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Mulheres brilham na lista do Latin America's 50 Best Restaurants

Latin America's 50 Best Restaurants: chefs brasileiras e latino-americanas ganham cada vez mais destaque na cena da alta gastronomia mundial

O mundo da alta gastronomia ainda é, majoritariamente, liderado por homens. Não à toa, ainda existem distinções específicas para elas em premiações como o The 50 Best Restaurants, seja na esfera global, seja em versões como a da América Latina. Na cerimônia realizada no Copacabana Palace na noite desta terça-feira (28), aliás, a brasileira Janaína Rueda, d'A Casa do Porco, recebeu o título das mãos de Elena Reygadas (Rosetta, México). Merecidíssimo para as duas, por sinal.

Chefs brasileiras são destaque no Latin America's 50 Best Restaurants. 

De certa forma, o reconhecimento ao trabalho das chefs busca fortalecer o papel feminino no universo gastronômico do chamado fine dining, que, aqui entre nós, na América Latina, cada vez tem mais mulheres incríveis na cena.

Então, vamos a elas! Comecemos com as brasileiras. Janaína Rueda, além de ser reconhecida como a melhor chef da América Latina, ainda viu A Casa do Porco, onde trabalha ao lado de Jefferson Rueda, alcançar o quarto lugar no ranking.

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Outro destaque da noite foi a curitibana Manu Buffara. O seu Manu foi reconhecido com uma prêmio de sustentabilidade e ficou em 35º na lista dos melhores restaurantes da América Latina. Há uma semana, no The Best Chef Awards, ela ficou em 19º no ranking que premia os chefs que se destacam no mundo. E, de quebra, foi uma das convidadas para o Area Talks, onde falou sobre a origem e o futuro da gastronomia.

Quem também fez bonito foi Luana Sabino, que, ao lado de Eduardo Nava Ortiz, comanda o paulistano Metzi, que une culinária mexicana com ingredientes tradicionais brasileiros. O restaurante ficou em 18º no ranking.

A chef Tássia Magalhães, cada vez mais presente na cena gastronômica mundial, viu o seu Nelita, com influência italiana e francesa, abocanhar o 21º posto na lista dos melhores restaurantes da América Latina.

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Helena Rizzo, uma das precursoras do sucesso feminino brasileiro na esfera mundial com o Maní, celebrou a 34ª colocação no ranking em um momento extremamente delicado. Há alguns dias, Daniel Redondo, seu ex-marido e sócio, faleceu um um acidente de carro. O chef recebeu, inclusive, uma homenagem que comoveu a plateia.

Helena Rizzo ao lado do chef Willem Vendeven. 

Por fim, e não menos importante, destaque para Lisiane Arouca, que ao lado de Fabrício Lemos comanda o Origem, que ganha cada vez mais destaque no cenário mundial com a promoção de ingredientes de todos os biomas da Bahia. Sim, é o Nordeste sendo representando no fine dining mundial! A casa soteropolitana ficou em 76º no Latin America's 50 Best Restaurants e a dupla de chefs fez história ao conquistar o 74º lugar no The Best Chef Awards, anunciado há uma semana em Yucatán, México. Aliás, a Viagem Gastronômica estava por lá.

América Latina

O protagonismo das brasileiras reforça a força das latino-americanas no cenário mundial da gastronomia. No ano passado, a cerimônia do Michelin Guide Espanha-Portugal me despertou um certo incômodo ao ter, no palco dos destacados, apenas uma mulher: Elena Arzak, do restaurante Arzak, de Donostia.

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E aqui, que fique claro, não estamos debatendo critérios de avaliação da boa comida. O que é importante discutir são as reais oportunidades que as mulheres têm para chegar ao topo no extenuante mundo da alta gastronomia, enquanto administram as cobranças sociais imputadas às mulheres, como, por exemplo, a maternidade.

Posto isso, o que chamou a atenção na cerimônia dos melhores restaurantes da América Latina foi perceber que a região tem cada vez mais restaurantes comandados por mulheres destacados no ranking.

Uma delas é Leonor Espinosa, que ao lado da filha e sommelier Laura Hernández, comanda o Leo, que dá total protagonismo ao território e ingredientes colombianos, com raízes indígenas. Com um percurso a caminho dos 20 anos, ela reforça o papel das chefs nas questões de sustentabilidade. "As mulheres latinas sempre tiveram protagonismo na cozinha. Parece mentira que em um continente machista haja uma representação tão boa das mulheres na cozinha. E há novas gerações que seguem fazendo um belo trabalho", diz.

Para Janaína Rueda, o sucesso das chefs latinas tem relação direta da opressão dos processos colonizadores. "Quando se abre um espaço, vamos com tudo. A gente vai desbravando caminhos para se livrar das amarras da colonização e aproveitamos para celebrar a cozinha ancestral, com toda sua veia feminina", acredita.

A chef Manu Buffara reforça a conexão da mulher com a terra e como o alimento que provém dela como decisiva para o sucesso das chefs latino-americanas. "A gente vem dessa conexão. São países de imigração, com heranças indígenas e ancestrais muito fortes, com a mulher sempre presente na cozinha", diz.

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Sobre os reconhecimentos, incluindo os prêmios que destacam as mulheres, ela acredita que é um processo de fortalecimento crescente da presença feminina na alta gastronomia. Mãe de duas meninas, Manu reforça o exemplo a ser deixado para quem quer desbravar o mundo da gastronomia.

"A gente prova que é possível ser mãe, ser esposa, ser mulher, se arrumar, se maquiar, cozinhar e administrar um restaurante. Isso tudo faz parte do empoderamento feminino", reforça.

Na lista das latino-americanas que estão fazendo história na gastronomia, não poderíamos deixar de citar a peruana Pia León, cujo restaurante Kjolle ficou em 7º lugar no ranking. Ela também está no projeto do Central ao lado do marido Virgílio Martinez, que foi eleito o melhor restaurante do The Best Chef Awards em Valencia, no mês de junho.

Outra Pía, a Salazar, também se destaca na lista com o Nuema, que comanda ao lado de Alejandro Chamorro, que ficou em 11º na lista. Ela também levou o prêmio de melhor chefe de confeitaria.

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Para sugestões de pauta, o e-mail é contato@viagemgastronomica.com.

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