarlina, que tocavam juntas na Banda Orfelina Cabreuvana e no Coro da Igreja, após esse triste episódio, foram embora da cidade. Assim, Cabreúva perdeu essas duas famílias de músicos, uma para Jarinu e outra para Piracicaba. Três meses depois, o genial Erothides de Campos, autor de mais de 200 composições, transformou a tragédia em uma bela valsa: Ave Maria. Música gravada por dezenas de cantores e que ainda continua sendo tocada. “cai a tarde tristonha e serena, em macio suava langor, despertando no meu coração a saudade do primeiro amor (...)”

Waldemar Camargo

Cabreúva