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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
10 min de leitura

Saúde

IA e a realidade do Brasil

Excelente o caderno especial sobre como a inteligência artificial (IA) transformará a saúde (Estadão, 21/4, D1 a D8). Infelizmente, isso está muito longe de nossa realidade, pois as empresas administradoras dos planos de saúde hoje limitam a atualização de procedimentos básicos no tratamento de seus associados. Assim, nas cirurgias que necessitam da implantação de próteses, por exemplo, limitam-se aos modelos mais básicos, dificultando o uso de materiais mais modernos. O uso de robots, muito difundido na prática médica atual, não é nem considerado pelo SUS. Apenas alguns centros universitários conseguem realizar cirurgias com o auxílio do robot. Paralelo a este aspecto comercial, a Presidência da República publicou agora o Decreto nº 11.999/24, que prejudica muito a estruturação e a adequação da residência médica, que é a possibilidade de um médico se especializar e conhecer o que é atual e imaginar o que será o futuro. Não se concebe a evolução da Medicina sem a evolução do médico.

Gilberto Luis Camanho,

professor titular de Ortopedia da FMUSP

São Paulo

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Ciência

Repatriação de cientistas

Louvável a iniciativa do CNPq de implementar um programa para repatriar os cientistas brasileiros que estão no exterior (Estadão, 21/4, A18). Entretanto, será difícil trazê-los de volta sem oferecer condições melhores do que eles têm no exterior, que tem sido a política da China, por exemplo. Se, por um lado, um salário de R$ 10 mil a R$ 13 mil para um jovem doutor que tem uma bolsa de cerca de R$ 5 mil no Brasil significa um ganho substancial, ele dificilmente atrairá um cientista que ganha cerca de US$ 5 mil por mês (por volta de R$ 25 mil) como pós-doutorando nos EUA – e sem ter de enfrentar toda a burocracia para importar os reagentes para suas pesquisas, o que aqui pode demorar meses. Se as propostas do CNPq, de ajudar na aquisição de equipamentos, plano de saúde e de aposentadoria, forem implementadas para os jovens doutores brasileiros, isso certamente contribuirá para reter os jovens talentos que ainda não emigraram. A política de importação de insumos para a pesquisa, que, além de levar meses, gera muito desperdício, também tem de ser revista. Com os mesmos recursos poderemos fazer muito mais. O Brasil tem de acreditar e investir nos seus cientistas, antes que seja tarde.

Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Pesquisas em Genoma Humano e Células-tronco, no Instituto de Biociências da USP

São Paulo

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Congresso Nacional

PEC do Quinquênio

Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, no Brasil, têm vivido momentos de conflito. Mas, para aprovar benefícios como o previsto na PEC do Quinquênio, em benefício de uma categoria/casta privilegiada, eles se unem fraternalmente.

Jorge Bartolo

São Paulo

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Política nacional

Zé Dirceu e Eduardo Cunha

A volta dos que não foram, título de editorial do Estadão de 21/4 (A3), seria hilariante, não fosse o trágico enredo da sua narrativa, e traduz fielmente o que permeia a atual política brasileira, sem valores republicanos, sem ética, sem decência, sem compromisso com corrigir as desigualdades sociais (muito ao contrário). Assistimos perplexos e impotentes a uma infinidade de afrontas feitas por políticos (e não só por eles, é bom que se diga) de vários matizes, que nos deixam indignados e descrentes de um futuro melhor para o povo brasileiro. Citada a saúva no texto, não custa resgatar o que disse o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, quando da sua passagem pelo Brasil entre 1816 e 1822: “Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. As saúvas atuais todos sabemos quem são. Só não temos a menor ideia de quando elas serão eliminadas. Se é que um dia o serão.

José Carlos Lyrio Rocha

Vitória

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Preciso e desanimador o editorial A volta dos que não foram. A classe política brasileira de fato se rebaixa cada vez mais, sem pudores. Não vejo esperança de dias melhores.

Rita de Cássia Guglielmi Rua

São Paulo

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Correção

O comício realizado na Praça da Sé que deu origem à campanha das Diretas Já ocorreu no dia 25 de janeiro de 1984, e não em 25 de abril de 1984 (dia da votação da emenda das Diretas), como informou Bolívar Lamounier no artigo Farol alto (20/4, A4).

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

PEC DA DEFESA

Em relação ao editorial O atraso que une governo e oposição (Estadão, 22/4, A3), gostaria de tecer os seguintes comentários: num mundo cada vez mais multipolar e agressivo, o investimento em defesa nacional é sempre meritório. Entretanto, deve-se ver a qualidade desse investimento para que não haja chancela oficial do desperdício, ineficiência, improdutividade, favorecimento a empresas amigas, atendimento a demandas esdrúxulas de uma classe militar com atuação semelhante à sindicalista, e até estímulo à corrupção pura e simples. A revista The Economist, em sua edição de 13 de abril (pág. 29), estimou que cada um dos oito submarinos nucleares que deverão ser construídos na parceria entre a Austrália, Reino Unido e Estados Unidos custará US$ 46 bilhões, o equivalente a quase o dobro do orçamento total de Defesa atual do Brasil. A atuação efetiva das nossas Forças Armadas na Defesa Nacional, infelizmente, parece estar muito aquém do que deveria ser, mesmo com o orçamento atual, e os lamentáveis acontecimentos da transição de governo e de 8 de janeiro de 2023 nos fazem pensar que deve, necessariamente, haver um maior controle dos representantes da sociedade sobre essa atuação. Sem esse controle, corremos o risco de, no futuro, nos transformarmos novamente numa ditadura militar ou num verdadeiro estado policial antidemocrático. A proposta que está sendo debatida, de se dar um verdadeiro cheque em branco sem qualquer contrapartida concreta dos beneficiados é, portanto, claramente contra o verdadeiro interesse nacional. De qualquer forma, não se deve ter a ingenuidade de acreditar que, com o desenho atual, nossas Forças Armadas conseguirão, mesmo com um orçamento de Defesa de 2% do PIB, melhorar substancialmente a defesa das nossas fronteiras nacionais contra todo tipo de criminalidade, ilegalidade e intromissão indevida, mesmo em comparação com o relativamente pouco que está sendo feito até agora. Tristes trópicos.

Fernando T.H.F. Machado

São Paulo

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TROÇA DA REPÚBLICA

A respeito do editorial A volta dos que não foram (Estadão, 21/4, A3), sobre a recidiva do câncer José Dirceu e Eduardo Cunha à cena política – o primeiro, vergonhosamente recebido com tapete vermelho, pompa e circunstância no plenário do Senado Federal, a câmara alta da República –, como se nada tivessem feito no passado repleto de malfeitos pelos quais foram merecidamente condenados, cabe, por oportuno, reproduzir o seu último parágrafo: “Festejar um José Dirceu e um Eduardo Cunha, depois de tudo o que fizeram para desmoralizar a democracia e as instituições, equivale a fazer troça da República, cujo nome é pronunciado em vão por aqueles que a corroem por dentro, tal como as saúvas denunciadas por Mario de Andrade há quase um século. Dirceu e Cunha são os heróis sem nenhum caráter que tão bem representam o ideal político do Brasil de hoje: como Macunaímas atualizados, proclamam a quem interessar possa que não vieram ao mundo para ser pedra, isto é, para se apegar a valores como respeito à moral, às leis e à democracia, e sim para explorar todas as oportunidades que tiverem, sem qualquer peso na consciência, para acumular poder, influência e riqueza. É por isso, e por nenhuma outra razão, que tipos como Dirceu e Cunha são recebidos nos salões de Brasília não com repugnância, e sim com admiração e calorosos tapinhas nas costas”. Diante do exposto, cabe dizer que são recepcionados por seus pares, farinha do mesmo saco, os vendilhões do templo do Congresso. Vergonha!

J. S. Decol

São Paulo

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A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM

Ao incensar José Dirceu&Cumpañeros, Brasília conta a antiga anedota onde o Criador dizia “...vocês não tem ideia da gentinha que eu vou recolocar lá”.

Ademir Fernandes

São Paulo

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PEC DO QUINQUÊNIO

O alto escalão do Judiciário pode receber o quinquênio por importância do cargo que ocupam, por PEC aprovada no Senado. Se não houvesse milhares de processos parados há mais de cinco anos, que lei criariam para ganhar mais por produtividade?

Carlos Gaspar

São Paulo

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PONTA DO ICEBERG

A força-tarefa o Ministério Público de São Paulo e a Polícia Militar investigam a relação entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) com as prefeituras paulistas. Na verdade, o ilícito gira em torno de R$200 milhões esquentados pelo grupo criminoso. Afinal, esse grave problema acontece há mais de 20 anos de domínio no transporte na Grande São Paulo. Pelo andar da carruagem, dizem que é só a ponta de um grande iceberg. É o crime e a política andando juntos. Quem viver verá.

Júlio Roberto Ayres Brisola

São Paulo

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ATO DE BOLSONARO

No ato bolsonarista em Copacabana houve declarações de todo tipo. O pastor Silas Malafaia, organizador do evento, atacou uma emissora de TV, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e acrescentou “se a minuta de golpe é fake news, inquérito de pseudo-golpe é uma farsa para atingir Jair Bolsonaro”. Contrariou o próprio Bolsonaro, que declarou em 25 de janeiro, no ato da Avenida Paulista, em São Paulo, que sabia da existência do documento. “Agora, o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha a santa paciência”. Seguindo o ensinamento da Bíblia (Mateus 6:24), o pastor deveria se dedicar bem mais ao serviço de Deus, pois “ninguém pode servir a dois senhores”.

Omar El Seoud

São Paulo

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BOLSONARISMO

Magnífica a presença de milhares de pessoas que deixaram o seu lazer para prestigiar o presidente mais estadista da história republicana, Jair Bolsonaro, neste sábado, 20/4. A esquerda invejosa tentou mais uma vez mentir, afirmando que o número de participantes era ínfimo. Ela sabe que tem um presidente sem povo e imoral.

Luiz Felipe Schittini

Rio de Janeiro

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DISCURSO DE MALAFAIA

Na manifestação pró-Bolsonaro, que reuniu perto de 30 mil pessoas em Copacabana, o pastor Silas Malafaia, declarou: “É safadeza dizer que Jair Messias Bolsonaro tramou um golpe. Tentativa de golpe está no artigo 359 do Código Penal, que diz que tentativa de golpe é tentar, com emprego de violência e grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”. Nenhuma surpresa em mais uma afirmação bolsonarista estapafúrdia negacionista, para não dizer mentirosa. Em 8 de janeiro de 2023, o patrimônio representativo dos Três Poderes, em Brasília, foi destruído e autoridades policiais ameaçadas e agredidas. As evidências de que militares de alta patente, além do próprio então presidente Bolsonaro, engendraram um plano sério de golpe de Estado (não foi brincadeirinha). Safadeza é tentar tomar o poder pela força e negar tudo depois.

Luciano Harary

São Paulo

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PÚBLICO EM MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS

Fluxograma é a representação visual do processamento de dados e corresponde ao esqueleto de um algoritmo, que é uma sequência de instruções no âmbito da programação. O fluxograma do programa do “Monitor do Debate Político no Meio Digital”, da USP, que calcula o número de presentes em atos públicos, parece ser iniciado pela seguinte indagação: “O ato público foi promovido pela esquerda ou pela direita?”. Dependendo da resposta, o tendencioso fluxograma tomará uma direção ou outra. Se direita, a direção a ser tomada fará com que o público presente seja minguado. Se esquerda, esse público será inflado. Os números risíveis calculados pela tal ferramenta da USP – reduto esquerdista –, nas recentes e impressionantes manifestações da direita, na Avenida Paulista e em Copacabana, fazem lembrar das manipulações orwellianas de imagem tão recorrentes no stalinismo. Pelo visto, o Grande Irmão é uspiano.

Túllio Marco Soares Carvalho

Belo Horizonte (BH)

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ATO EM COPACABANA

Qual ditadura abomina a extrema-direita e reuniu um diminuto público em Copacabana? A que durante 21 anos rasgou a Constituição no Brasil, suspendeu os direitos individuais, prendeu, matou e torturou? Acho que não, pois têm como ídolo o cruel torturador coronel Carlos Brilhante Ustra, e defende os seus princípios. E qual liberdade, segundo os bolsonaristas, merece ser defendida? A que lhes permite atentar contra o Estado de Direito e cumpre todos os passos legais antes de decretar sua prisão? Felizmente, com a diminuição do número dos que comparecem, parece que o brasileiro começa a entender a mentira que pregam.

Sylvio Belém

Recife

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ELON MUSK

Em relação à matéria Bolsonaro exalta Musk, critica ministros de Lula e terceiriza ataques a Alexandre de Moraes (Estadão, 21/4, A8), a vida é feita de escolhas, e a todo momento somos motivados, instigados a escolher um lado. O conflito da vez coloca de um lado Elon Musk, dono de uma inteligência extraordinária, um dos maiores inventores e empreendedores do nosso século, atuando em neurotecnologia, internet, produção de energia limpa, desenvolvimento de projetos aeroespaciais, inovação automobilística, inteligência artificial, geração de milhares de empregos, e ao que tudo indica, nunca se envolveu em roubalheira e corrupção. Do outro lado temos o arbitrário Alexandre de Moraes, ministro do Supremo por QI (quem indica), chancelador de um governo ilícito, representado por um ex-presidiário e intelectualmente limitado. Por uma questão de coerência e inteligência, escolho o lado de Elon Musk.

Maurílio Polizello Junior

Ribeirão Preto

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FUSÃO PETZ E COBASI

Em relação à matéria Petz e Cobasi fecham acordo de fusão para criar empresa com receita de R$ 6,9 bilhões (Estadão, 20/4, B8), cabe comentar que os acionistas vão ganhar e os consumidores vão perder porque acabará a guerra. Qual será a opinião do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) depois de ler essa reportagem?

Ronaldo José Neves de Carvalho

São Paulo

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PRIVATIZAÇÕES

O que aconteceu no Pacaembu, com o cancelamento do show de aniversário do rei Roberto Carlos, comprova que nem toda privatização é um bom negócio para a população. Diante da iminente privatização da Sabesp, cabe indagar: será que ela será uma boa coisa para nós, paulistas pagadores de impostos? Há privatizações e privatizações, como sabemos. É para pensar, sem influência de nenhum viés ideológico, mas prático e realista. Em regra, não se mexe em time que está ganhando.

José Antonio Braz Sola

São Paulo

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CONFLITO EM GAZA

Será que há alguma dúvida que, para o Hamas, essa tragédia pelo que passa os palestinos na Faixa de Gaza não tem o mínimo valor? Por que não soltam os cidadãos israelenses que foram covarde e cruelmente sequestrados? Nada disso estaria acontecendo.

Luiz Frid

São Paulo

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VENCEDOR DO BBB 24

Fiquei sabendo por meio da imprensa que o vencedor do Big Brother Brasil 24, Davi Brito, após ganhar o prêmio, descartou a esposa. Como se vê, o programa dá espaço para a pessoa se vitimizar e assim ganhar o apoio da população. Segundo ele, entrou para jogar e conseguiu levar no bico milhares de seguidores. O cidadão se definiu como preto e periférico. Restou do outro lado uma vítima. Sua namorada/mulher que o estendeu a mão. Convém não se iludir com fotos ou coisas polêmicas e vitimismo advindos das redes sociais ou de programas de TV, pois comportamento e caráter não aparecem na tela. Fica a dica.

Izabel Avallone

São Paulo

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PEDÁGIO DE SÃO PAULO-COTIA

Custo acreditar que vão colocar um pedágio que irá ligar São Paulo a Cotia. Pelo amor de Deus, por que não um transporte sobre trilhos? Ou um metrô? Vai submeter um milhão de cidadãos a pagar e ficar 18 horas no trânsito e filas? Eu não acredito. Espero que a população local não aceite e nem permita a construção de pedágios, a não ser que sejam pedágios por censores, que a pessoa compre por celular e, mesmo assim, vamos ter que saber qual será nossa vantagem.

Roberto Moreira da Silva

Cotia