PUBLICIDADE

Análise: Experiência em negociações pesou a favor na escolha do novo ministro da Defesa

O general Fernando Azevedo e Silva foi anunciado para o cargo nesta terça-feira

PUBLICIDADE

Por
Atualização:

O general é durão. Mas é também bom de negociação – resultado de uma longa experiência em funções politicamente sensíveis, a contar da passagem de quase três anos, entre 1990 e 1993, na Casa Militar do Palácio do Planalto, até a chefia mais recente, a do Estado Maior do Exército. Saiu em setembro, defendendo a “conciliação nacional” e criticando “atitudes revanchistas baseadas no ódio”. Logo em seguida, assumiu a assessoria do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli.

Fernando Azevedo e Silva, ministroda Defesa Foto: Dida Sampaio/Estadão

PUBLICIDADE

Entretanto, o novo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, é um homem da tropa, ex-comandante da Brigada de Infantaria Paraquedista, com todas as especializações críticas da unidade, a elite combatente da Força. A indicação para o cargo começou há pouco menos de duas semanas, na reunião do presidente eleito, Jair Bolsonaro, com o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, que sugeriu a escolha de um civil para a função. Não citou nomes. Bolsonaro insistiu em sua decisão de nomear um militar. O general teria então apontado Azevedo e Silva. Desde a véspera circulava em Brasília a informação de que “o novo MD” poderia ser um almirante, possivelmente Eduardo Bacellar Leal Ferreira, o Comandante da Marinha.

A favor do general, transferido para a reserva há apenas dois meses, contribuía a simpatia do grupo Aman 77, formado no Whatsapp por quatro generais de quatro estrelas, o topo da carreira. São todos da ativa, formados há 40 anos, colegas de de Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN): Edson Leal Pujol, Paulo Humberto de Oliveira, Mauro Cesar Cid e Carlos Alberto Barcellos mantiveram discreto entusiasmo de apoiadores ao longo da campanha. Embora declarado aspirante de infantaria um ano antes, em 1976, o próprio Azevedo organizou, para o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, ao menos um almoço destinado a permitir que o amigo candidato apresentasse as linhas prioritárias do programa de governo. Segundo um dos oficiais presentes ao encontro, a turma gostou. “Mourão deixou do lado de fora o estilo batedor. Foi objetivo. Parecia uma reunião de preparo de missão.”

Aos 64 anos, casado e pai de dois filhos, Fernando Azevedo, o "Águia Uno 27" da Brigada de Paraquedistas, tem reputação de adotar a política da tolerância zero em relação à quebra da hierarquia e das regras disciplinares. “Ele gosta das virtudes militares – e não tem paciência nenhuma os folgados”, explica um ex-assistente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.