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Com a morte do dono do Ponto Chic, bauru perde um de seus guardiões

Empresário morreu no último domingo (28), aos 71 anos por complicações no enfrentamento da covid-19

José Carlos Alves de Souza, sócio-diretor do restaurante Ponto Chic, morto nesta quarta-feira, aos 71 anos. Foto: Divulgação/Ponto ChicFoto: Divulgação/Ponto Chic

Quando o Ponto Chic abriu as portas no Largo do Paissandu, em plena Semana de Arte Moderna, José Carlos Alves de Souza não era nem nascido. O futuro proprietário do bar só veio ao mundo na década de 1950 e, por isso mesmo, também não presenciou a criação do bauru, sanduíche octogenário que alçou a casa à fama. Mesmo assim, José Carlos, à frente da casa desde 1978 - junto de seu pai Antônio e, depois, de seu filho Rodrigo --, fez questão de manter viva a história do bar, a começar pela fachada centenária mantida tal e qual a inauguração. No último domingo (28), o empresário morreu aos 71 anos, vítima da covid-19.

José Carlos Alves de Souza, sócio-diretor do restaurante Ponto Chic, morto nesta quarta-feira, aos 71 anos Foto: Divulgação/Ponto Chic

“Meu pai era um apaixonado pela história de São Paulo contada sob a ótica do Ponto Chic, seja pelos retratos antigos espalhados pelas paredes do bar, seja pelas histórias dos frequentadores, pela receita do bauru”, conta Rodrigo. A paixão, inclusive, rendeu a publicação do livro Ponto Chic - Um Bar na História de São Paulo, do qual José Carlos participou ativamente das pesquisas. “É a melhor cidade do mundo. Ou, ao menos, a mais querida para mim”, registrou o empresário na orelha do livro escrito por Angelo Iacocca.

+ Morre aos 71 anos José Carlos Alves de Souza, dono do Ponto Chic, por covid-19

A receita do bauru, que ainda hoje é a estrela do cardápio do bar, também é a mesma de 1937 - e, não, não se trata da simplória combinação de presunto, queijo e tomate, como se encontra por aí. A versão original, criada a partir da fome de um habitué de codinome Bauru, leva fatias finas de rosbife, tomate em rodelas e queijos fundidos (quatro, no total, prato, estepe, gouda e suíço), no recheio do pão de francês sem o miolo. “Meu pai experimentava a mistura de queijos todo dia, para ver se a proporção dos ingredientes estava correta e se haviam derretido corretamente”, relembra Rodrigo. Com o tempo, foi concedido aos clientes o direito de escolher o tipo de pão. Além do francês, há pão sírio, de forma e pão preto - licença poética.

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Bauru do Ponto Chic Foto: Ponto Chic

“Não havia um dia sequer que ele não passasse pelas lojas. Os gerentes mal tinham tempo de abrir a porta e logo recebiam a tradicional ligação de bom dia. Ele sempre foi muito apegado à equipe, grande parte dos funcionários trabalha com a gente há 30, 40 anos. Com os clientes ele era mais discreto, quase não aparecia”, conta Rodrigo. 

Dono da receita de um dos sanduíches mais emblemáticos da cidade - ele disputa o pódio com o de mortadela do Mercadão -, o Ponto Chic cresceu sob a batuta da família Alves de Souza e, hoje, conta com mais três unidades em São Paulo, além da matriz. Elas ficam no bairro do Paraíso, em Perdizes e no Brooklin. Além das casas, José Carlos deixa quatro filhos (incluindo a nora e o genro, que eram considerados como tal) e quatro netos.

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