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GCM maior e menos eficiente

SP tem mais guardas-civis, mas ações caem, num claro sinal de trabalho mal realizado

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Por Notas & Informações
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O contingente de guardas-civis municipais cresceu nos últimos anos na cidade de São Paulo, mas as ações executadas pela corporação diminuíram. É difícil entender esse fenômeno, no qual mais agentes entregaram menos serviços essenciais à população paulistana, mas é exatamente isso o que os números sobre a Guarda Civil Metropolitana (GCM) revelam em relação ao seu trabalho entre 2020 e 2023.

Justamente nesse período, em que a quantidade de agentes saltou de 5.955 para 7.106, os indicadores sobre a GCM da maior metrópole do País só registraram queda. Foram realizadas menos, e não mais, ações de apoio à fiscalização em área municipal, combate ao comércio irregular, patrulha em unidades escolares, proteção ambiental e apoio à Operação Redenção – iniciativa voltada à Cracolândia. O volume de multas aplicadas caiu.

Os dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) pelo colunista do Estadão Marcelo Godoy mostram que o paulistano está diante de um cenário, no mínimo, de incompetência ou ineficiência. Há algo de muito errado no atendimento das demandas da população, e os números da própria Prefeitura não foram capazes de levar a uma revisão da aplicação da força de trabalho da GCM. Ao contrário.

Essa “tropa” que só cresce parece ter se distanciado de suas responsabilidades constitucionais – tais como proteção de bens, serviços e instalações do Município. Talvez isso ajude a explicar o abandono da capital nos últimos anos.

Ademais, desde 2021, os guardas-civis passaram a portar fuzis, como se policiais militares fossem. Enquanto não prestam seus serviços de caráter preventivo a contento e invadem esferas do policiamento ostensivo, agentes da GCM – da banda podre, importante destacar – já se viram enredados em uma série de condutas condenáveis. São relatos de truculência contra a população em situação de rua e, no mais recente escândalo, suspeita de envolvimento em uma milícia que extorquia comerciantes na Cracolândia.

Nada disso, ao que tudo indica, freou o populismo em tempos de embate eleitoral, independentemente da coloração ideológica daqueles que se apresentam para comandar a cidade pelos próximos quatro anos. Recentemente, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tentará a reeleição e passou a adotar um discurso duro na área de segurança pública para se alinhar ao bolsonarismo, autorizou a nomeação de mais 500 agentes. Guilherme Boulos (PSOL), por sua vez, prometeu dobrar o contingente de guardas-civis. Definitivamente, a falta de agentes municipais não parece ser o problema de São Paulo.

O próximo prefeito poderá ajudar muito na área de segurança pública, a começar por colocar os guardas-civis para trabalhar bem, em ações de prevenção e na proteção do patrimônio municipal, por exemplo. Promessas de fortalecimento da GCM para combater o crime, como as de muitos candidatos, a depender do seu histórico no cumprimento das obrigações mais elementares, são inócuas. Se falha no básico, nada garante que terá êxito nessa missão, que, vale sempre lembrar, compete às polícias.

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