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Alckmin: ‘Impeachment de Dilma foi injusto e não há pedalada maior que a atual’

Em sabatina realizada por FOlha e UOL, ex-governador negou que esteja como vice de Lula em estratégia para eventual candidatura à Presidência em 2026

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Foto do author Isadora Duarte
Por Isadora Duarte (Broadcast)

Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador de São Paulo e atual candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi “injusto”, mas refutou a classificação do processo como “golpe”. “Você não pode dizer que foi golpe porque quem presidiu (o processo) foi o Supremo Tribunal Federal (STF). Acho que foi injusto porque na realidade Dilma é uma pessoa honesta e correta”, afirmou Alckmin nesta quinta-feira, 29, em sabatina realizada pela Folha e por UOL. Ele acrescentou que sempre gostou da ex-presidente - e que sempre tiveram bom relacionamento.

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Alckmin disse que desde o início não viu com “bons olhos” o impeachment de Dilma. “Nunca fui favorável ao impeachment, embora tenha votado pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Quando começou impeachment de Dilma, não vi com bons olhos e tive várias conversas com direção partidária e também houve dúvida jurídica sobre pedalada fiscal”, afirmou. Ele disse que não há maior pedalada que a atual com déficit primário de 10% do PIB, não pagamento da dívida e gastos acima da arrecadação. “Devemos ter cautela com impeachment e talvez aperfeiçoar a legislação. Sou favorável ao instrumento, mas devemos aperfeiçoá-lo a fim do governo ter governabilidade”, apontou.

Questionado se está como vice de Lula em uma estratégia para eventual candidatura à Presidência em 2026, Alckmin negou a hipótese. “Meu objetivo é ajudar o Brasil. Se eu conseguir ajudar, já cumpri minha tarefa.”

Lula e Alckmin participam de evento em maio Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo - 3.mai.2022

Aliança com ex-rival

Alckmin afirmou também que sua participação na chapa petista se trata de uma aliança por um projeto. Questionado sobre a rivalidade histórica com Lula e PT, Alckmin destacou que não se filiou ao Partido dos Trabalhadores e sim ao PSB.

“Sempre procurei trilhar o caminho mais difícil, mas aquele que entendi que era o mais correto. Estamos vivendo um outro momento. Há risco para democracia. É uma aliança em torno de uma proposta, de um programa. Há 10 partidos na frente porque o Brasil precisa dar novo passo.”

Sobre os casos de corrupção do Partido dos Trabalhadores e a operação Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Alckmin afirmou que o ex-presidente foi absolvido na 2ª Vara do Distrito Federal e que houve anulação do julgamento pelo Supremo “Não podemos criminalizar a política e não se partidarizar o sistema jurídico. Acho que (a prisão de) foi feita para tirar o ex-presidente Lula da eleição de 2018, o que se comprovou depois que vimos que não havia competência para o processo estar em Curitiba e houve parcialidade. Ele foi injustiçado”, afirmou. “Não achei correto (Sérgio) Moro, tendo sido juiz da causa que Lula foi tirado da eleição, aceitar ser ministro de quem ganhou”, observou.

Ele defendeu que em cenários de reconciliação, citando o caso da Alemanha, há avanço maior para o País. “Já estivemos juntos com Lula em outros momentos, como na constituinte. Ontem (quarta, 28), grande parte do PSDB estava lá declarando apoio. É um momento que estamos vivendo que é preciso haver entendimento e ter um grande programa para recuperar o País”, afirmou.

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Sobre nomes históricos do PSDB apoiarem a candidatura de Lula já no primeiro turno, mesmo tendo chapa própria, e eventual adesão à chapa petista no segundo turno, Alckmin afirmou que “não pode falar” pelo PSDB.

“Há mais afinidade do PSDB com presidente Lula que com Bolsonaro. Primeiro, vamos aguardar para ver se terá segundo turno. É legítimo que Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) trabalharem até o último minuto para ir para segundo turno. Se formos para segundo turno, vamos buscar eleitores de todos que não foram para segundo turno”, apontou, acrescentando que a rejeição dos candidatos tem maior peso na segunda etapa da disputa.

Então governador de São Paulo, Alckmin vota em urna eletrônica Foto: NIlton Fukuda/Estadão

Questionar urnas é “ridículo”

O ex-governador criticou os questionamentos do presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto à segurança das urnas eletrônicas. “Essa contestação é ridícula, porque Bolsonaro foi eleito cinco vezes pela urna eletrônica. Agora, ela não funciona mais? Na última eleição, ele foi eleito presidente da República e os dois filhos (parlamentares). Não tem sentido. É uma agenda equivocada.”

Questionado se o presidente Bolsonaro estaria preparando um tumulto semelhante ao que ocorreu no Capitólio após a derrota do ex-presidente Donald Trump nos Estados Unidos, Alckmin disse que “pode ser”.

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“É também diversionista. Em vez de discutir como recuperar economia, como melhorar saúde, de tratar dos problemas reais do País, como fome, desemprego, fica nesse diversionismo. Não é uma agenda do povo. É o estilo autoritário.”

Voto útil

Alckmin refutou as críticas de outros presidenciáveis sobre o pedido de voto útil pela chapa petista. “Ninguém pede voto útil. Todo mundo pede voto. Todo candidato quer ganhar no primeiro turno. Não é uma campanha pelo voto útil. É uma campanha pelo voto”, disse ele na sabatina.

O ex-governador defendeu, contudo, a resolução do pleito no primeiro turno. “É melhor para o Brasil porque sai dessa confusão, dessas brigas. De repente, pode até ter morte, ter acidente, ter tragédia. É melhor para o povo porque dá mais tempo de organizar e para a economia porque dá mais tempo de se estruturar.”

Instituições

Na sabatina, Alckmin também criticou os questionamentos sobre o Judiciário. “Estamos vivendo em anormalidade e de contestação do Judiciário. É um erro se trabalhar contra as instituições e outros Poderes. Precisamos fortalecê-las, aperfeiçoá-las. É uma coisa autoritária”, disse.

O ex-governador afirmou que não espera que cenário de suspeição às instituições no Brasil. “Quando você levanta suspeição sem fatos não é adequado. É uma propagação de fake news”, pontuou, acrescentando que devemos respeitar as conquistas como a criação de uma Justiça Eleitoral.

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