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A militante que estreou aos 61 anos

Dona Helena resolveu ir às ruas em 77

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Por Redação
Atualização:

Em meados de 1977, manifestantes que participavam de um ato contra a prisão de estudantes que tentavam realizar em Belo Horizonte o 3º Encontro Nacional da UNE se surpreenderam quando uma senhora de 61 anos tomou o microfone para repudiar a "feroz" repressão do regime militar. A dona de casa Helena Greco condenou a própria geração, que, na sua avaliação, nada fez para impedir a instalação de uma ditadura no Brasil. Dona Helena Greco, como ficaria conhecida mais tarde, estreava na militância política. Em pouco tempo, a mulher que deixou sua residência, em frente ao 12º Batalhão de Infantaria, para engrossar o protesto na Faculdade de Medicina da UFMG, se tornaria, ao lado de Terezinha Zerbini, em São Paulo, uma das principais "damas" da luta pela anistia no País. Dois anos antes, Terezinha, mulher do general cassado Euryales de Jesus Zerbini, lançara o Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), que se espalhou por vários Estados e contribuiu decisivamente para a promulgação da Lei nº 6.683, de 28 de agosto de 1979. Em Minas, ela já havia se reunido com um núcleo de mulheres, que se impressionaram com Dona Helena e a convidaram para o movimento. Dias depois, Helena foi eleita presidente da seção regional do MFPA. Ela não tinha nenhum parente preso, assassinado ou desaparecido, mas se pautava pela concepção humanista e se dizia socialista. VANGUARDA Dona Helena, que chegaria a presidir o Comitê Brasileiro de Anistia em Minas, está com 93 anos e ainda vive na mesma casa em Belo Horizonte. Ajudou a fundar o PT e foi vereadora por nove anos (1983 a 1992). Para sua filha, Heloísa Greco, que também participou do MFPA, ela e Terezinha protagonizaram uma época em que as mulheres tiveram papel de vanguarda. "Desde 1970 as mães, irmãs, companheiras, filhas de presos políticos e mortos e desaparecidos já estavam acumulando forças para isso. O que tinha característica familiar deu um salto de qualidade para a questão política."

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