PUBLICIDADE

Análise: Witzel pode rachar a centro-direita

Governador do Rio não esconde que pretende se candidatar às próximas eleições

Por João Domingos
Atualização:

O rompimento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, com o PSL do presidente Jair Bolsonaro, e do PSL de Bolsonaro com Witzel, não deve ser encarado apenas como um desses afastamentos corriqueiros que ocorrem na política, a todo instante.

No dia 16 de setembro, oPSLanunciouo desembarque da base do governo de Wilson Witzel (PSC) Foto: Wilton Junior / Estadão

PUBLICIDADE

Witzel atua no mesmo campo político de Bolsonaro e no mesmo Estado do presidente da República. Tem influência sobre uma ala dos evangélicos, hoje majoritariamente com Bolsonaro, além de aparecer para o eleitor como linha dura no combate ao crime, talvez até mais do que o presidente.

O governador do Rio não esconde que pretende se candidatar às próximas eleições. Bolsonaro diz que vai disputar a reeleição. Os dois, provavelmente, vão brigar pelo mesmo eleitorado.

Em outras palavras, o campo político da direita e centro-direita pode estar rachando. E olha que, à semelhança da centro-esquerda, nunca foi unido. A unidade em torno de Bolsonaro ocorreu por circunstâncias especiais na eleição passada, visto que o atual presidente conseguiu encarnar o anti-PT.

Se Witzel apresentar resultados no combate ao crime, mesmo com toda a truculência que ele defende, e se conseguir atrair parte do eleitorado evangélico do País, ele pode se tornar um contraponto a Bolsonaro num mesmo campo político. Principalmente se a economia não deslanchar no atual governo.

Agora, se as medidas que forem tomadas na economia derem certo e o emprego voltar a crescer, a vantagem ainda continuará com Bolsonaro.

Quem poderá se beneficiar da intenção de Witzel de concorrer à Presidência é o centro. Mas este precisa se articular. A centro-esquerda, que poderia aproveitar o racha na centro-direita, está perdida, vendo o PT insistir na bandeira do “Lula livre”, que dificilmente terá apelo eleitoral.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.