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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Por Fórum dos Leitores
10 min de leitura

(In)segurança pública

Mapa do crime organizado

Diante de 72 facções criminosas que transformam os presídios brasileiros em “escritórios do crime” (Estadão, 3/3, A18 e A19) – a maior parte franquia do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV) –, o que falta para o reconhecimento de um narcoestado brasileiro? Se precisar ir a qualquer cartório nacional, isso certamente será registrado, sem nenhuma objeção.

Luiz Felipe Schittini

fschittini@gmail.com

Rio de Janeiro

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CACs bandidos

Militares liberaram armas para condenados por tráfico, roubo e homicídio (Estadão, 4/3, A6 e A7). Uma vez identificados os ditos CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) bandidos, nada mais certo do que ir atrás destes.

Pierre Loeb

pierreloeb1@gmail.com

São Paulo

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Eleições democráticas

Piada ruim

Enquanto o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse a Lula que permitirá a presença de observadores internacionais (provavelmente incluindo o Brasil) nas eleições presidenciais daquele país, o partido do ditador Vladimir Putin, o Rússia Unida, convidou o Partido dos Trabalhadores (PT) para acompanhar a eleição presidencial russa. O que chama a atenção nesses dois casos não são os convites, mas os aceites. O resultado de ambas as votações não é somente previsível, é certeiro, e todos sabem qual será. Lula foi eleito por meio do voto livre, apesar dos ataques incessantes de Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas e à democracia. É, portanto, inexplicável que ele e o PT aceitem observar eleições que seguramente serão fraudadas. E qualquer tentativa de legitimar o ilegitimável fatalmente descambará para a tragicomédia. No país da piada pronta, há piadas melhores.

Luciano Harary

lharary@hotmail.com

São Paulo

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‘Narrativa’

O significado do termo narrativa é apresentado nos principais sites de informação sob duas formas. Numa delas, aparentemente a mais clássica, o vocábulo é definido como relato, explicação ou descrição. Em outra variação, no entanto, provavelmente mais moderna, lhe é atribuído o sentido de uma história contada por alguém ou por determinado grupo que pode descambar para uma espécie de lenda, segundo a interpretação de oradores interessados em atingir objetivos políticos. Foi dentro desta última linha de pensamento que Lula da Silva, em encontro de maio de 2023 com Nicolás Maduro, da Venezuela, classificou o regime ditatorial lá vigente como “narrativa” montada principalmente pelos Estados Unidos. Agora, em reencontro de Lula e Nicolás Maduro, ocorrido no primeiro dia de março de 2024, Maduro prometeu realizar eleições livres no seu país no segundo semestre, apesar da baixa probabilidade de tal acontecimento, em face da ação repressora empreendida por seu governo contra a sua mais expressiva adversária, María Corina Machado. Resta saber em que categoria de narrativa está enquadrado o seu compromisso.

Paulo Roberto Gotaç

pgotac@gmail.com

Rio de Janeiro

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Publicidade

Álcool e saúde mental

Oportuníssima a matéria sobre problemas sérios de saúde ligados ao consumo de álcool (Cresce nº de mortes no País por problema mental ligado a álcool, Estadão, 4/3, A12). Destaco, de início, que não sou fumante e que tenho muito mais receio de um bêbado perto de mim do que de um fumante. Nunca vi ninguém matar ou morrer por causa de um cigarrinho a mais, mas já vi muita gente matar ou morrer porque tomou uma cervejinha a mais. Então, eu questiono: qual é o charme da indústria do álcool, que veicula livremente publicidade na mídia geral, ao passo que a propaganda do fumo é proibida?

Benedito Dantas Chiaradia

bdantas@uol.com.br

São Paulo

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Golpes na internet

Diversas ofertas divulgadas pela internet não passam de golpes. Produtos de grande demanda são ofertados a preços incríveis por entidades criadas só para enganar o público. Esses golpes são tão comuns que existem diversas listas de empresas e sites não confiáveis. Curiosamente, nenhuma autoridade se levantou para proibir que cartões de crédito e PIX continuem fornecendo créditos em favor dessas empresas. Será que ninguém se importa com os consumidores lesados?

Jorge A. Nurkin

jorge.nurkin@gmail.com

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

VAI MAL A SUPREMA CORTE

Nova pesquisa Genial/Quaest revela que, para 74% da população, o Supremo Tribunal Federal (STF) “incentiva a corrupção” ao cancelar punições da Lava Jato a empresas e empresários. Esse número é menor entre os eleitores de Lula da Silva, 68%, mas é altíssimo se levarmos em conta que o presidente só está onde está com uma ajuda providencial do STF. Vai mal a Suprema Corte, criticada e desqualificada por quase 3/4 da população. Levando-se em conta que somos aproximadamente 211 milhões, podemos dizer que 156 milhões acham que o STF incentiva a corrupção. Na sua posse como presidente do Supremo Tribunal Federal, no final do ano passado, o ministro Luís Roberto Barroso disse: “Que eu possa ser abençoado para cumprir bem essa missão”. Vai precisar muito mais do que as bênçãos divinas.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva

lgtsaraiva@gmail.com

Salvador

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GILMAR MENDES

O ministro do STF Gilmar Mendes sempre se portou como se pudesse tudo. De notável saber jurídico e reputação ilibada, tem muito pouco.

Luiz Frid

fridluiz@gmail.com

São Paulo

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JUÍZES SEM JUÍZO

“Derrotamos o bolsonarismo”, “perdeu, mané, não amola”. Concluir julgamento sendo a mulher advogada do escritório da parte contrária. Ser alvo e juiz ao mesmo tempo. Advogados proibidos de falar. Tudo isso parece confissão de culpa.

Arcangelo Sforcin Filho

arcangelosforcin@gmail.com

São Paulo

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COMPORTAMENTO INACEITÁVEL

O STF está acima do bem e do mal. Foram tomados de uma vaidade extrema e não há como mudar nada que dependa de iniciativas deles próprios. As regalias concedidas ao cargo permitem que sejam intocáveis. Dependemos do Congresso para uma mudança efetiva e que acabe com os muitos benefícios concedidos. Precisamos também, principalmente, de mudanças na escolha dos membros baseada no alto QI. Se não for assim, iremos assistir por muito tempo a esses comportamentos inaceitáveis por parte dos ministros do STF.

Nelson Falseti

falsetini@gmail.com

São Paulo

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NADA A FESTEJAR

O Planalto não deveria festejar o anúncio do IBGE de que o nosso país teve em 2023 um crescimento econômico, ou PIB, de 2,9%. Primeiro porque foi menor que o de 2022, de 3%. Em segundo lugar, porque foram transferidos resíduos positivos da atividade econômica de 2022 para 2023, já que esses 2,9% alcançados foram graças ao resultado do primeiro semestre desse ano (o segundo foi fraco, quase parando). E principalmente com recorde no desempenho do setor agropecuário, que cresceu 15,1%. Porém, neste ano, por fatores climáticos, deve ser menor. E não por outra razão o PIB estimado pelos especialistas para 2024 não passa de 1,8%. Pelo muito otimista Planalto, se estima crescimento econômico de 2,2% – diga-se, pífio. E como retrato de que estamos administrando mal o destino da nossa economia, o índice de investimento de 16,5% em 2023 (em 2022, foi de 17,8%) foi um dos piores da nossa história. No mínimo para se manter um crescimento sustentado da atividade econômica precisamos chegar entre 22% a 24%. Ainda distante da taxa de investimento anual da China, de 43%, e da Coreia do Sul, de 34%. Ou seja, se o atual governo não privilegiar a austeridade e equilíbrio fiscal, do jeito que Lula procura distribuir recursos sem ter de onde tirar, o nosso futuro será cada vez mais obscuro. E como consolo dos políticos improdutivos, vamos continuar, infelizmente, a festejar PIBs medíocres.

Paulo Panossian

paulopanossian@hotmail.com

São Carlos

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QUEDA DO NÍVEL DE INVESTIMENTO

Grande é a preocupação dos atuais condutores da política econômica do País com a queda no nível de investimentos em 2023. Trata-se, no entanto, de exemplo clássico e didático de uma relação de causa e efeito. O declínio ocorreu ao longo do primeiro ano do atual governo, marcado por manobras e posicionamentos vistos como exóticos e surpreendentes por parceiros e agentes investidores tradicionais, via intervenções verborrágicas do mandatário, geradoras, tanto no cenário internacional como no interno, de instabilidade e desconfiança, acarretando a perturbadora retração e aumentando a sensação do risco inerente. Simples assim. Necessária se faz, a curto prazo, uma reavaliação dos métodos e interações a fim de restabelecer a coerência mínima em setor reconhecidamente suscetível a guinadas bruscas, como o da seara financeira.

Paulo Roberto Gotaç

pgotac@gmail.com

Rio de Janeiro

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ÍNDICES POSITIVOS

Índices econômicos bastante positivos, com crescimento do PIB, queda do desemprego e da miséria, melhoria da renda per capita e superávit comercial. Prova inequívoca de que o governo Lula vai bem, apesar da opinião contrária dos pessimistas e dos mal-intencionados.

Sylvio Belém

sylviobelem@gmail.com

Recife

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NOVA INDÚSTRIA BRASIL

Acho muito difícil que o plano Nova Indústria Brasil possa ser eficazmente monitorado pelo Ministério do Planejamento, tendo em vista a gigantesca quantidade de informações necessárias para avaliar a miríade de variáveis envolvidas. Isso exigiria uma enorme equipe técnica multidisciplinar com dedicação exclusiva, bem como o compartilhamento, em tempo real, de informações com diversos outros níveis de governo. Se já existe um ministério voltado para a indústria isso não seria duplicação de tarefas, prejudicando as demais atividades do Ministério do Planejamento? Como os resultados desse monitoramento serão disponibilizados aos cidadãos e cidadãs, que são obrigados a custear essa nova e caríssima ideia do atual governo? E se, como sempre acontece, ficar patente que o dinheiro público foi novamente desperdiçado em setores que muitas vezes não são e não serão sequer eficientes, competitivos e inovadores? Como essa montanha de dinheiro será ressarcida aos cofres públicos? Assim sendo, o Ministério do Planejamento deveria intervir agora, exigindo que metas claras e exequíveis sejam concretamente previstas para cada item e subitem do novo plano industrial, antes que o escasso dinheiro público seja, literalmente, despejado nesse verdadeiro ralo. Enfim, o que se vê, portanto, são apenas boas intenções, que infelizmente parecem claramente insuficientes para estancar a verdadeira hemorragia de desperdício de recursos públicos que assola o nosso querido Brasil. Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

fthfmachado@hotmail.com

São Paulo

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PLANO REAL

Quero agradecer a Celso Ming pelo artigo que explica como o Plano Real foi orquestrado, acabando com uma inflação de 3.000% ao ano, da qual o PT foi contra por motivos eleitoreiros (Estado, 1/3, B2). Será guardado e mostrado para as gerações que não têm noção do que foi aquela época. Os artigos de Celso Ming e Elena Landau mexem com nosso cérebro e coração.

Tania Tavares

taniatma@hotmail.com

São Paulo

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CRITÉRIO PARA INGRESSO NAS UNIVERSIDADES

Sob o aspecto constitucional e legal, não pode ocorrer diferenciação entre indivíduos de cor preta ou parda e entre demais raças ou origens, o que já afasta a legalidade da instituição de cotas para ingresso nas universidades. A substituição desse critério racial pelo econômico e financeiro não seria mais justa e menos originadora de embates e dúvidas? O pobre inteligente e aplicado poderia cursar a universidade, desde que aprovado na respectiva forma de ingresso, da mesma forma que os pretos, pardos e outros, quando capacitados, também rumariam para a universidade, mas com orgulho de não terem sido escolhidos de forma oblíqua e marcante. Outrossim, a pobreza é bem mais fácil de caracterizar que determinadas situações de cor, como os pardos, por exemplo.

José Carlos de Carvalho Carneiro

carneirojcc@uol.com.br

Rio Claro

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‘PEC DA BLINDAGEM’

Na semana após a passeata dos bolsonaristas na Avenida Paulista, vemos o Congresso Nacional recriando a PEC “da blindagem” e a PEC 5, de Marcelo Crivella. Deputados e senadores entenderam a mensagem daquela parcela da população que foi às ruas defender falsos profetas e corruptos como um sinal de que necessitam de demagogos e mitos ao invés de estadistas. É ultrajante a falta de decoro desses políticos, que defendem a retirada do dinheiro que iria para saúde, educação e segurança para mais imunidade para as igrejas e, ainda pior, para blindar os políticos. Ou seja, nossos deputados e senadores estão recebendo salários monstruosos para votarem leis que os desobrigam a seguir as leis. Estamos vendo algo surreal e abominável em todos os sentidos. Não fosse uma pequena e perseguida bancada chamada de comunista, estaríamos assistindo aos políticos furtando com escolta policial e dentro da lei. Ressalto que a bancada conhecida por “BBB”, da Bíblia, da bala e do boi, foi eleita com os votos do povo mais humilde, inculto e despolitizado, que não é representado por essa bancada, mas antes explorado e prejudicado. Até quando a sociedade minimamente esclarecida continuará assistindo à derrocada de nossa frágil democracia?

Daniel Marques

danielmarquesvgp@gmail.com

Virginópolis (MG)

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MICHELLE BOLSONARO

Justas e necessárias as manifestações na Paulista de 25 de fevereiro. De forma pacífica e ordeira, protestou-se contra um governo ilegitimamente instalado e todas suas lambanças. Sou cristão, mas entendo que a fé deve ser professada solitária e silenciosamente. Tento, na medida do possível, evitar missas e outras cerimônias coletivas. Dessa forma, concordo com o editorial de 3/3 (Estado, A3) que Michelle Bolsonaro e seu histrionismo, obsessão e fanatismo religiosos, posturas por mim abominadas, foram pontos fora da curva, e empanaram consideravelmente o brilho da manifestação.

Maurilio Polizello Junior

polinet@fcfrp.usp.br

Ribeirão Preto

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APOIO DO PSDB

É sério que o PSDB, a princípio, apoia Ricardo Nunes, que, por sua vez, se aliou a Jair Bolsonaro? Como esse partido quer ressuscitar se afastando tanto de suas origens? Apoiar Tabata Amaral na eleição de 2024 é a única saída para tentar voltar a ser protagonista.

Rita de Cássia Guglielmi Rua

ritarua@uol.com.br

São Paulo

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PRIMÁRIAS NOS EUA

A vitória de Nikki Haley nas primárias dos Republicanos em Washington mostra que ainda há conservadores que não sejam extremistas nos Estados Unidos. Ainda que em número pequeno, a manutenção dela na corrida presidencial poderá ser uma opção interessante para haver finalmente uma mulher no comando da Casa Branca, caso se confirme a evidente e necessária prisão de Donald Trump e sua inelegibilidade. Para o Brasil e para o mundo, varrer a extrema direita do poder já será um alívio.

Adilson Roberto Gonçalves

prodomoarg@gmail.com

Campinas

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GUERRA EM GAZA

Num jogo de palavras-cruzadas, começa-se pelas palavras mais fáceis e se deixa as mais difíceis para o final. Quando 80% das letras já estão preenchidas, a tendência se acelera cada vez mais no sentido de descobrir até mesmo as palavras que ficaram para o final. Assim foi com o conflito em Gaza. Com o tempo, Israel foi controlando territórios e desvendando a rede de túneis que se encontrava sob os mesmos. Conquistou centros de inteligência, documentos de vários tipos, interrogou diversos palestinos que se entregaram, e de alguns deles obteve importantes informações. Hoje, já não se ignora quais batalhões falta conquistar. Israel conhece a composição deles e dispõe da ficha de cada membro do Hamas. Também dispõe de uma boa estimativa sobre a rede de túneis, os recursos e os arsenais que encontrará pela frente. Do ponto de vista das informações, o conflito com o Hamas está se tornando um jogo de cartas abertas. Segundo o exército de Israel, a conclusão do mesmo de que originalmente iria demorar meses, a partir da entrada em Rafah, deve demorar semanas. Mas as dificuldades de uma guerra não se limitam a conhecer o inimigo. É preciso enfrentá-lo. E, principalmente, é indispensável administrar adequadamente o pós-guerra. Vejamos apenas os próximos passos. Em Rafah se localiza a maior concentração de civis palestinos (quase 1,5 milhão de pessoas). Como a estratégia dos terroristas é usá-los como escudos humanos, eles têm o seu maior escudo lá, uma concentração de pessoas por área superior a tudo o que foi visto anteriormente, inclusive no decorrer dessa guerra. Lá também se encontram os quatro batalhões remanescentes do Hamas. Trata-se do maior e mais aguerrido contingente militar da organização. E, como dessa vez não há para onde escaparem, mesmo considerando que uma parcela considerável se renda, espera-se um conflito militar de proporções enormes. Informações indicam que a maioria dos reféns tenha sido deslocada para lá, o que faz do desenrolar das próximas batalhas ainda mais dramático. Seja como for, será preciso muito bom senso e grandes milagres. Esperamos que seja esse o caso.

Jorge Alberto Nurkin

jorge.nurkin@gmail.com

São Paulo