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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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11 min de leitura


Inadimplência

71,4 milhões de pessoas

Parece surreal e totalmente descabido o plano do governo Lula 3 de baratear o preço dos carros populares e oferecer um financiamento de pai para filho num país em que nada menos que 71,4 milhões de pessoas (43% da população adulta) estão comprometidas com dívidas em aberto de mais de R$ 340 bilhões no cartão de crédito e no cheque especial, o maior número verificado desde janeiro de 2016, segundo levantamento da Serasa Experian de abril. A razão da espiral de endividamento deve ser creditada à inflação e aos juros extorsivos aplicados pelos bancos e empresas financeiras, que tendem a tornar as dívidas impagáveis. Como anotou o editorial A escalada da inadimplência (Estado, 27/6, B3), “a solução para esse drama depende essencialmente do crescimento sustentável, numa escala mais ambiciosa que a atual, para que tenha impacto sobre a renda do trabalho e o emprego formal. Até o momento, a inadimplência de quase metade dos brasileiros é um dos freios a esse objetivo. É preciso considerar, também, que a situação real provavelmente é bem pior: a Serasa Experian não inclui as dívidas com os agiotas”. O que esperar do futuro de um país nessa situação?

J. S. Decol

decoljs@gmail.com

São Paulo

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Crise russa

‘Quem dá mais?’

O presidente Lula crê que entende a dinâmica por trás do conflito na Ucrânia e já declarou que poderia resolvê-lo como que numa mesa de bar. Ora, para entender o que está acontecendo na Rússia, nada mais importante do que o significado do termo mercenário: alguém que age por interesse financeiro em busca de vantagens materiais. O grupo Wagner é, de fato, uma empresa paramilitar privada de mercenários russos. Mas não são eles os únicos mercenários envolvidos neste imbróglio. Mercenários são, também, os generais do exército russo, dentro do qual imperam a corrupção e o contrabando de armas, tendo isso sido um importante fator para o insucesso de suas operações na Ucrânia. E lembremo-nos também de Vladimir Putin, que teria uma fortuna pessoal de US$ 200 bilhões, numa estimativa de 2017 feita perante o Congresso norte-americano, o que o tornaria o homem mais rico do mundo. Portanto o que está acontecendo agora nos bastidores de Moscou? Uma operação do tipo “quem dá mais”, sendo os Estados Unidos um dos players? Lula precisa mudar a sua referência. Que tal, ao invés de se basear em suas experiências numa mesa de bar, aplicar seus amplos conhecimentos acumulados em Brasília? Compreender as coisas por lá pode ser mais fácil do que Lula imagina.

Jorge Alberto Nurkin

jorge.nurkin@gmail.com

São Paulo

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Túnel Santos-Guarujá

Valor corrigido

Em relação à oportuna carta do leitor sr. Carlos Sulzer (Túnel Santos-Guarujá, 26/6, A4), informo que o valor citado pelo missivista, de R$ 2,9 bilhões para o projeto de construção do túnel Santos-Guarujá, refere-se ao projeto feito pela extinta Dersa em 2012. Aplicando-se a correção do Índice Nacional da Construção Civil (INCC) neste período de 11 anos, o valor chega a R$ 6,192 bilhões. Assim, esclareço que o valor citado em 2022 não considerava o valor atualizado, nem os ajustes do projeto atual, principalmente com as embocaduras em ambos os municípios, nem a inclusão do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Contudo, reitero que o valor final será resultante de ampla concorrência entre consórcios em 2024.

Eduardo Lustoza,

diretor de Desenvolvimento de Negócios e Regulação da

Autoridade Portuária de Santos

elustoza@brssz.com

Santos

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Dengue

Vacina no PNI

Em 2022, a epidemia de dengue atingiu 1.450.270 casos prováveis no País. Houve aumento superior a 160% em relação aos 544 mil infectados ocorridos em 2021. Segundo os dados disponíveis do Ministério da Saúde, enquanto ocorreram apenas 244 mortes em 2021, houve um recorde da série histórica, com 1.016 mortes pela doença no ano passado. Pela primeira vez, superou-se o milhar de vítimas. A nova vacina disponível, por enquanto apenas na rede privada, deveria ser incorporada rapidamente ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e constar do calendário nacional de vacinação, para combater os efeitos nocivos da doença, tanto na saúde pública como para a economia nacional.

Luiz Roberto da Costa Jr.

lrcostajr@uol.com.br

Campinas

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

PAGAMENTO DE MULTAS

Confesso que fiquei com vergonha ao ler que Jair Bolsonaro pediu dinheiro para ajudar no pagamento de suas multas. Ele, que conseguiu comprar vários imóveis à vista, que pertence a um partido milionário, fazer esse pedido ao povo brasileiro, cuja grande maioria ganha salário mínimo? Depois, lembrei que ele disse em duas oportunidades que não existe fome para valer no Brasil. O que esperar senão isso?

Maria do Carmo Zaffalon Leme Cardoso

zaffalon@uol.com.br

Bauru

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ABRAHAM WEINTRAUB

A que ponto chegou Jair Bolsonaro, para ser chamado pelos seus “parças” de ladrão ou cafetão. Afinal, seu ex-ministro da (des)Educação Abraham Weintraub disse que Bolsonaro não deveria pedir ajuda através de Pix para pagar a coleção de multas que angariou na Justiça. Disse que ele deveria vender alguns imóveis comprados com “dinheiro vivo” ou com os recursos em dólares mantidos no exterior. Na verdade, a “cara de pau” do ex-presidente fujão é de dar vergonha ao pior dos que não têm.

Júlio Roberto Ayres Brisola

jrobrisola@uol.com.br

São Paulo

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MINUTA GOLPISTA

A minuta do golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e os documentos encontrados no celular do tenente-coronel Mauro Cid não deveriam ser anexados ao processo que Bolsonaro responde por ter reunido no Palácio do Planalto a cúpula de embaixadores para atacar o sistema eleitoral brasileiro. Saber que os documentos existem já dá aos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – que vão jugar no caso – a certeza do caráter golpista da reunião, sem necessidade de incluí-los no processo, garantido assim a Bolsonaro a solicitada jurisprudência com o caso similar Dilma-Temer, mas o condenando exemplarmente.

Abel Pires Rodrigues

abel@knn.com.br

Rio de Janeiro

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NADA CONTRA A LEI

Na coluna Golpe sem golpe (25/6, A8), o autor afirma: “Ele (Jair Bolsonaro) não fez nada contra a lei”. E Lula é palmeirense.

Maria Lucia R. Jorge

mlucia.rjorge@gmail.com

Piracicaba

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INDÍCIOS DE CORRUPÇÃO NOS KITS DE ROBÓTICA

E agora, com os indícios de corrupção envolvendo os kits de robótica e o presidente da Câmara federal, Arthur Lira, vamos a mais um capítulo da nossa inesgotável novela brasileira do faz-de-conta que vamos tudo investigar, apurar e punir. Ora, e todos nós já sabemos que vai dar tudo em nada! Somos um populacho bobo e que sempre vota errado, pois sempre nos mesmos brincalhões de sempre – esses sem-alma que apostam do lado errado quando supõem que não existe a consciência humana que, cedo ou tarde, cobra as nossas contas morais e anímicas nos silêncios das noites escuras de nossas velhices derradeiras.

Marcelo Gomes Jorge Feres

marcelo.gomes.jorge.feres@gmail.com

Rio de Janeiro

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ESPIRAL INFLACIONÁRIA

Conforme noticiado, a Argentina está atolada numa espiral inflacionária que já atingiu inacreditáveis 109% nos últimos 12 meses e assolada por uma forte seca que prejudicou de forma devastadora a agropecuária, a sua maior fonte de divisas. Em razão disso, o presidente Alberto Fernández acaba de visitar o Brasil pela quarta vez neste ano, de pires estendido na mão, em busca de socorro financeiro do governo Lula para alavancar a combalida economia local, a quatro meses da eleição presidencial. Um caso patético e vergonhoso para um país que já foi a sexta maior economia do mundo nos anos 1920. Argentina, quem te viu, quem te vê.

J. S. Decol

decoljs@gmail.com

São Paulo

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PLANO DE COMBATE À INFLAÇÃO

Se Lula está mesmo preocupado com a Argentina, deveria sugerir ao presidente Alberto Fernández que consulte a equipe de economistas convidada pelo então ministro das Relações Exteriores brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, para elaborar um plano de combate à inflação, em 1993. O grupo tinha como destaques os economistas Persio Arida, André Lara Resende, Chico Lopes, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha e Winston Fritsch. Em 1.° de julho de 1994, o presidente Itamar Franco, de quem FHC era ministro da Fazenda, lançou o Plano Real e conseguiu acabar com a hiperinflação que havia atingido a inacreditável marca de 4.922%, estabilizando nossa moeda e permitindo que o Brasil voltasse a crescer.

Jane Araújo

janeandrade48@gmail.com

Brasília

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ENDIVIDAMENTO

A pesquisa Quaest, divulgada há uma semana, mostrou que subiu de 23% para 32% o número de entrevistados que acreditam que a economia melhorou nos últimos 12 meses. Enquanto isso, levantamento da Serasa Experian de abril aponta que 43% da população adulta encontra-se inadimplente. Pela lógica há uma certa incoerência entre os dados apresentados pelas duas instituições, pois é difícil acreditar que pessoas endividadas estejam otimistas em relação à economia. Um dos motivos para essa percepção equivocada é a falsa sensação de que tudo está bem, apesar dos pesares. Em outras palavras, que o endividamento é algo absolutamente normal, não faz mal algum, é parte do dia a dia. Engano escabroso. A perspectiva econômica, por enquanto, é uma carta de intenções. Até que a melhora aconteça de fato, a inadimplência galopante é perigosíssima.

Luciano Harary

lharary@hotmail.com

São Paulo

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‘BRASIL NA LANTERNA’

Mais uma vez vemos os mesmos corretíssimos diagnósticos para as causas do nosso atraso, tais como a falta de boa educação pública para todos, a eliminação dos gastos inúteis, dos privilégios exorbitantes e das mamatas escandalosas (Brasil na lanterna, 23/6, A3). Entre muitas outras. Sem menosprezar a análise do editorial, atrevo-me a dizer que estamos cansados de ler e ouvir sobre as medidas necessárias para sair da vergonhosa lanterna em que estamos. Todas elas sofrem do mesmo entrave da proverbial solução de colocar o guizo no gato. No Brasil de hoje e de sempre, os ratos que se locupletam nas tocas dos palácios não só não decidem qual deles irá colocar o guizo no gato, como menos ainda querem colocar o guizo nele. Obviamente as ratazanas nunca farão isso. E por que o fariam, para que mudar o que está ótimo para elas? Conclui-se que essas medidas tão necessárias só serão implantadas para valer quando os eleitores brasileiros começarem a escolher gente honesta, competente e bem intencionada para representá-los. Fora isso, são parolagens plácidas para acalentar bovinos e esperar o dia em que vampiro for doar sangue e o saci andar de skate.

Alfredo Franz Keppler Neto

alfredo.keppler@yahoo.com.br

Santos

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A TRAGÉDIA DO ANALFABETISMO

Um país que se pretenda sério e civilizado não pode tolerar o drama – ou talvez devêssemos dizer tragédia – nacional do analfabetismo. Por isso, todo apoio deve ser dado ao Decreto n.º 11.556, de 12 de junho de 2023, que institui o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, objeto do editorial Alfabetização de todas as crianças (26/6, A3). Muito acertadamente, o editorial destaca as qualidades do decreto, principalmente ao estabelecer o papel do governo federal como indutor, articulador, coordenador de boas políticas públicas de educação básica e prestador de assistência técnica e financeira aos Estados e municípios. Lembra também que “não se educa por decreto nem passe de mágica”, mas são indispensáveis diagnóstico e desenho de ações realistas. Uma série de desafios precisarão ser superados para que a alfabetização adequada e plena – “elemento estruturante para a construção de trajetórias escolas bem sucedidas” e pré-requisito para a qualidade da aprendizagem – seja alcançada. Educadores e educandos necessitam de apoio, estímulos e condições para o máximo proveito das ações desenvolvidas no âmbito das unidades escolares. A comunidade escolar e a extraescolar precisam ser envolvidas e estimuladas a participar ativamente da ação educativa, com muito diálogo, troca de ideias, experiências, busca de consensos e concretização de um pacto pela infância e adolescência. Passo importante para a transformação e reconstrução da educação.

João Pedro da Fonseca

fonsecaj@usp.br

São Paulo

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O COMEÇO DO FIM

A produção de consequências cognitivas autônomas, independentemente das intenções de seus programadores humanos, pela inteligência artificial (IA), consistente no aprendizado das máquinas a fazer operações sem que sejam programadas, provavelmente é o começo do fim do predomínio do homem sobre a Terra. Provocado por sua própria e incomensurável inteligência. O ponto crucial está nos danos que a vida em sociedade, já tão deficitária sob o ponto de vista harmônico e solidário, poderá acarretar. O texto humano perde seus limites e as máquinas conduzem a seu universo – compressor da vontade do homem. A robotização imperará e não mais haverá cavernas para sua proteção. Resta saber se a comunidade científica e os governos poderão evitar essa transformação da vida terrestre.

Amadeu Roberto Garrido de Paula

amadeugarridoadv@uol.com.br

São Paulo

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APLICAÇÃO SEGURA DA IA

Durante décadas, afirmou-se que a inteligência artificial levaria autonomia aos computadores e eles seriam capazes de inventar coisas sem a participação do homem. O enunciado era pura ficção mas hoje estamos mais próximos do que se falava. Os computadores da IA – que certo tempo eram citados como “cérebros eletrônicos” – tornaram-se capazes de desenvolver processos e esquemas operacionais ainda não programados, o que coloca os cientistas em dificuldade para decifrar e explicar a novidade. Não é a produção autônoma, mas a interação de processos já aplicados nas maquinas em tarefas anteriores. Dependendo do seu nível de automação, elas poderão avançar e isso preocupa os controladores. A IA – que só agora chega ao grande público – ainda tem muitas interrogações a desfazer e passar por vasta regulamentação para poder operar e oferecer benefícios à sociedade em vez de trazer preocupações e problemas. Diferente das redes sociais, que chegaram livres e soltas, a IA, para ser benéfica, deverá operar dentro de linhas mestras que a tornem segura e produtiva. Os centros do saber terão grande trabalho para definir a IA e quais os seus níveis de aplicação segura. Os governos e as casas parlamentares – no Brasil, o Senado Federal e a Câmara dos Deputados – precisam produzir a legislação que coloque o computador inteligente a serviço da comunidade e da paz mundial e o torne indisponível aos crimes ou esquemas que possam levar à instabilidade social. Que Deus ilumine os cientistas, governantes, legisladores e todos os envolvidos nessa delicada viagem ao futuro.

Dirceu Cardoso Gonçalves

aspomilpm@terra.com.br

São Paulo

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PODEROSOS E INCAPAZES

As pessoas imaginam os governos muito mais poderosos e organizados do que realmente são. Alguém poderia imaginar que uma turba de gente maluca poderia invadir o Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, em sessão para confirmar a eleição de um presidente da República, matar guardas e promover um quebra-quebra, sem policiais ou militares para contê-los? E que, dois anos após, o mesmo aconteceria em Brasília. Quem poderia prever que o exército americano seria expulso do Vietnã, numa debandada desabrida, fugindo pelo telhado, como amante de comédia pastelão? Como alguém poderia supor que o exército da Rússia não conseguiria vencer uma guerra de invasão à Ucrânia? E que, para lutar no front, contrataria um exército de mercenários comandado por dono de restaurante. Os países mais poderosos do mundo, com arsenais de centenas de bombas atômicas, são incapazes de pequenas ações que demandem apenas uma força policial ou um comando competente de tropa militar convencional. Em todas as ocasiões acima citadas e muitas outras similares, descobre-se que o poder do Estado da nação-potência estava nu.

Paulo Sergio Arisi

paulo.arisi@gmail.com

Porto Alegre

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PLANO DIRETOR

Editorial justifica a implantação do Plano Diretor de São Paulo (Estado, 26/6, A3), defendendo “promover adensamento equilibrado concentrando construções próximas aos eixos de transportes”. Sendo engenheiro, não entendo como o Plano admite construções sem limite de altitude, pois irá impactar o bairro mais ou menos, dependendo da altura. Serão afetados os demais serviços públicos como as redes de água e esgoto, eletricidade e gás, tornando-os impraticáveis no limite. Mesmo os serviços de transporte poderão se tornar sobrecarregados, pois, dependendo dos locais, as vias ficarão congestionadas a ponto de se formarem congestionamentos homéricos. Não é por acaso que até agora não encontramos nenhuma manifestação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) e nem mesmo a aprovação de um urbanista sequer.

Gilberto Pacini

pacini0253@gmail.com

São Paulo

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CASOS DE FEBRE MACULOSA

Neste primeiro semestre, o Brasil já atingiu a marca de 60 casos de febre maculosa com 11 mortes, sendo quatro em Minas Gerais e sete em São Paulo. A Região Metropolitana de Campinas (RMC) concentra todo o total de vítimas do Estado: uma morte em Limeira, uma morte em Americana, uma morte em Mogi Guaçu e quatro mortes em Campinas. Local do epicentro do atual surto da doença, sendo que os outros casos isolados na região não estão relacionados com a participação de pessoas em eventos realizados numa fazenda no município sede da RMC. Informação para a sociedade, colocação de placas de sinalização e tratamento médico adequado são medidas para combater a doença. Evitar, assim, que tal tragédia volte a ocorrer em nossa região.

Luiz Roberto da Costa Jr.

lrcostajr@uol.com.br

Campinas