Imagem ex-librisOpinião do Estadão

Os investimentos diretos depois da pandemia

Em janeiro, como consequência do ambiente de incertezas causado pela covid, os investimentos diretos somaram US$ 1,8 bilhão

Exclusivo para assinantes
Por Notas & Informações
2 min de leitura

Algumas contas do balanço de pagamentos do País mostram maior suscetibilidade ao impacto da pandemia e, por isso, têm oscilado mais que outras. A tendência de queda dos investimentos diretos no País (IDP) no resultado acumulado de 12 meses era notada desde 2019, mas a redução se acentuou a partir de junho do ano passado. O déficit na conta de viagens internacionais também mostra diminuição mais expressiva.

O IDP– conceito utilizado pelo Banco Central (BC) para registrar o fluxo de recursos destinados à participação no capital de empresas sediadas no Brasil e as operações financeiras internacionais entre matrizes e filiais, com uma delas operando no País – no acumulado de 12 meses chegou a praticamente US$ 80 bilhões em maio de 2019. Desde então, com poucas exceções, vem se reduzindo a cada mês. Em janeiro de 2021, ficou em US$ 33,35 bilhões, de acordo com as estatísticas do setor externo divulgadas pelo BC.

Para o mês, a projeção do BC é de investimentos diretos de US$ 6,5 bilhões. Foto: André Dusek/Estadão

Em janeiro, como consequência do ambiente de incertezas que marca a economia mundial – e a brasileira, em particular, em razão de dificuldades de diversas naturezas que turvam o cenário conjuntural do País –, o ingresso de IDP alcançou US$ 1,838 bilhão, bem menos do que o resultado de um ano antes, de US$ 2,654 bilhões.

Dados recentes mostram forte recuperação em fevereiro. Até o dia 19, registrava-se o ingresso de US$ 5,842 bilhões. Para o mês, a projeção do BC é de US$ 6,5 bilhões, valor bem mais próximo da média observada em anos anteriores. Para o ano, o BC estima IDP no total de US$ 60 bilhões, o que não será ruim e contribuirá para manter em situação confortável o balanço de pagamentos do País.

Outra conta que, até agora, tem ajudado a manter essa situação é a de viagens. Em janeiro, o saldo negativo dessa conta, tradicionalmente deficitária, foi de apenas US$ 39 milhões, ante US$ 764 milhões em janeiro de 2020. Nos 19 primeiros dias de fevereiro, o déficit soma US$ 34 milhões. Dólar mais caro, restrições a ingresso de estrangeiros em diversos países e a necessidade de evitar riscos de contágio pela covid-19 inibem as viagens.

Em janeiro, o déficit em transações correntes ficou em US$ 7,253 bilhões. O déficit acumulado de 12 meses ficou em US$ 9,405 bilhões, ou 0,65% do PIB, o menor porcentual desde fevereiro de 2008 (0,43%).