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Ociosidade limita a recuperação do investimento

Entre outubro e novembro de 2017, o Indicador Ipea Mensal de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, ou taxa de investimento) caiu 0,7% na série com ajuste sazonal

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Por Redação
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Entre outubro e novembro de 2017, o Indicador Ipea Mensal de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, ou taxa de investimento) caiu 0,7% na série com ajuste sazonal. É a primeira queda após cinco meses de alta. Mas isso não alterou a tendência de recuperação do investimento, que, embora firme, tem sido lenta, por causa da alta ociosidade nas companhias brasileiras. Com baixa utilização de seus equipamentos, as empresas adiam gastos, à espera de melhores condições financeiras.

São inúmeros os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que mostram a reação favorável da FBCF. O melhor exemplo está nos investimentos em máquinas e equipamentos, que vêm liderando a recuperação da FBCF. Esses investimentos cresceram 2,1% entre os trimestres junho/agosto e setembro/novembro de 2017 e 12,2% entre os trimestres setembro/novembro de 2016 e de 2017, além de avançar 3,5% em 12 meses.

A produção de máquinas e equipamentos líquida de exportações cresceu 9,3% entre os trimestres setembro/novembro de 2016 e de 2017 e 7,5% nos últimos 12 meses. O comportamento das importações de máquinas e equipamentos (que representam investimento) foi muito favorável em setembro, mas recuou em outubro e em novembro. A alta do dólar em relação ao real obrigou as empresas a adotar postura cautelosa antes de importar usando crédito externo.

Os investimentos na construção civil registraram aumentos de 0,3% em outubro e de 0,7% em novembro de 2017 comparados a iguais meses de 2016, mas ainda estão em nível baixo. Entre os trimestres setembro/novembro de 2016 e de 2017 houve queda de 1,5% e, em 12 meses, o recuo chegou a 5,7%. Dado o elevado peso da construção civil na taxa de investimento, a queda desse item foi a que mais influenciou negativamente a FBCF em 2017. É improvável que os dados do investimento de dezembro na construção civil, ainda não conhecidos, possam alterar muito os resultados anuais.

A recuperação da economia brasileira baseia-se mais em consumo e exportações. Só numa próxima etapa, com ritmo de atividade mais forte, a retomada dos investimentos deverá ganhar peso. Isso poderá ocorrer após as eleições de outubro, se estiver claro que o próximo governo não privilegiará políticas populistas.