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Sinal amarelo no comércio exterior

As exportações de US$ 18,7 bilhões em setembro foram 11,6% inferiores às de setembro de 2018 pelo critério da média por dias úteis

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Por Redação
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Os indicadores do comércio exterior de setembro são fracos e seriam piores não fosse a exportação fictícia de uma plataforma de petróleo. Os números foram inferiores aos previstos pelas consultorias econômicas privadas e o superávit de US$ 2,3 bilhões é o menor para o mês de setembro desde 2014, o que se agrava ante a deterioração da economia global.

As exportações de US$ 18,7 bilhões em setembro foram 11,6% inferiores às de setembro de 2018 pelo critério da média por dias úteis. Pelo mesmo critério, entre os primeiros nove meses de 2018 e de 2019 a queda das vendas externas foi de 6%. Foram exportados US$ 177,1 bilhões nos primeiros oito meses de 2018 e US$ 167,4 bilhões em igual período de 2019. Também houve queda na comparação em 12 meses, o que mostra as dificuldades agravadas em 2019.

Não fosse a manutenção dos níveis de importação, a corrente de comércio (soma de exportações e de importações e principal medida do grau de abertura econômica) teria caído mais do que os 4,2% registrados, pelo critério de média por dia útil, entre os primeiros nove meses de 2018 e de 2019.

O saldo comercial em 12 meses ainda é positivo em US$ 50 bilhões, mas está em queda e o governo baixou as estimativas para este ano de US$ 56,7 bilhões, em julho, para US$ 41,8 bilhões, agora. O saldo esperado ainda ajuda as contas cambiais, mas indica que o Brasil precisará identificar novas políticas de exportação.

Entre setembro de 2018 e setembro de 2019, as exportações de produtos básicos, que lideram as vendas externas, caíram 14,5% e as vendas de semimanufaturados diminuíram 32,1%. Recuaram mais as vendas de petróleo em bruto, café em grãos, soja em farelo e grãos, carne bovina e carne de frango. O Brasil depende das cotações globais de commodities.

Entre os principais mercados de produtos brasileiros, a maior queda ocorreu no comércio com os Estados Unidos, cujas importações do Brasil caíram 31,4% entre setembro de 2018 e setembro de 2019, por causa da queda das vendas de semimanufaturados de ferro e aço, petróleo bruto e partes de motores e turbinas para aviação. A Organização Mundial do Comércio (OMC) reduziu de 2,6% para 1,2% a estimativa de crescimento do comércio exterior neste ano.

Os números ajudam a explicar as pressões sobre o câmbio e a desvalorização do real.