Um relatório do Fórum Econômico Mundial assinala que os países emergentes, apesar do vistoso desempenho econômico dos últimos anos, ainda estão muito atrasados no investimento em tecnologias da informação (TI), isto é, os sistemas de gerenciamento de dados e de comunicação. Trata-se de uma área crucial para que o desenvolvimento desses países, entre os quais o Brasil, mude de patamar, dando-lhes melhores condições de competir com os países ricos e de proporcionar bem-estar à população. O estudo do Fórum adverte que a demora na superação das deficiências comprometerá o potencial de expansão dos emergentes. No caso brasileiro, a situação é crítica, pois o abismo só será transposto, indica o relatório, se houver uma melhora urgente e significativa em educação, cuja péssima qualidade é um dos principais entraves ao crescimento nacional.Nesse ranking anual de conectividade, o Brasil subiu do 65.º para o 60.º lugar entre 144 países, abaixo de Rússia (54.º) e China (58.º) e acima de Índia (68.º) e África do Sul (70.º). Na América Latina, o Brasil é superado por Chile (34.º), Porto Rico (36.º), Barbados (39.º), Panamá (46.º), Uruguai (52.º) e Costa Rica (53.º). A classificação leva em conta fatores como a infraestrutura, o nível de preparo para o uso de TI, a qualidade e o custo do acesso aos sistemas e a facilidade para fazer negócios e promover inovação, além dos efeitos da TI sobre a economia e a sociedade. Tudo isso se resume no que o Fórum chama de "Índice de Prontidão de Conexão em Rede", isto é, a qualidade da conexão digital e da troca de informações. No caso brasileiro, a ligeira melhora no ranking se deu em razão de alguns avanços em infraestrutura e na capacidade de uso de banda larga, além da ampliação da rede de celulares. Mas a situação do País, afirma o relatório, não reflete a força de uma economia que está entre as dez maiores do mundo.O Fórum avalia que está "estagnado" o processo brasileiro de transformação do aumento da cobertura de internet e de telefonia móvel em ganhos econômicos, em inovação e em competitividade. Duas das causas dessa estagnação se destacam. A primeira é a conhecida fragilidade do ambiente de negócios, com seu pendor burocrático e sua complexa estrutura de custos. Nesse item do ranking, o País aparece em 126.º lugar. A segunda causa, mais grave, é a qualidade da educação, que coloca o Brasil em 116.º lugar. Para os autores do estudo, o sistema educacional "não parece adequado para providenciar os conhecimentos necessários para uma economia em rápida mutação e que necessita de um conjunto significativo de talentos". No ensino de matemática e ciências, essencial para formar os profissionais que atuarão com tecnologia da informação, o Brasil aparece num vergonhoso 132.º lugar.Outro problema importante é o custo do acesso. As altas tarifas de celular colocam o País na 130.ª posição. Além disso, nem metade da população usa a internet - e, dos que usam, apenas 8% dispõem de banda larga. Ao mesmo tempo que mostram um enorme potencial de crescimento, esses números revelam a persistente lentidão da expansão tecnológica nacional.O relatório do Fórum acentua que, com a atual hiperconectividade, que implica troca imediata de informações e acessibilidade digital constante, as relações econômicas e sociais estão mudando drasticamente, abrindo novas e promissoras formas de desenvolvimento e de geração de empregos. A entidade calcula que, só em 2011, a digitalização tenha gerado 6 milhões de empregos e jogado US$ 193 bilhões na economia mundial. No entanto, ainda há um enorme fosso a separar os países emergentes das nações ricas, e não basta baratear celulares para dar o salto tecnológico necessário para que o Brasil se equipare aos países avançados. É preciso, diz o relatório, "um ecossistema que estimule o empreendedorismo e fortaleça as condições para que haja inovação". Mas isso não acontecerá enquanto tivermos tantos entraves aos negócios e, principalmente, enquanto tivermos uma educação que rivaliza com a dos países mais pobres do mundo.