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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
11 min de leitura

Ocupação no Pacaembu

Precedente perigoso

A juíza Rebeca Uematsu Teixeira, da 4.ª Vara Cível de São Paulo, foi bem-intencionada ao optar por não conceder liminar de reintegração de posse aos proprietários que tiveram imóvel invadido no bairro do Pacaembu, alegando fragilidade econômica de parte dos invasores. Entretanto, salvo movimentos políticos ou de má-fé de certos grupos mal-intencionados, pessoas que invadem imóveis abandonados são, invariavelmente, hipossuficientes. Abrir precedentes, ou seja, justificar e legalizar essas invasões, é perigosíssimo e só fará aumentar exponencialmente as tensões entre todas as partes envolvidas, com violência inclusive. É o Estado quem tem de acolher essa população frágil e projetar soluções sustentáveis. Esta é a típica situação em que a Justiça mais atrapalha do que ajuda.

Luciano Harary

São Paulo

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Diplomacia

Carta secreta a Putin

Governo alega que carta de Lula a Putin é pessoal e impõe sigilo (Estadão, 27/4, A15). Não interessa, a mim ao menos, o teor da carta de Lula a Vladimir Putin, que certamente foi escrita por terceiros. O que importa é a paixão que Putin e outros ditadores exercem sobre o presidente Lula.

Maurílio Polizello Junior

Ribeirão Preto

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‘Tarjetón’ na Venezuela

Muito bom o editorial O ‘tarjetón’ de Maduro (Estadão, 26/4, A3). Só um detalhe: ao mencionar o saudoso dr. Ulysses Guimarães como “anticandidato” em 1974 diante do presidente-general Emílio Médici, lembremos que o regime militar, tanto daqui como dos países vizinhos, quando se dispôs a entregar o poder, entregou-o. Agora, Nicolás Maduro e os aliados do castrochavismo nunca vão entregá-lo, vai ter de haver bastante luta para isso. Nem mesmo aqui, no Brasil. Lembram-se de que, em 2016, à época do impeachment de Dilma Rousseff, pior presidente da história do Brasil, que quase quebrou o País, tentaram rasgar a Constituição “fatiando” o impeachment? Então. Ela só foi deposta porque houve disposição do Congresso Nacional, atuação destacada de alguns líderes e população em massa na rua, com marcha no ano anterior que chegou a 3 milhões de pessoas na Avenida Paulista. E ainda hoje há quem repita que foi golpe.

Felipe Peixoto

São Paulo

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Uma boa história

Mundial de robótica

Notícias ruins são o normal no nosso cotidiano. No Brasil, insegurança, invasão de propriedades, pobreza e desemprego nos trazem preocupação e ansiedade. Fora do País, guerras e terremotos devastadores são notícia e trazem inconformismo e muita tristeza. Pois bem, neste nosso conturbado mundo, na semana passada este jornal nos brindou com “uma boa história”: Alunos brasileiros vencem torneio de robótica nos EUA (24/4, A20). Você, leitor, soube dessa façanha? Nossa garotada conquistou o 1.º e o 2.º lugares no certame, que reuniu 160 times de 37 países. Fantástica proeza. Parabéns aos jovens do Sesi de Araras e de Santa Cruz do Rio Pardo, por todo empenho e dedicação! Essas boas notícias precisam e merecem destaque.

Jose Perin Garcia

Santo André

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História

Gabriel Waldman

Curiosa a história vivida pelo sr. Gabriel Waldman e traduzida no livro Ingrid, a Filha do Comandante (reportagem As memórias de um sobrevivente, Estadão, 26/4, C10 e C11). Coincidentemente, também fui funcionário da Volkswagen (1964-1984) e apenas depois de me aposentar passei a me dedicar às letras com mais intensidade. Quem sabe fui, na empresa, contemporâneo do escritor e de sua namorada?

Rui Ribeiro

São Caetano do Sul

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Saúde e bem-estar

Alongamentos

Excelente a matéria sobre o alongamento na atividade esportiva, com ótimos profissionais convidados a participar (Estadão, 27/4, D4). O alongamento é um exercício que serve não só para a atividade esportiva, mas para as retrações miofasciais, responsáveis por mais de 50% das dores nas pernas, ombros, pescoço e coluna. A musculatura, após períodos de posicionamento estático (ficar parado na mesma posição), retrai e dói ao ser solicitada. Esta falta de elasticidade piora com a inatividade e com a idade. Os alongamentos regulares propiciam maior elasticidade e diminuem muito a chance de distensões musculares.

Gilberto Luis Camanho, prof. titular de Ortopedia da FMUSP

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

RECURSO AO STF

Ação do governo no STF contra desoneração agrava crise com Congresso e parlamentares cobram reação (Estadão, 26/4). Se toda vez que o Congresso não votar a favor das medidas que o presidente Lula quer – vide os casos da desoneração da folha de pagamento e, há algum tempo, da revisão da vida toda ­–, ele não acatar e recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tem maioria, que nome daremos a isso? É grave e tem nome.

Tania Tavares

São Paulo

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DESGOVERNANÇA TOTAL

O editorial A canelada do governo no Congresso (Estadão, 27/4, A3) revela a precariedade de nossa governança e representatividade. Mostra-nos a mediocridade do governo de Lula da Silva, pontuado por suas declarações infelizes e desnecessárias, com forte viés autoritário e prepotente, e preferindo viajar tentando construir uma improvável imagem externa de líder, ao invés de perseverar numa liderança nacional digna do nome. Também nos destaca um Congresso desmoralizado e amorfo, cujos integrantes agem predominantemente no interesse próprio, jamais daqueles que dizem representar. No contexto, soa estranho o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, falar em corte de gastos enquanto encaminha Proposta de Emenda à Constituição que pode custar R$ 42 bilhões aos nossos bolsos, buscando descaradamente abonar servidores do Judiciário, já imensamente privilegiados, enquanto um em cada quatro brasileiros passa fome. É o roto falando do esfarrapado numa desgovernança total.

Honyldo Roberto Pereira Pinto

Ribeirão Preto

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PROVOCAÇÃO DO EXECUTIVO

Não se conformando com a derrota sobre a desoneração da folha de pagamento, sofrida no Legislativo, o Poder Executivo recorre ao STF, direito, no entanto, que vai trazer sérias retaliações ao recorrente. Lula 3 esqueceu-se de que há muitas matérias consubstanciando interesses da Nação a serem aprovadas pelos legisladores, cujos termos de aprovação ou não poderão prejudicar o País e o Poder Executivo. Na verdade, o governo poderá sair vencedor, porém há a reforma tributária e outros projetos de absoluto interesse governamental que poderão ser sobrestados ou simplesmente aprovados de forma inesperada e parcial. Aguardemos os resultados da ousadia governamental.

José Carlos de Carvalho Carneiro

Rio Claro

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REFORMA NO AFOGADILHO

A reforma tributária, após 20 anos na prateleira, foi aprovada no ano passado, a toque de caixa, pelo Congresso, sem que tivesse tido um debate mais profundo sobre as mudanças na cobrança de impostos. Em dois turnos, os votos favoráveis foram acima de 308, mínimo exigido para a aprovação. Agora, o Congresso recebeu um texto de 360 páginas e 499 artigos, para análise, que regulamentam a reforma sobre o consumo. São temas delicados, que demandam tempo para uma análise minuciosa, no entanto já se fala em aprovação para junho, ou seja, no afogadilho novamente. Portanto, muita calma nesta hora, para que ao fim da transição, em 2033, uma criação de jabutis famintos não seja encontrada e o sustento, como é de costume, não fique à nossa custa.

Sergio Dafré

Jundiaí

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FOME NO BRASIL

Segundo dados divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de um total de 78,3 milhões de domicílios no País, nada menos que 21,6 milhões (27,6%) não têm acesso adequado à alimentação. Ao levar em conta que em cada domicílio vivem cerca de quatro pessoas, estamos falando de mais de 86 milhões de desassistidos que passam fome diariamente. Causa espécie, indignação e profunda revolta observar que esse desastroso quadro de miséria se passa no país que é uma superpotência na agricultura e na pecuária, responsável pela alimentação de mais de 1 bilhão de pessoas mundo afora. Vergonha!

J. S. Decol

São Paulo

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FRACASSO SOCIAL

A classe política, com ajuda de governos relapsos e até corruptos, é responsável por este lamentável fracasso social apresentado pelos números divulgados pelo IBGE, refletindo o último trimestre de 2023. Ou seja, dos 78,3 milhões de domicílios existentes no País, 21,6 milhões enfrentam insegurança alimentar. E as regiões mais desprovidas de acesso adequado a comida são domicílios do Norte, com 39,7%, e Nordeste, com 38,8% dos domicílios. Em contraste flagrante, a Região Sul tem apenas (porém preocupante) 16,6% dos domicílios com insegurança alimentar; o Sudeste, 23%; e o Centro-Oeste, 24,3%. Estamos, infelizmente, assistindo há décadas a esse flagelo, que em pleno final de 2023 apresenta números que indicam que mais de 80 milhões de brasileiros vivem com insegurança alimentar, além de a maioria destes viverem sem saneamento básico também. Uma vergonha. Não por outra razão, a continuidade de 21 milhões de residências beneficiadas com o Bolsa Família é o retrato fiel de um fracasso ininterrupto e perverso de governos incompetentes e insensíveis em gerar condições para o País emergir à condição de uma nação próspera e desenvolvida e dar um fim à tragédia da insegurança alimentar.

Paulo Panossian

São Carlos

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INSEGURANÇA ALIMENTAR

As tristes imagens de pessoas pegando alimentos nas caçambas de lixo no Ceasa, no Rio, para alimentar suas famílias, são emblemáticas de que a fome continua atingindo imensos contingentes de nossa população. Tentar diminuir tal fragilidade social e econômica é uma necessidade de nossas lideranças governamentais e econômicas, que precisam assim agir no sentido de termos um futuro de vida com mais tranquilidade para toda a nossa população.

José de A. Nobre de Almeida

Rio de Janeiro

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COMPORTAMENTAL

É surpreendente como o presidente Lula, se refere de forma tão primária e rasteira a assuntos econômicos e de política externa, apesar de dois mandatos anteriores, nada aprendeu, especialmente sobre esses assuntos, não obstante ser inimigo dos livros e da anti-intelectualidade. O extraordinário livro Rápido e Devagar, duas formas de pensar (Ed. Objetiva), de autoria de Daniel Kahneman, professor emérito de Psicologia da Universidade de Princeton (EUA) e, frise-se, Prêmio Nobel de Economia em 2002, considera, no que Lula indica enquadrar-se, “sobre limitações desconcertantes da mente própria, na confiança excessiva no que acredita saber, e a aparente incapacidade de admitir a verdadeira extensão do mundo em que vivemos, enquanto não consegue explorar de forma inteligente as lições aprendidas com o passado, ao mesmo tempo não resistindo a tentação da percepção tardia e da ilusão da certeza”. Seria a preguiça mental a relutância em investir um pouco, pelo menos, no esforço à compreensão à manifestação normal sobre os fatos?

Mario Cobucci Junior

São Paulo

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AMOR BANDIDO

Governo Lula impõe sigilo sobre carta do petista a Vladimir Putin (Estadão, 26/4). Cartas de amor são sigilosas. Ninguém tem de saber do que conversam pessoas enamoradas. Putin têm casos secretos com Donald Trump e com Jair Bolsonaro também, além da fidelidade de Nicolás Maduro. É um sedutor de admiradores por seu carisma bandido.

Paulo Sergio Arisi

Porto Alegre

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CARTA SECRETA A PUTIN

O governo decretando sigilo do contato de Lula com Putin, alegando que é de ordem pessoal, e eu fico pensando se não teria sido mais particular combinar um encontro num boteco tomando uma cervejinha. Parece piada mesmo.

Luiz Frid

São Paulo

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LULA E SEU ‘SACO DE FALAS’

O presidente Lula, neste terceiro mandato, tem usado estratégia bem diferente dos dois governos passados. Nas suas andanças, comparece a lugares diversos e fala para plateias antagônicas, ora de radicais de esquerda, ora de centro, ora de radicais de direita e até de mureteiros, nem lá nem cá, muito pelo contrário. No seu saco de falas, tem desde poção para calos, esporão, queda de cabelos, mau olhado e seborreia até loção de rejuvenescimento. Ele faz uso dessas poções dependendo do público a ser alcançado. Agora, diz que quer se encontrar com os evangélicos para levar “boas novas” e ganhar esses rebanhos, hoje fora de seu aprisco. Lula deveria saber que este segmento da sociedade é um tremendo cipoal composto de igrejas, denominações, congregações, ajuntamentos e credos diversos, e cada qual professa certos detalhes que os diferenciam. Dar uma de Rolando Lero, da Escolinha do Professor Raimundo, é um risco de fracasso quase certo. A primeira questão que virá à tona é por que tributar estas organizações e seus dirigentes. O presidente, que é muito safo, não deveria entrar nesta roubada, mas, se quiser insistir nela, deveria indicar para isso o seu vice-presidente, Geraldo Alckmin, carola de carteirinha, e Padilha, ministro das Relações Institucionais, que pelo seu jeitão de seminarista conseguiria falar “línguas estranhas” com estes crentes.

Maria Aparecida Bitar Piragine

São Paulo

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DESILUSÃO COM A POLÍTICA

O cantor Lobão, numa entrevista para o Estadão, afirmou que se afastou absolutamente da política porque teve um insight epifânico em relação a que ele era uma nulidade, que sua opinião não iria alterar um milímetro da realidade. Também afirmou que detesta política, detesta militantes, seja da direita, seja da esquerda. Não tenho a fama de Lobão, mas me sinto como ele, desiludida com a política e sem acreditar num país melhor. Acredito que nossos sonhos foram arruinados graças aos Três podres Poderes, com a ajuda da mídia. É por isso que, enquanto o voto for obrigatório, eu voto branco.

Maria Carmen Del Bel Tunes

Americana

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LULA E A MORTE DO JOCA

Um cachorro chamado Joca, transportado pela companhia aérea Gol, foi parar no destino errado e acabou falecendo. O motivo da morte está sendo investigado e a notícia acabou viralizando nos meios de comunicação. O presidente da República – vou repetir, o presidente da República –, num evento oficial, usou uma gravata em homenagem a Joca e cobrou: “A Gol tem de prestar conta (...), a gente não pode permitir que isso aconteça no Brasil”. Pois é, presidente, tem tanta coisa que a gente não pode permitir que aconteça no Brasil, não é mesmo? Mas eu nunca vi, por exemplo, o senhor usar alguma gravara para homenagear uma criança vítima de bala perdida. Também não vi o senhor usar alguma gravata para homenagear as vítimas de Brumadinho ou da escola em Blumenau, no ano passado, onde quatro crianças de 4 a 7 anos faleceram. Por fim, ainda não vi o senhor usando alguma gravata para homenagear as vítimas da dengue, que já são mais de 1.500, porque a verba para o combate ao mosquito foi reduzida drasticamente na sua gestão. Portanto, sr. Lula da Silva, que tal cuidar dos enormes problemas do País e deixar que a triste morte do Joca seja resolvida entre o dono do animal e a companhia aérea? Presidência da República é uma instituição, não é lugar para discurso populista barato e fora do contexto.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

Salvador

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HAJA GRAVATAS!

Assisti a um vídeo em que a primeira-dama Janja lamenta a morte de um cãozinho que foi transportado irregularmente pela companhia Gol. Realmente, muito triste, mas não tenho visto esta senhora se compadecer das mortes de tantas pessoas baleadas, assaltadas, mortas num incêndio numa pensão, e por aí vai. Outras tantas morrem de dengue, por falta de atendimento médico, e até de fome. Se para cada tipo de morte o presidente tivesse de usar uma gravata, o estoque seria interminável. Homenagear um cachorro morto com uma gravata é fácil, mas qual seria a maneira de a primeira-dama homenagear os seres humanos que diariamente perdem a vida? Tem tido essa preocupação?

Izabel Avallone

São Paulo

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REFLEXÃO

Como uma notícia pode transformar instantaneamente o cotidiano de um país! Por um descuido da empresa aérea, o Joca seguiu destino diferente de seu tutor, e acabou falecendo. Porém chamou a atenção a forma como se disseminou o ocorrido, priorizando longos espaços nos telejornais e na imprensa escrita. Entrevistaram a família do tutor, o dirigente da Anac, o ministro de Portos e Aeroportos e até o presidente Lula se pronunciou sobre o Joca. Na B3, as ações da companhia chegaram a cair 8,00%. Que acham as autoridades de dar atenção similar a tantos outros problemas que afligem nosso querido Brasil? Está lançada uma boa reflexão a fazer.

Marcos Martins Aquino

São Paulo

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A (FRUSTRADA) INAUGURAÇÃO DO PACAEMBU

Antecipadamente, divulgou-se este evento em vários canais de comunicação. Colocaram à venda ingressos caríssimos para grande público, que se esgotaram. Além da inauguração do estádio, o evento iria comemorar também o aniversário de 83 anos do Rei Roberto Carlos, que ficou hospedado com sua numerosa equipe em hotéis caríssimos, além da parafernália de equipamentos que foram montados no local do evento. No dia da inauguração e do show, eram grandes as filas do público que veio de longe e aguardava na porta do estádio. Mas eis que aparecem as ilustres autoridades, inclusive os bombeiros, e avisam que os eventos estavam cancelados pelo motivo de falta de segurança. Acho que até hoje todos se perguntam: por que não avisaram antes? O que se viu em seguida foram muitos fãs, a maioria idosos, chorando, por não poderem ver o tão esperado show do Rei Roberto Carlos, arcando com os altos custos desta enganação, desta irresponsabilidade das otoridades. E o povo? Ora, o povo que se exploda, diria o saudoso Chico Anísio. E Roberto Carlos? Voltou para casa sem soprar as velinhas do seu aniversário juntamente com seus fãs. Imagino que alguém deve ter perguntado a ele o que achava de tudo isso. Provavelmente, respondeu, da vida, o seguinte: “Cara, bicho, agora quero que tudo mais vá pro inferno”.

Devanir Alves Ferreira

São Paulo